Capítulo 15

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Após sair deixar Castiel sozinho com Kurt, uma desolação descabida afoga Dean. Enquanto anda, ele pensa nas Mil e Uma Noites e na conversa que teve com o anjo na varanda de um hotel, no que parecem ser meses atrás. Em como lhe disse que às vezes o que a pessoa tem a nos oferecer é centelha necessária para perceber que apesar de querer a história, precisamos da pessoa.

Nestes dias, precisou da gentileza que Cas lhe oferecia. Noite após noite, fez do anjo cativo, pois era o único que afastava seus terríveis pesadelos. Como em seu livro, Cas lhe contou histórias e Dean adormeceu sobre o som de sua voz. Muito além, ele preparou infusões para o sono e lhe fez cafuné até adormecer. Passou a noite anterior imóvel, como no sofá do bunker quando juntos assistiram um bom filme, apenas para garantir o conforto de Dean, que nele encontrou um lugar seguro.

Cas ofereceu o seu carinho, sua força, e, por várias vezes, o segurou quando prestes a quebrar; Cas ofereceu suas questões confusas e humor angelical para tirar-lhe um sorriso; Cas ofereceu proteção, acolhendo cada birra, teimosia e carência, sem nunca lhe pedir mais.

Cas lhe ofereceu muito. E, agora, mediante sua possível partida, podia lhe oferecer nada, que Dean ainda o desejaria. Porque precisava dele e, mais do que nunca, precisava que Amenadiel fosse um mentiroso.

– Kurt ficará bem, não é? – William anda de um lado a outro no largo e abandonado escritório de seu pai, há algumas portas do seu quarto.

– Castiel é o anjo mais confiável de todo o céu – Sam fala, sem a menor pretensão de explicar ao adolescente de que isto é um problema para o mundo, mas uma benção para Kurt.

– Digo, a longo prazo. Sabe, tem prazo ou a possibilidade dos ferimentos voltarem?

– Depois que Castiel cura alguém, é como se o corpo nunca houvesse sido ferido. Eu e Dean somos bons exemplos, já perdi as contas de quanto ele nos ajudou.

– Tenho que agradecê-lo. Devo rezar uma missa? O terço? Cem ave marias?

Sam ri, aliviado.

– Ele costuma ficar satisfeito com um obrigado.

– Certo. Certo. Peço desculpas pelas perguntas. Estou grato por estarem aqui. Estou muito grato por ter um anjo em minha casa. Tem um anjo em minha casa – repete, respira e segue – Pensei verdadeiramente que ia perder Kurt diante dos meus olhos. Ele estava sangrando tanto e eu travei. Só conseguia chorar e pedir ajuda. Se não fosse Castiel teria o perdido sem nunca dizer que o amo. Imagine, que final terrivel.

– Então, gosta dele? – há uma notória esperança no tom de Sam.

O rapaz para, aparentemente chocado pelo que acabara de admitir entre suas frases rápidas. Rendido, ele deixa os ombros caírem.

– Vocês falaram sobre uma maldição que demanda uma confissão. Bom, vou contribuir dando a minha a Kurt, por que é, estou apaixonado. Estou apaixonado a tanto tempo, que nem sei dizer quando começou.

– Isto é ótimo.

– É terrível. Por que ele não sente o mesmo. É óbvio que não. Kurt é um cara independente. É a pessoa que você chama quando tem um problema. Ele é tão corajoso. Não tem medo de se impor.. Consegue trabalhar, cuidar da sua mãe, dar atenção aos seus hobbies e em meio a tudo ainda arruma tempo para nossa amizade.

'' Estou atrapalhado com a minha vida, incerto com minhas futuras decisões, tenho problemas com meus pais, nem sequer uso meias de pares distintos. Kurt carrega um peso enorme e eu não sou o suficiente para ajudá-lo, ele precisa de alguém que faça por ele e não que lhe dê mais problemas.''

O desabafo recai caótico sobre os ombros de Sam. Para Dean, o acerto é mais preciso, pois a completa incapacidade de William de apreciar as próprias qualidades, junto de seu ego costumeiramente inflado, o lembra de um anjo rebelde, de língua teimosa que, apesar da aura angelical, esconde um amontado de inseguranças.

Em suas asas | DestielOnde histórias criam vida. Descubra agora