Capítulo 11

156 22 192
                                    

Castiel não aceitou o sobretudo.

Castiel não aceitou o maldito sobretudo, pois considerou adequado utilizar o colete tricotado para compor o papel de terapeuta. Apesar de o plano obrigá-lo a se ocultar dos humanos.

Enquanto o sobretudo continuava no quarto, os três estavam na escola da cidade, prontos para realizar o plano mais idiota e infantil de suas carreiras. Dean e Sam se apresentaram ao diretor como agentes do conselho tutelar e requisitaram uma fração de documentos que jamais leriam. Sob o pretexto de realizar uma pequena inspeção, buscaram os rapazes e os guiaram até uma área sabidamente menos utilizada.

Na noite anterior, Sam descobriu entre suas pesquisas que o edifício estava em reforma, estando algumas áreas restringidas para uso. As salas mais próximas dos defeitos também não estavam sendo utilizadas, bem como os banheiros, servindo como uma luva para seus planos.

Com as fichas dos rapazes, Sam traçou seus perfis e comparando-os chegou a conclusão de que seria mais fácil levar William a confessar. Kurt não era dado a palavras, mas a ações. Então, com a pressão certa, o Winchester esperava que Kurt acolhesse William em um momento de nervosismo e, esse, fosse levado a falar o que sentia.

Tudo dependia do momento certo. Um momento em que suas inseguranças soassem insignificantes.

Convencido de que o mais jovem dos rapazes era mais fácil, Dean escolheu falar com o William a sós. Deixando Sam com o sarcasmo malfeito de Kurt.

Na saleta vazia, que não aparenta pertencer a nenhuma matéria em especial, Dean sentou sobre a mesa do professor e observou o jovem andar pela sala, sob a luz das imensas janelas.

– Eu entreguei todos os documentos ontem, não há necessidade de vir aqui – diz, Willian, mais apavorado que irritado.

– Bom, temos que confirmar. Não é um bom trabalho se acreditarmos em qualquer coisa.

– Não é um bom trabalho se o diretor entrar em contato com meus pais.

– Eles não sabem? – questiona de olhos cerrados. O rapaz de sapatos de couro, suéter azul e cabelo partido não aparenta ser do tipo que mente, não mais que a maioria dos adolescentes.

– É... Sim, porém... Não vão gostar de saber que a situação está sendo passada para a escola.

– Está mentindo.

– Claro que não.

– Não nasci ontem, garoto. Por que não contou pros seus pais?

Willian finalmente para, encostando-se na lateral de uma mesa na segunda fileira. Ele suspira, perdendo a postura impecável. Permitindo que os cabelos quase longos dancem em seu rosto fino.

– Porque são super protetores. Porque tudo é sobre carreira e faculdade. Porque teriam um infarto só de imaginar que não sou exemplar. Se imaginarem que estou envolvido em problemas dessa magnitude vão tentar controlar cada segundo da minha vida, ou melhor, vão designar alguém para controlar, já que nunca estão em casa. Eles não sabem de Kurt, nem se quer sabem que sou gay, acha mesmo que iram saber sobre a... a... carambola do conselho tutelar?

O homem absorve a histeria juvenil e descobre que fez a escolha mais difícil. Era mais fácil lidar com algumas gracinhas, do que com tudo isso. No entanto, já não há retorno e o que pode fazer é pensar no que Sam diria.

– Não há hipótese de conversa?

– Por favor, você deve entender como é difícil sair do armário. E se não posso falar sobre isso, como vou falar sobre qualquer outra coisa?

Em suas asas | DestielOnde histórias criam vida. Descubra agora