Chega de brigas

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**Capítulo 4: Chega de Brigas**

Alice não conseguia tirar Felipe da cabeça. Sentia-se aflita e confusa, dividida entre a empatia e a necessidade de manter distância. Felipe, por sua vez, parecia cada vez mais aberto a ela, revelando um lado vulnerável que a comovia. Mas Alice estava determinada a manter o relacionamento estritamente profissional e terminar o projeto o mais rápido possível. No entanto, seu coração parecia ter outros planos.

Na manhã seguinte, durante o intervalo, Alice se aproximou de Flora, que estava sentada com Gleici e Maia. Queria desabafar e tentar explicar sua visão sobre Felipe.

"Flora, eu preciso falar com você sobre o Felipe," começou Alice, com um tom sério. "Ele não é o monstro que todos pensam. Ele passou por muita coisa e, no fundo, é uma boa pessoa."

Flora levantou uma sobrancelha e olhou para Alice com um misto de desgosto e desconfiança. "Você está caindo nessa, Alice? Ele é perigoso, e todo mundo sabe disso."

Alice balançou a cabeça. "Não podemos julgar um livro pela capa, Flora. Todos nós temos histórias tristes e sofremos de alguma forma. Felipe merece uma chance de ser aceito e compreendido."

Antes que Flora pudesse responder, Felipe apareceu. "Alice, vamos fazer o trabalho?" perguntou, olhando para ela com uma expressão que misturava esperança e ansiedade.

Alice assentiu. "Vamos, Felipe."

Enquanto eles se afastavam, o namorado de Flora, Cauê, se aproximou com um sorriso provocador. "E aí, Felipe? Alice está sendo uma boa companhia para você? Ela sabe abrir as pernas bem direito, né?"

Alice ficou paralisada de choque e indignação. Felipe, no entanto, reagiu instantaneamente. Seus olhos se encheram de fúria, e ele avançou sobre Cauê, socando-o com força. "Como você ousa falar assim dela?" gritou Felipe.

A briga rapidamente chamou a atenção de todos ao redor. Sarita, uma das inspetoras, chegou correndo e separou os dois, puxando-os para a diretoria. A tensão era palpável enquanto ela os levava, e todos os olhares se voltaram para Alice.

Com lágrimas nos olhos, Alice pegou suas coisas e correu para a secretaria. Não conseguia acreditar no que havia acontecido. Flora e Cauê haviam cruzado a linha, e agora Felipe estava em problemas ainda maiores por defendê-la.

Na diretoria, Felipe e Cauê foram colocados de frente ao diretor, Sr. Ramiro, que estava visivelmente irritado. "O que está acontecendo aqui? Alguém quer me explicar por que vocês estavam brigando?"

Felipe ficou em silêncio, com os punhos ainda cerrados, enquanto Cauê se recostou na cadeira, parecendo pouco preocupado. "Foi só uma discussão, senhor."

Sr. Ramiro lançou um olhar severo para ambos. "Não tolero violência nesta escola. Felipe, sua situação aqui já é delicada. Não torne as coisas mais difíceis para você."

Alice, observando de longe, sentiu uma onda de tristeza e raiva. Não sabia o que mais poderia fazer para ajudar Felipe sem se prejudicar ainda mais. A única coisa que sabia era que não podia abandonar quem precisava dela.

Ao final do dia, Alice encontrou Felipe do lado de fora da escola. Ele estava sentado em um banco, com a cabeça baixa. Aproximou-se devagar, sentindo o peso das palavras que precisava dizer.

"Felipe," começou ela suavemente, "sinto muito por hoje. Eu... eu sei que você está sofrendo."

Felipe levantou os olhos, mostrando um cansaço profundo. "Alice, eu só queria proteger você. Mas talvez seja melhor se mantivermos distância. Não quero te causar mais problemas."

Alice sentiu o coração apertar. Queria dizer a Felipe que estava disposta a enfrentá-los juntos, mas as palavras ficaram presas em sua garganta. "Eu só quero que você saiba que não está sozinho," disse finalmente.

Felipe assentiu, uma expressão de gratidão misturada com tristeza. "Obrigado, Alice. Isso significa muito para mim."

Enquanto eles se afastavam, Alice sabia que a situação não seria resolvida facilmente. Mas estava determinada a encontrar uma maneira de ajudar Felipe e, ao mesmo tempo, manter sua integridade. Afinal, ser a capitã do Grêmio significava lutar por aqueles que não podiam lutar por si mesmos, e Felipe merecia essa luta, mesmo que ele fosse perigoso.

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