Familia nem sempre é boa

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**Capítulo 5: Família Nem Sempre é Boa**

Alice chegou na casa de Felipe nervosa. Faltavam três semanas para o trabalho sobre bullying ser concluído, e ela queria se concentrar. Era o lugar onde se sentia mais à vontade, mas a tensão da situação a deixava inquieta. Assim que entrou, o cheiro de comida caseira a cumprimentou, mas a atmosfera estava pesada.

Felipe estava sentado à mesa, concentrado em seus papéis. "Oi, Alice. Vamos começar?" Ele parecia ansioso, mas ela notou que seu olhar estava distante.

"Claro," respondeu Alice, tentando esconder sua própria apreensão.

No entanto, antes que pudessem realmente se concentrar, a porta se abriu com força. O pai de Felipe entrou, com uma expressão cansada. "Quem é essa menina?" perguntou, olhando fixamente para Alice.

Alice, sem saber como se apresentar, começou a inventar desculpas. "Eu sou só uma amiga do Felipe, estamos estudando para um projeto da escola."

O pai de Felipe não parecia convencido. "Estudando? Parece que vocês estão mais do que isso. Você tem certeza de que seu pai sabe que você está aqui?"

Felipe, visivelmente incomodado, tentou intervir. "Pai, fala baixo. A Alice está aqui para ajudar com o trabalho."

O tom da conversa rapidamente escalou. O pai começou a levantar a voz, e a situação ficou cada vez mais tensa. "Você não vai me dizer como falar. E quem é essa menina? Parece que só está aqui para distrair você!"

Alice ficou em silêncio, segurando a respiração. Ela não queria mais problemas para Felipe, que já enfrentava tanta dor. Sabia que o pai dele era abusivo, mas a cena que se desenrolava à sua frente era desesperadora.

O olhar de Felipe se transformou em fúria. Ele levantou-se, a voz alta. "Basta, pai! Você não pode falar assim com ela. Você não tem esse direito!"

"Cala a boca, garoto!" o pai gritou, mas Felipe já não conseguia mais conter sua raiva. Ele partiu para cima do pai, e a cena que se seguiu deixou Alice horrorizada. Felipe começou a espancar o pai, e os gritos ecoaram pela casa.

Alice gritou, horrorizada, mas a luta entre pai e filho parecia não ter fim. No meio do caos, o pai de Felipe agarrou um taco de beisebol que estava na parede e atingiu a perna de Felipe. Ele caiu no chão, gemendo de dor.

"Felipe!" Alice gritou, mas o medo a paralisou. Ouvindo o desespero dela, Felipe gritou: "Corra, Alice! Corra, por favor!"

Sem pensar duas vezes, Alice pegou suas coisas e saiu correndo da casa. As lágrimas escorriam pelo seu rosto enquanto ela atravessava as ruas, seu coração batendo descontrolado.

Assim que chegou em casa, ainda em choque, ela pegou o celular e enviou uma mensagem para Felipe: **"Você está bem? Eu nunca mais posso voltar aí. Estou com medo que ele faça algo com nós dois. Melhor a gente parar e se encontrar na biblioteca. Ou até mesmo em minha casa. Você quer vir em minha casa?"**

Após alguns minutos, a resposta de Felipe chegou: **"Tudo bem, Alice. Isso não é culpa sua. Mas... é melhor a gente se afastar e só se encontrar mesmo na escola. Nem é bom ir pra sua casa, porque senão vão falar coisas ruins. Sua família não vai gostar de mim."**

Alice sentiu um aperto no peito. A situação era muito mais complicada do que ela imaginara. A última coisa que ela queria era que Felipe se sentisse rejeitado ou menosprezado por causa da opinião dos outros.

Ela decidiu que, independentemente das circunstâncias, continuaria a apoiar Felipe de qualquer maneira que pudesse. Com um pensamento triste e esperançoso ao mesmo tempo, Alice respondeu: **"Então, nos encontramos na escola. E, por favor, fique bem."**

A mensagem foi enviada, mas a preocupação em seu coração persistiu. Alice sabia que precisava encontrar uma maneira de ajudar Felipe e, ao mesmo tempo, proteger a si mesma. A luta dele estava apenas começando, e, de alguma forma, ela sabia que ainda teria um papel importante a desempenhar nessa história.

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