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Me sentei no meio de Nicoly e Alex. Katarina estava dividindo o sofá de duas pessoas com o William.

Nicoly digitava algumas coisas rapidamente em seu notebook, coisas que só ela entendia. Após uns segundos, ela se inclinou, deixando a coberta cair do seu corpo e colocou o seu computador na mesa central de vidro. Demorou um tempo para que conseguíssemos visualizar o vídeo.

Estávamos assistindo a imagem de uma câmera escondida na sala do julgamento dos assassinos de Camila. Os dois homens não demonstravam emoção alguma, os rostos estavam sereno, não pareciam que estavam na situação em que se encontravam. Parecia que nada estava acontecendo, que o que eles fizeram e o que o juíz determinaria, mudaria completamente o destino deles e ainda mais o destino da família da Camila.

–Qual o nome do senhor? – O juíz se referia ao homem branco e de cabelos loiros sentado à esquerda.

–Ian Siqueira, vossa excelência –a voz do homem era de desinteressado.

–E o senhor? – O juíz perguntou ao outro homem.

–Francisco

O juíz fez sinal com as mãos para que ele dissesse o seu sobrenome.

–Francisco Teixeira –respondeu arrastado.

–Ian e Francisco, os senhores poderiam informar-me a profissão de vocês? –A vossa excelência olhou para baixo verificando seus papéis.

–Sou mecânico, vossa excelência –disse o mais velho

–No momento estou desempregado, senhor –Ian respondeu, se deitou na cadeira e começou a balançar freneticamente suas pernas.

–Os senhores entendem a gravidade das acusações sendo feitas contra vocês?

Os dois balançaram juntos a cabeça.

–Os senhores tem advogados?

–Claro que temos –Ian respondeu com desdém.

O advogado rapidamente se apresentou e se sentou novamente.

–Os senhores tem direito ao silêncio e o direito de não se autoincriminar. Qual era o relacionamento de vocês com a vítima Camila de Assis?

–Nenhum, vossa excelência. Nem eu e nem ele o conhecíamos –Francisco respondeu pelos dois.

O juíz assentiu. Nós na sala tentamos ignorar a forma que o Francisco se referiu à Camila.

–Como vocês explicam, então, as provas dessa acusação?

–Nosso advogado conseguiu os vídeos das câmeras de segurança do lugar que estávamos –Francisco respondeu e relaxou na cadeira.

O juíz se virou e pediu para que ele conseguisse ter acesso aos vídeos dos acusados. Apenas ele assistiria os vídeo, mas por sorte a Nicoly conseguiu ter a visão do computador dele.

Não sei como. Me perguntei se eu poderia estar louco, agora. O vídeo mostrava Francisco trabalhando normalmente em sua oficina, a qualidade era perfeita, eu não poderia dizer que era inteligência artificial, nem outra pessoa se passando por ele, ou algo do tipo.

Teria eu não pisado com cuidado o suficiente nos ovos? Terei eu falhado pela primeira vez em alguma investigação?

Olhei para a Nicoly e ela imediatamente entendeu o que eu queria. Ela pegou o celular, entrou nos bancos de dados que ela criou juntando todos os outros bancos que ela conseguiu ter acesso e procurou pelo Francisco Teixeira, vasculhou tudo rapidamente, porém com cuidado e não, Francisco não possui nenhum irmão gêmeo para ter feito o vídeo por ele.

Desviei o olhar da Nicoly já imaginando o que poderia vir no vídeo do Ian Siqueira. E foi isso o que aconteceu.

Ian entrando no supermercado. Eu já não sabia o que pensar. Nicoly procurou por um irmão gêmeo do Ian, mas não havia registro de nenhum, também.

–Só um momento –Nicoly disse e pegou o seu notebook da mesinha.

Ela começou a procurar por algum errinho no vídeo que entregaria ele ser feito por IA...




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