Capítulo 8

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O tempo passava pouco a pouco, apesar do relógio contar cada instante rapidamente, para mim, era uma eternidade. A noite estava mais escura, uma madrugada, cujo silêncio era quebrado apenas pelo ocasional som de folhas farfalhando ao vento. Deitado em minha cama, meus olhos se recusavam a fechar. As sombras no teto pareciam dançar criando formas inquietantes que provocavam minha mente já sobrecarregada.

Um grito. Alto e agudo, cortando a noite como uma lâmina. Saltei da cama, o coração martelando no peito. Outro ataque. Eu sabia disso antes mesmo de sair do chalé.

Correndo pela escuridão, cheguei ao local onde os gritos haviam se originado. Vários funcionários do acampamento estavam no chão, sangue espalhado como um quadro macabro. A brutalidade do ataque era evidente, cada detalhe mais horrível que o anterior.

Alguns estavam com a cabeça entreaberta, com partes do cérebro sendo expostas. Alguns membros cortados, outros estavam sendo segurados por um pouco de pele e talvez decido muscular.

Tommy estava ali, tentando acalmar os sobreviventes. E também, evitando olhar para a cena.

- Temos que sair daqui - ele disse, sua voz tremendo de medo - Temos que chamar ajuda.

- Podemos usar o carro de Galen - sugeri, tentando encontrar uma solução rápida.

Corremos em direção ao estacionamento, mas ao abrir a porta do carro, a realidade bateu com força. O tanque estava vazio.

- Galen, você não abasteceu? - perguntei, a frustração evidente em minha voz.

Ele balançou a cabeça, arrependido.

- Eu saí para comprar comida alguns dias atrás, mas esqueci de passar no posto.

Desespero. A única chance de fuga estava inutilizada. Tommy bateu o punho no carro, a raiva e o medo misturando-se em sua expressão.

- Estamos presos aqui. Precisamos de outra solução.

Com a fuga impossibilitada me concentrei na investigação. Precisávamos entender quem estava por trás desses ataques antes que mais vidas fossem perdidas. Mas minha mente estava em frangalhos, lutando contra o crescente caos interno.

Enquanto examinava a cena do crime, encontrei uma luva ensanguentada próxima a um dos corpos. Um detalhe pequeno, mas significativo. Levei a luva até Tommy.

- Tommy, alguém deve ter perdido durante o ataque.

- Pode ser uma pista, ou algo totalmente inútil. Os funcionários usam luvas para cuidar das plantas ou da cozinha.

- Alguns de nós tem acesso aos materiais que eles usam? - perguntei, em busca de uma pista mais certeira.

- Sim, eu, Bryan, Galen, Marta e você - disse ele, arrumando os óculos com as mãos trêmulas.

- Você me deu acesso? Não lembro disso, creio que os remédios estão fazendo falta - respondi, passando a mão pelo cabelo.

- Remédios? Certo, você precisa descansar. Eu vou assumir a partir daqui, tente se lembrar de alguma coisa antes que se torne um suspeito por causa disso.

- Certo - suspirei - Vou tentar descansar.

Uma mentira? Com certeza. Enquanto tentava desvendar o mistério, ainda sentia o incômodo crescente dentro de mim. Uma ansiedade imensa, que tornava-se intensa no momento que eu cogitava olhar os corpos ou qualquer coisa relacionada aos últimos acontecimentos.

Durante minhas investigações, novas postas surgiam, mas nenhuma parecia se encaixar completamente. Marta parecia mais assustada do que nunca, mas também havia momentos em que sua expressão mudava para algo que não conseguia interpretar. Bryan, com seu comportamento errático e nervoso, continuava a ser uma fonte de desconfiança. Até Galen, com seu esquecimento sobre o combustível começava a parecer suspeito.

Cada pista, cada suspeita, era como uma faca em minha mente, cortando a sanidade já frágil. Eu precisava descobrir a verdade antes que fosse tarde demais. Mas em determinados momentos. Eu começava a questionar se realmente conseguiria.

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