Virgínia
O jantar transcorreu lentamente, em uma espécie de tortura psicológica para mim. Felipe dialogava educadamente com
Geraldo, que fumava seu charuto escocês, soltando as lufadas de fumaça pelos lábios grossos, em meio aos Sorrisos falsos e forçados.Reuniões de negócios eram sempre assim, um querendo engolir o outro, se sair melhor, ter a melhor proposta, mas no final sempre fechando um acordo. A falta de paciência aquela noite me fez permanecer calada durante o jantar inteiro, exceto por breves trocas de palavras com meu marido, que por sinal parecia ter percebido minha irritação. Felipe me olhou por breves segundos, e repousou sua mão sobre minha coxa, acariciando de leve.
Eu nem sequer me movi, continuei degustando o vinho
tinto que preenchia minha taça em cristal fino.- Muito bom esse restaurante Felipe. - Geraldo falou bem humorado.
Felipe: -Eu também adoro. Foi aqui que pedi minha
esposa em casamento, não é meu bem?Soltei um sorriso amarelo, e com leveza retirei a mão de Felipe de minha coxa, repousando a mesma sobre a mesa. Ele engoliu em seco, me olhando com os olhos semicerrados.
Virgínia: - Exatamente. Boas lembranças daqui. - me permiti falar.
- Imagino que sim.
Talvez aquela fosse uma das poucas interações minha naquele jantar. Eu estava de mau humor, irritada, furiosa melhor dizendo. Antes de sairmos da Costa Enterprise, José Felipe teve a "brilhante" idéia de dispensar os serviços de Rosângela.
Dando ordem para que ela fosse embora em meu carro, e levasse a secretária em casa antes de devolver o veículo para nossa garagem. Eu deveria dizer o quanto aquilo
me irritou? Ver o sorriso da agente ao conduzir a miserável secretária para saída me causou um súbito estalo de ira. Mas eu sabia muito bem meus limites, e onde posso
chegar.Na volta pra casa eu permaneci calada, como no jantar. O nosso motorista conduzia o veículo em uma velocidade alta, de acordo com minhas ordens. Ao meu lado, Felipe se mantinha quieto, enquanto fumava um de seus cigarros. Ele olhava os prédios do lado de fora, em um olhar distraído, quase perdido. Quando por mim respirou fundo, e se virou em minha direção.
Felipe: - Posso saber o motivo de estar assim?
Deixei que meus olhos saíssem das imagens de fora do veículo, e pousassem sobre a expressão confusa de Felipe. Ele me olhava com aquele par de olhos verdes claros.
Felipe: -E por conta do seu carro? Por que deixei Janja usar ele?
Antes fosse por isso. Imaginar aquela secretária aos beijos com Janja no meu carro me causava raiva.
Virgínia: - Óbvio! Por que mais seria?
O homem rolou os olhos impaciente, levou o cigarro até os lábios dando um último trago antes de apagá-lo no cinzeiro à direita. Ele meneou com a cabeça lentamente e me olhou.
Felipe: -Qual o problema disso? Ela veio dirigindo para você, não?
Virgínia: - Sim! E por conta disso você vai disponibiizar
O meu carro para ela levar a sua secretariazinha em casa?Falei, dando certa ênfase nas palavras "meu carro" e
"secretariazinha"Felipe abriu um sorriso, ainda com os olhos fixos em mim. Franzi o cenho em sua direção, sendo tomada pela confusão daquele momento.
Porque diabos ele estava rindo?
Felipe: - Então é isso? - perguntou ele em meio a uma risada alta.
Virgínia: - Isso o que? - meu tom de voz revelava o quão irritada eu estava.
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Xeque-mate
FanfictionUm jogo perigoso, repleto de armadilhas. Uma disputa de poder, dinheiro e desejo. De um lado do tabuleiro a delegada, Rosângela da Silva, do outro, a esposa de um magnata, Virgínia Fonseca. Nesse jogo, apenas um cairá. Quem terá a melhor estratégia...