Prólogo

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Meus passos rapidamente se tornam maiores e mais rápidos até que começo a correr. Ouvir uma conversa real não era o meu objetivo ao sair correndo assim que fui descoberta atrás do sofá. No entanto, devo reiterar, minha intenção não era escutar aquilo.

Agora carrego um segredo real e sei que para quem detém conhecimento tão sigiloso, há apenas uma saída... a guilhotina. Meu coração parece querer saltar pela boca e meu estômago dá um giro de 360 graus. Serei decapitada.

Respiro fundo ao sentir o ar gélido de Angelis bater contra meu corpo. Caminho em direção aos portões de ferro, enquanto minha mente busca desesperadamente por uma forma de escapar. Talvez eu possa rumar para o interior do país, abandonar a capital e desaparecer para sempre. Pode funcionar.

Os portões do castelo estavam logo à frente, e eu parei para recuperar o fôlego. Foi quando ouvi uma voz masculina na escuridão, o que me fez gelar por completo.

— Francesca? — A voz era suave, familiar.

Uma figura saiu de trás dos arbustos, e eu soltei um suspiro de alívio ao reconhecer Lorenzo. Pelo menos ele não me entregaria. No entanto, ele parecia envergonhado, como se soubesse que me devia uma explicação.

— Francesca, eu... preciso pedir desculpas por ter sumido — começou ele, mas eu levantei a mão, interrompendo-o.

— Não agora, Lorenzo. Há coisas mais importantes — respondi, a urgência em minha voz clara.

Contei tudo o que havia ouvido no salão das mulheres, sem parar para respirar. Ele me ouviu em silêncio, seus olhos se arregalando com cada detalhe que eu revelava.

— Catarina e Ágatha estão conspirando para tomar a coroa. Elas querem que Catarina se case com o príncipe Henrique III e planejam se livrar de mim — concluí, finalmente tomando fôlego.

Lorenzo parecia abismado, e eu podia ver a seriedade em seus olhos.

— Isso é grave, Francesca. Precisamos resolver isso — disse ele, com determinação.

Entrei em pânico. A ideia de Lorenzo, ou qualquer outra pessoa, saber desse segredo me aterrorizava. Se descobrissem, ele estaria em perigo junto comigo.

— Não, Lorenzo! Se alguém souber, você será enviado para a guilhotina comigo. Não podemos correr esse risco — disse, quase implorando.

Ele tentou me acalmar, colocando as mãos em meus ombros.

— Francesca, fique escondida nos arbustos. Eu vou resolver isso — pediu ele, com uma confiança que eu não conseguia compreender.

Fiquei observando enquanto Lorenzo corria em direção ao castelo, sentindo-me impotente e desesperada. O que ele poderia fazer para me ajudar? Eu não sabia, mas sua determinação me dava um fio de esperança. Mesmo assim, não conseguia afastar o medo de que tudo pudesse dar terrivelmente errado.

Me escondi nos arbustos, esperando e rezando para que Lorenzo conseguisse encontrar uma solução. A noite estava fria e silenciosa, mas meu coração batia com força, e cada segundo parecia uma eternidade.

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