Draco Malfoy.

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O vento gelado bate contra meu rosto enquanto eu abraço meus próprios joelhos, buscando algum tipo de conforto. Meus olhos se mantêm fixos no lago à minha frente. Está tarde, eu deveria estar dormindo, mas senti que iria entrar em crise novamente, então resolvi sair para pegar um ar. Minha cabeça está distante; se fosse em outra época, eu provavelmente estaria amedrontado por estar aqui fora tão tarde.

É nesses momentos que percebo que aquele garoto de antes da guerra morreu. Eu passei pelo inferno, sentei na mesma mesa que o diabo e convivi com os demônios. A marca no meu braço me lembra disso constantemente e, pior ainda, minha mente jamais vai esquecer. Meu braço eu posso cobrir, mas minha mente? Eu jamais poderei silenciar.

Lembro da carteira de cigarros no bolso do meu moletom e imediatamente pego um e acendo. Peguei o hábito de fumar depois que passei a frequentar o mundo trouxa; descobri que isso pode aliviar o estresse. Sou tirado dos meus pensamentos quando escuto risadas e o barulho de pessoas correndo. Então, me viro e vejo a cena mais doce e dolorosa do mundo.

Harry Potter correndo atrás de Scary, enquanto a garota solta gargalhadas gostosas que poderiam facilmente ser o som mais lindo que já escutei na minha vida. Mas tudo acaba quando eles finalmente percebem minha presença.

— Que porra você está fazendo aqui? — É Harry quem diz, enquanto Scary se mantém paralisada. Alterno meu olhar entre os dois, analisando a bagunça. Potter está com os cabelos bagunçados e os óculos tortos, enquanto Scary tem os lábios entreabertos, ofegante, e o rosto avermelhado.

— Eu... estava pegando um ar — finalmente respondo, saindo do meu transe. Dou uma última tragada no meu cigarro antes de finalmente jogá-lo fora.

— Desde quando você fuma? — A pergunta me pega desprevenido, ainda mais ao perceber que ela veio de Scary, e ao encará-la percebo que ela está ansiando uma resposta minha. Mesmo que tente disfarçar, a curiosidade brilha em seus olhos.

— Desde quando você é tão curiosa? — digo, tentando soar o mais indiferente possível. O silêncio paira no ar. Vejo Harry segurar Scary pela cintura e eles continuam me encarando, mas desta vez há um brilho diferente no olhar de cada um... Pela primeira vez, não vejo nojo, e sim curiosidade.

— Veio aqui para fumar, Malfoy? É contra as regras você sair nesse horário, você como monitor deveria saber disso — a voz rouca e autoritária de Harry finalmente quebra o silêncio.

— Não devo satisfações para você, Potter — respondo depois de um tempo, tentando focar na situação. Entretanto, minha mente insiste em se manter distante, quase como se estivesse procurando um refúgio.

Escuto a garota xingar baixinho enquanto Harry mantém seu olhar fixo em mim. Me forço a fazer algo ao perceber como a situação é estranha.

— Bem, já que vocês não vão sair, eu mesmo me retiro — digo ao me levantar do chão. Viro-me e vou em direção ao castelo, sentindo o olhar dos dois queimar sobre mim.

— Malfoy, espera! — o grito me faz parar e virar, encarando o casal. Percebo que Scary puxa Harry pela mão enquanto os dois caminham em minha direção.

— A gente precisa fazer o trabalho do Snape. Eu tenho um tempo livre amanhã à tarde, me espere na biblioteca. — É tudo o que ela diz, antes de sair andando para dentro do castelo, puxando o garoto de ouro. Fico encarando os dois até sumirem.

É impressionante como a garota tem sempre uma expressão arrogante no rosto, e como o Harry a completa com aquela aura de dominante. Sempre me senti menor perto de qualquer um dos dois, agora com eles juntos me sinto patético. Mas claro que nunca demonstrei isso, até porque isso nem é sobre tamanho.

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⏰ Última atualização: Aug 03 ⏰

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