Caminhada

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Um dia caminhava contra o vento, eterno sofrimento, amor solitário, vida cinzenta, caminhava pela estrada fria, sem rumo eu caia no solo degradado, metal e aço, fumaça e cinzas, natureza morta é apelido para o que via, nem em meus maiores pesadelos poderia sonhar com tal flagelação, minha poesia já não sustentava os desejos e agonia, o chão que rangia já não vibrava mais e então o céu logo era preenchido com rastros brancos e explosões que rasgavam o anterior silêncio, disparos pareciam rugidos e o fogo logo se transformava em estrelas que voavam pelo céu, meus olhos se fechavam e mais uma última vez os forçava a nunca mais abrirem novamente, não para ver esse infame teatro mortal...
Poucos segundos após o último fogo lançado aos ares meus olhos se abriam, minha alma lenta logo vislumbrava aquele par de asas brancas reluzentes, estendia a mão e eu a agarrava, seu gentil calor era transmitido naquele simples aperto de mãos, logo me puxou, metade anjo metade demônio, de um lado um chifre e do outro meia auréola, nunca pensei que no céu encontraria o amor que encerraria minha agonia, tão irônico como melodia ou poesia, então logo me sentia bem com a vida.

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