🔥Capítulo 05🔥

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Mattia saiu do quarto e caminhou em direção à sala, já tendo tomado o café da manhã. Estava decidido a resolver uma pendência financeira importante. Ao chegar na sala, encontrou Riccardo e os outros homens, incluindo Andrea, ainda marcado pela surra que havia recebido no dia anterior. A imagem de Andrea machucado quase provocou um riso em Mattia, mas ele logo se lembrou da gravidade da situação e a raiva voltou a subir.

Riccardo se aproximou de Mattia:
- Chefe, estamos prontos para ir cobrar o seu dinheiro. O senhor vem?

Mattia ergueu uma sobrancelha.
- Claro que vou cobrar o desgraçado! - Olhou para Andrea, que abaixou a cabeça imediatamente ao perceber o olhar de Mattia. Ele sabia que havia vacilado gravemente e que estava vivo apenas pela misericórdia de Mattia. - Vamos logo! Não quero esperar mais um minuto!

Riccardo se virou para os outros homens.
- RAPAZIADA, VAMOS PARA A CASA DO COROA! - Gritou.

Saindo da mansão, Mattia sentiu alguém segurar seu braço. Ao virar-se, viu que era Giulia.
- O que foi? - Perguntou, afastando-se dela.

- Só tome cuidado. - Disse Giulia em voz baixa, com a cabeça abaixada.

Mattia deu um passo à frente, ergueu a mão ao queixo de Giulia, fazendo-a olhar para ele.
- Eu sempre tomo cuidado. - Afastou-se. - Nada vai acontecer comigo, e outra, vou apenas cobrar um pobre coitado que me deve. Ele é quem deve se preocupar!

- Mas quando você sai... - Giulia tentou dizer, mas foi interrompida por Mattia, que colocou o dedo em sua boca.

- Já disse que não vai ser nada demais. Agora, para com isso! - Giulia assentiu. Mattia deu um beijo na testa dela e saiu. Ele entendia a preocupação de Giulia. Ela havia deixado seus pais no sul da Itália para trabalhar em sua casa. Tinha começado como diarista em algumas casas, mas um relacionamento abusivo havia levado-a ao hospital. Riccardo lhe contou sobre a situação, e Mattia foi pessoalmente confrontar o agressor, expulsando-o da cidade. Desde então, Giulia trabalhava e morava com ele, sendo tratada com respeito e carinho.

Ao chegar à casa do devedor, Mattia fez sinal para um dos homens bater na porta. Quando não houve resposta, perguntou o que fazer.
- Derruba essa porta! - Ordenou.

O homem, com o fuzil pendurado, recuou para pegar impulso e começou a chutar a porta até que ela caiu para dentro da casa, que mais parecia um barraco.

- Caramba! Não tem nada aqui! Tem um fogão... - Um dos homens foi até a cozinha, verificou e voltou. - O gás está vazio, parece que faz dias. E a geladeira também. A pia estava cheia de restos de comida que estavam fedendo muito. - Disse outro.

Mattia percorreu a casa, observando o ambiente desolado. A sala estava vazia, a cozinha em péssimas condições, e o cheiro do banheiro era insuportável.

- Mattia? Mattia? - Ouviu Riccardo chamá-lo do quarto. Pediu aos outros homens que continuassem procurando o velho. Ao entrar no quarto, encontrou tudo revirado e Riccardo sentado na cama, examinando alguns papéis. Riccardo era o único que sabia ler e escrever além de Mattia, que administrava o negócio. No início, Riccardo não queria saber de nada além de usar drogas, mas Mattia o incentivou a estudar e se tornar gerente, uma proposta que Riccardo aceitou. Hoje, ele era o braço direito de Mattia, respeitado e admirado.

- Que merda, Riccardo! Os caras procurando o velho e você aí, lendo! - Repreendeu Mattia.

- O viciado está bem ali, caído no chão. - Apontou Riccardo.

- Caramba, só falta estar morto! - Caminhou até o corpo, agachou-se para verificar se estava respirando, mas se levantou rapidamente devido ao fedor. O homem claramente não sabia o que era água ou sabonete há dias. Riccardo se aproximou e entregou os papéis a Mattia.

- Por que você me entregou isso?

- Dá uma olhada. - Riccardo ajustou o fuzil para trás.

Mattia abriu os papéis e depois olhou para Riccardo.
- Isso aqui é uma apostila de medicina! Não, isso é xerox dos livros de medicina, e pelo número de páginas, são muitos.

- Sim, e olha para o quarto. Prateleiras, livros de medicina, anatomia e etc. Olha ali. - Riccardo apontou para a mesa cheia de cones de cocaína. - Com certeza havia um notebook aqui, e a garota estudava.

- Está falando da filha? Aquela que o Andrea estava de olho? - Riccardo assentiu. - Esse desgraçado pegou o notebook, vendeu para comprar drogas e prejudicou a filha! Não só isso, destruiu a casa toda! - Mattia levou as mãos à cintura, soltando um suspiro pesado.

- Cobramos assim mesmo? - Perguntou Riccardo.

Mattia esfregou os olhos, depois olhou para Riccardo.
- Mesmo ele estando na merda, não posso ficar no prejuízo. Fiquei com pena da filha... Fazer medicina nesse país não é fácil, e esse MERDA! Faz isso... - Não conseguia encontrar palavras para descrever sua indignação. - Acho que, se o matasse, estaria fazendo um favor para essa garota. Vou sair daqui, não aguento esse fedor! Fala para os caras pegarem ele, jogarem uma água e depois levarem para a sala.

- Ok, chefe. - Riccardo chamou os homens para seguirem as ordens de Mattia. Enquanto saía do quarto, Mattia jogou a apostila na cama. Apesar de tudo o que viu, uma pergunta persistia em sua mente: Será que a garota ainda continuava estudando?

Vendida para o mafioso dominadorOnde histórias criam vida. Descubra agora