Capítulo 03

226 24 66
                                    

Nos vários filmes de velho oeste que Dean obrigou Castiel a assistir, as delegacias eram rebuscadas de um chame imponente, algo entre o perigo e a segurança, e o xerife sempre era um cara forte e corajoso, pronto para dar a vida em nome da lei. A realidade, de certo, não era tão bondosa.

A delegacia era pequena e sem graça, com no máximo dez policiais de apoio. Os quais provavelmente perdiam seu tempo com rondas inúteis e prendiam, nos piores casos, ladrões de mercado. Metade da equipe estava do lado de fora, jogando baralho no capô de uma viatura, mal dando atenção para o Impala que acabava de parar do outro lado da rua.

– Vamos.

Castiel alisou o terno ao sair do veículo, o olhar rápido de Dean lhe garantiu que estava tudo em ordem. Afinal, foi ele quem enfiou os dedos no cabelo de Castiel na porta do hotel e os penteou, ele que apertou o nó da gravata e enfiou o distintivo no bolso do paletó.

Sam cumprimentou os policiais ao atravessar a rua, apenas dois tiraram os olhos do jogo para responder. Não pareciam minimamente preocupados em resolver um homicídio.

Na recepção um rapaz franzino mexia seu café, enquanto lia a tela do computador amarelado de forma preguiçosa. Apenas metade das luzes estavam acesas, corroborando com a ideia de abandono que toda a construção transmitia.

– Bom dia, agente Laurent, Graham e Lecter – Sam os apresenta, sinalizando os nomeados com um toque de cabeça. Os irmãos expõem os distintivos e o anjo os imita, repetindo o sobrenome Lecter em pensamento – FBI. Queremos informações sobre o homicídio de Edward Griffin.

– Bom dia – o rapaz boceja, pouco interessado, deixando a tela para vasculhar uma gaveta – Qual o interesse do FBI em um tipo como Griffin? Os psicopatas saíram de férias, Sr. Graham?

Um sorriso forçado atravessa os lábios de Dean.

– Acreditamos que ele possa estar relacionado com um caso.

– O que quer dizer com um tipo como Griffin? – Sam questiona, de sobrancelhas torcidas.

– Um bêbado agressivo – encerrando sua busca, o jovem estende uma chave numerada – É engraçado, até uns meses atrás ele era... suportável. Não era um pilar da comunidade, mas nunca deu trabalho. Então, ele viajou e retornou valente. Arrumou briga com os vizinhos, destruiu patrimônio público e agrediu a mulher e o filho. Vai entender. Não seria surpresa se a própria família o tivesse matado.

– Vocês estão investigando a familía?

– Alguém está – o homem encerra sua resposta, mas os demais ainda esperam por uma continuidade. Ao perceber que o atendente nada mais pretendia dizer, Sam escolhe balançar a chave em mãos – 5. Sala 5. Reto, à direita. Vão encontrar a ficha policial e as evidências na primeira estante.

– Obrigado – a palavra saiu de Sam, por força do hábito.

Ainda sem jeito, os caçadores se dispersam nos corredores. Ninguém jamais os deixara ao léu numa delegacia.

– O que pensa? – Dean pergunta, na porta da sala 5 – Demônio?

– Talvez. Onde acha que guardam os corpos?

– Não sei, mas a delegacia é pequena e eles com certeza não se importam se procurarmos. Cas, encontre.

+++

O corpo inerte encarava Castiel de volta, apesar da ausência de olhos. O poder do anjo ainda vibrava entre as moléculas, assim como a essência demoníaca. Griffin foi possuído e sua libertação lhe custou a vida.

Em suas asas | DestielOnde histórias criam vida. Descubra agora