Capítulo 11

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Tais acontecimentos caminhavam pela minha mente enquanto a madrugada corria entre os ponteiros do relógio. Estava deitado na cama, uma batalha entre minha consciência e uma existência sombria. Com os minutos desenrolando em minha mente, ouvi um barulho vindo da entrada do chalé. Como um pesadelo vivido entrando pela porta, a figura do assassino, a máscara de coelho e o machado em mãos.

Em desespero iniciei uma luta, com o único objetivo de sobreviver e alertar todos quando tivesse a chance. A cada golpe trocado era uma tentativa de recuperar o controle da situação, tentava de todas as formas tirar o machado da mão do assassino, que uma vez ou outra desferiu um golpe em minha direção.

Em um dos ataques ele acertou a parede e o machado ficou preso. Em um momento crítico e oportuno, consegui agarrar o assassino e bater sua cabeça contra a parede. A máscara rasgou, revelando uma parte do rosto por baixo. Ele caminhou pelo quarto atordoado, até que se apoiou na cama. Consegui por um momento ver seu rosto, graças a um espelho deixado por Galen quando usou para ver o ferido que eu tinha feito.

Entretanto, o reflexo me chocou. Sentir meu corpo paralisar e tudo ao meu redor sumir. Era eu. Sempre fui eu.

O choque foi a oportunidade para eu ser deixado levar pela escuridão. Antes que pudesse reagir, ela havia assumido o controle. Senti minha própria vontade se esvaindo, dominada pela fome de sangue e violência.

Saí do chalé e caminhei pelo acampamento. Encontrei mais alguns funcionários que estavam apavorados, e um por um cacei com o machado em mãos. Um frenesi de desespero e satisfação relutava dentro de mim. Fui até onde Tommy e os outros estavam. Tommy sempre alerta, tentou me deter, mas o machado encontrou seu alvo, e Tommy caiu. Havia desferido um golpe no seu ombro direito fundo o suficiente para não haver chances de sobrevivência. Sua vida se esvaindo enquanto eu observava, impotente dentro do meu próprio corpo.

Sentia arrependimentos? Talvez.

Desprezo por mim mesmo? Talvez.

Mas uma coisa que era uma certeza naquele momento, eu me sentia vivo depois de tantos anos preso a melancolia.

Enquanto eu estava em um declínio de sensações. Galen estava lutando para consertar o carro. Havia encontrado uma lata de gasolina no galpão do acampamento, um recurso vital que estava trancado anteriormente. O barulho do motor ganhando vida trouxe um lampejo de esperança.

Marta e Débora, aterrorizadas, correram para o carro. Galen gritava para que entrassem rápido, o motor rugindo em prontidão para a fuga. Eu, ou a parte de mim que ainda estava consciente, os segui, o machado pesado em minhas mãos.

Em uma corrida certeira pude pegar Marta pelos cabelos. Seus longos e loiros cabelos eram puxados com brutalidade, enquanto eu erguia o machado com a outra mão. Ela lutava para sair, debatia contra o chão em uma tentativa falha de sobrevivência.

Em segundos, Galen apareceu em minha frente com uma chave de roda em mãos e desferiu um ataque contra a minha cabeça. Soltei Marta que corria em desespero para o carro, onde Débora já estava no volante pronta para sair. Galen correu, e por um relance pude ver lágrimas em seu rosto. Medo ou luto. Esse questionamento pairava sobre minha mente em segundos.

Débora acelerava, o carro ganhando velocidade. Fiquei parado, observando, a sanidade lutando contra a escuridão dentro de mim. O carro se afastou, levando a última esperança de segurança para longe.

A cena final dessa história era um retrato de conflito interno. Eu estava lá, sozinho, segurando o machado, observando a poeira se assentar enquanto meus amigos escapavam. O sangue escorria no machado e em meu rosto. Minhas personalidades entravam em uma guerra silenciosa, a máscara de coelho pendurada ao meu lado como um lembrete cruel da verdade que eu havia descoberto.

A batalha interna continuava, a escuridão ainda presente, ameaçando tomar o controle novamente. E assim, a história se encerrava, com uma tensão palpável entre a realidade e o horror da minha própria mente.

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