Capítulo 18

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   Pelo lado bom, logo após Amanda ter lhe ajudado, Anthony estava se sentindo um pouco melhor. Ela o levou para uma sorveteria ao estilo anos cinquenta que tinha ali por perto para que ele então saísse debaixo daquela chuva gelada e pudessem conversar um pouco. A garota era nova na cidade e não conhecia ninguém, e agora a mesma imaginou que talvez fosse uma boa ideia tentar fazer amizade com a pessoa que acabara de salvar. 

   Desde que entraram na sorveteria, Anthony não tinha dito uma palavra. Ele apenas ficava olhando pela janela, vendo a chuva cair durante a tortura que estava sua mente naquele momento. A cena dos golpes de Rafael não paravam de se repetir dentro de sua cabeça, e é claro que ele se sentiria mal por ter deixado que algo como aquilo acontecesse. 

   O garoto sentia-se fraco e totalmente patético. 

   — Então... Pode pelo menos me dizer o seu nome? — disse a garota, após pelo menos uns vinte minutos de total silêncio. 

   — Anthony... Anthony Day-Lions. — respondeu, ainda mantendo os seus olhos negros vidrados na chuva. 

   Era como se através daquele vidro, Anthony pudesse ver tudo acontecendo de novo e de novo. Como resultado, por debaixo da mesa, suas mãos tremiam sem parar em momento algum. 

   — Day-Lions? — surpresa — Desculpa se eu parecer idiota agora, mas eu pensava que os Day-Lions fossem respeitados. Eu ainda não creio que aquele idiota pensa que é alguém para fazer algo como isso. Fala sério, nada justifica a violência. 

   — Justifica se você for um fracassado como eu. 

   — Não, não justifica. Ninguém tem o direito de bater em alguém daquela maneira. Está certo que às vezes eu sinto vontade de bater em algumas pessoas que me irritam, mas ainda não justifica. 

   O menino de pele pálida finalmente deixou de encarar loucamente através daquele vidro e voltou o seu olhar cansado e deprimido para a garota de cabelos dourados e beleza fascinante em sua frente. 

   — Mas por que você me ajudou? — perguntou ele. Em sua mente não fazia sentido algum uma pessoa que ele nunca viu na vida se arriscar daquela forma apenas para salvar alguém. Mesmo que ele fosse a droga de um herói, ver pessoas fazendo isso era algo estranho. 

   Há muitos anos o jovem tinha deixado de ser otimista e começou a ser nada mais do que um pessimista da vida. Tudo ao seu redor se tornou algo sem graça, e a humanidade, bom, isso ele vai apenas como uma raça imunda que nem mesmo deveria existir. O ódio que ele sentia pelos mortais era tão grande que se igualava à fúria de um Deus. 

   — Odeio caras idiotas que gostam de demonstrar que são superiores através da agressão. Não é porque a cabeça de baixo não é agradável que a de cima precisa ser irracional. Homens são irritantes, e por mim todos poderiam agonizar até morrer. 

   — Então por que não deixou aquele palerma me espancar até a morte? 

   — Porque uma coisa não tem nada a ver com a outra. — ela sorriu. 

   — Está bem. Muito obrigado pela ajuda. 

   — Não precisa agradecer. Eu fiz o mínimo que qualquer ser humano deveria fazer. As únicas pessoas que deveríamos agradecer são os heróis, tanto os policiais, médicos, bombeiros, até mesmo os mascarados que surgiram há pouco tempo atrás. 

   — Os Guardiões? 

   — Eu não sei o nome deles. Não assisto muito noticiários e não fico na internet. O pouco que sei é o que falavam na minha antiga escola. 

GUARDIÕES: Chamas da justiçaOnde histórias criam vida. Descubra agora