Capítulo 4

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O silêncio da noite era quebrado pelo som distante de folhas farfalhando ao vento. Eu me via caminhando lentamente pelo acampamento, meus passos ecoando no chão da terra. O ar estava carregado, cada respiração um esforço. Eu sabia que estava procurando por algo, mas não conseguia lembrar o quê. Minha visão estava turva, meu corpo pesado.

O acampamento parecia deserto, as cabanas sombras sinistras à luz da lua. Meu coração martelava no peito, uma sensação de urgência me impulsionava para frente.

De repente, avistei uma figura à distância. Uma forma indistinta, mas familiar. A máscara de coelho brilhava ao luar, e o brilho metálico do Machado em suas mãos me congelou. Tentei gritar, mas minha voz não saiu. Tentei correr, mas meus pés estavam presos ao chão. A figura se aproximava cada vez mais, até que…

Acordei com um sobressalto, suando frio e com a respiração ofegante. O quarto do chalé estava escuro, iluminado apenas pela luz fraca da lua. O pesadelo parecia real, e levou alguns segundos para meu coração se acalmar e eu perceber onde estava.

O amanhecer trouxe uma sensação de alívio, dissipando os resquícios do sonho perturbador. Levantei-me e fui ao banheiro, jogando água fria no rosto na tentativa de afastar os últimos vestígios de medo. Quando saí, encontrei Galen ainda dormindo, seu rosto sereno e alheio aos meus tormentos noturnos. O famigerado sono de pedra.

Um pouco depois, Tommy apareceu na porta do chalé, sua expressão séria.

- Pessoal, precisamos conversar - disse ele, chamando todos para fora.

No centro do acampamento, Tommy explicou que algo havia acontecido durante a noite.

- A caixa telefônica do acampamento foi quebrada - disse ele, gesticulando para o objeto danificado próximo à cabana central - Eu acho que foi por causa da tempestade de ontem à noite. A chuva foi bem forte.

Os outros começaram a murmurar entre si, mas minha mente ainda estava presa ao pesadelo. Eu me perguntava se havia alguma conexão entre o sonho e a sensação de mal-estar que sentia.

Débora aproximou-se de mim, ainda usando seu pijama e com os olhos pesados pelo sono.

- Bom dia Will - disse ela, bocejando - Acha que isso vai estragar nosso fim de semana?

- Um pouco, caso ocorra alguma emergência grave vamos precisar daquela caixa, mas já que Galen veio de carro podemos usar caso algo aconteça.

- É, tem razão. Espero que não ter problema para o Tommy, já que foi ele que planejou tudo.

- As coisas vão se sair bem. Assim espero - respondi, limpando algumas sujeiras do rosto de Débora.

Mais tarde, enquanto eu estava sentado na varanda do chalé, Bryan se aproximou com um sorriso malicioso no rosto.

- Ei, Will, olha o que eu encontrei! - ele disse, segurando uma máscara de coelho improvisada.

Ele a colocou no rosto e começou a imitar um assassino de filmes de terror, brandindo um galho como se fosse um machado.

- Você está louco? - perguntei, irritado - Isso não tem graça.

- Ah, relaxa, cada - disse Bryan, rindo - É só uma brincadeira. Achei que você ia achar engraçado.

Galen apareceu a tempo de ver a cena e puxou a máscara de Bryan.

- Deixa ele em paz, cara - disse ele, sério - Isso não é algo que se brinca.

Bryan deu de ombros e se afastou, ainda rindo. Mas o desconforto permaneceu comigo. Algo sobre a máscara e o machado no pesadelo me dizia que aquilo não era apenas uma coincidência.

Enquanto a noite caía novamente sobre o acampamento, não conseguia afastar a sensação de que algo estava prestes a acontecer. As memórias daquela noite começaram a se misturar com o presente, e eu não conseguia evitar a sensação de que o passado estava voltando para me assombrar.

Deitei-me no beliche, tentando acalmar a mente, mas as sombras dançantes no teto pareciam conspirar contra mim. Mas eu estava determinado a descobrir a verdade novamente, mesmo que isso significasse enfrentar meus próprios demônios.

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