Capítulo 21.

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Han Ji-yeong.

A Aproximação realmente havia funcionado—pelo menos comigo. Incrivelmente, havia me aproximado de forma considerável das meninas da minha sala. Eu sempre havia sido meio excluída por causa de Si-woo, que até semanas atrás ainda era conhecido como delinquente. Me perguntava se elas pensavam que eu também era uma delinquente por ser amiga dele, mas no fundo, não importava. E acho que por causa de pensamentos como esse eu me fechava do mundo e não me permitia ter amigos além de Si-woo, mas eu também não ligava para isso, e continuo não ligando. Se todo mundo se virasse contra mim e eu só Si-woo estivesse comigo, mesmo assim estaria tudo bem. Por que eu o amo.

Estava de manhã, e todas as garotas em nosso acampamento de barracas femininas— que antes era pra ser pequeno e simples, mas foi aumentando conforme algumas garotas de outras salas com ligações às garotas de nossa sala chegavam e arrumavam suas barracas.— estavam acordadas e se arrumando para o primeiro dia da Aproximação.

Eu estava me maquiando após fazer um skincare básico, e Lee Hee-chae fazia uma trança complicada em meu cabelo, assim como havia feito em si mesma e nas outras garotas. Todas nós havíamos combinado de ir combinando em todos os dias da Aproximação, com roupas diferentes a cada dia, obviamente.

A roupa do primeiro dia consistia em uma blusa rosa de mangas curtas, uma saia preta de pregas com uma meia calça também preta, botas pretas e um casaco corta-vento branco, caso sentíssimos frio. As garotas que entraram em nosso "círculo íntimo"— como Si-woo havia se referido— aderiram a regra e vestiram roupas— provavelmente por alguém ter avisado elas— iguais.

Eu era a última garota em quem Hee-chae tinha que fazer a trança, então quando ela terminou, com os braços soando, todas nós saímos.

Estava muito frio. Até Hee-chae, que antes estava suada, teve que colocar o casaco corta-vento.

Fui em uma das barraquinhas e comprei um tanghulu, comprando mais um para Si-woo, já que era seu doce favorito, e só então percebendo que ele não estava em lugar nenhum.

Pedi para colocarem o meu e o dele em uma embalagem para a viagem, e fui até o lugar onde isolaram Si-woo.

Agradeci silenciosamente por não ter nenhum monitor vigiando o lugar.

A barraca dele estava aberta, mas silenciosa demais para ele estar lá dentro. Entrei, e vi: ele estava dormindo. Como um anjo.

Sorri, e coloquei os tanghulus no figrobar que havia na barraca dele, saindo da barraca.

Já do lado de fora da barraca, estava fechando ela— para que nenhum bicho entrasse—, mas parei, crendo ter ouvido algo do lado de dentro.

Dei uma espiada por um retângulo grande transparente que havia na porta da barraca. Como uma janela, pensei.

Continuei fechando a barraca, ignorando outro barulho que pensei ter ouvido do lado de dentro.

— Han Ji-yeong. — Tive um sobressalto ao olhar para cima, quando já havia terminado de fechar a barraca dele, e ver Si-woo na frente da janela me encarando. Sua bochecha estava um pouco amassada, e ele provavelmente estava dormindo de lado, como sempre fazia, desde que éramos crianças.

Ele se abaixou e abriu a barraca pelo lado de dentro. Ele estava com um pijama azul de mangas longas e calça.

Ri internamente. No último Natal eu havia comprado esse pijama para ele, e para mim ele havia comprado um idêntico, porém rosa.

Me virei de costas para ele trocar de roupa, olhando para a paisagem na frente dele. O lugar podia ser isolado, mas era lindo.

— Já terminei.

Me virei. Ele usava uma calça jeans larga em um tom de cinza-azulado— que por sinal era a favorita dele—, com uma regata cinza com a estampa de alguma banda de rock que eu nunca havia ouvido falar. Ele estava se abaixando para calçar coturnos pretos. Eu olhava para seus pés até meu olhar desviar e eu começar a olhar para outra coisa.

Meu coração se apertou ao ver as cicatrizes horríveis no braço dele, algumas ainda enfaixadas e a maioria com pontos. Olhei instintivamente para as mãos dele, e lágrimas brotaram de meus olhos ao ver que as cicatrizes nas mãos estavam piores do que as nos braços.

Engoli em seco e desviei o olhar quando vi que ele percebeu que eu o estava encarando.

— Eu vou colocar um casaco. Está meio frio.— Ele disse.

Realmente estava frio, mas eu sabia que não era só por isso, e me odiei por fazê-lo ficar mais inseguro em relação às cicatrizes.

Ele colocou uma jaqueta de couro impecável. Não consegui desviar o olhar dele. Ele por si só já era lindo, mas assim...
Ele parecia um modelo indo desfilar ou participar de uma sessão fotográfica— o que eu não duvidava, contando que as garotas da escola haviam virado praticamente papparazzi dele-—.

— Já te falei hoje que você é o homem mais lindo desse mundo?— não me contentei em ficar quieta e resolvi falar.

— E o que mais.— Ele perguntou, com um meio sorriso que fez meu coração derreter.

— Atencioso, guerreiro, gentil, agradável e cuidadoso?

— Por que eu sou um guerreiro?— ele perguntou, ainda com aquele meio sorriso encantador no rosto.

— Você conseguiu passar por muita coisa sem mudar o seu caráter ou descontar nas pessoas. Isso te faz digno de um prêmio Nobel ou algo assim.— Respondi, e, apesar do assunto não ser divertido, ele riu, me fazendo rir também de tão linda que era sua risada.

Mesmo nos conhecendo a anos, era a primeira vez que ele ria puramente assim, como se uma sombra que cercasse ele tivesse ido embora para sempre, e ele pudesse ser verdadeiramente feliz.

Caramba, pensei, eu amo sua risada.

Tudo que o amor nos trouxeOnde histórias criam vida. Descubra agora