GUARDIÕES: Chamas da justiça

Capítulo 25

   — Quantos de vocês existem? — questionou a rainha, olhando atentamente à sua volta com medo de que mais algum outro jovem com um amuleto surgisse de repente. Mesmo sendo a soberana do Olimpo, a deusa não tinha poderes relacionados ao tempo, ou seja, não sabia nada do que poderia acontecer, diferente de seu pai, que tinha todo o domínio sobre o que os mortais escolheram chamar de “malha do tempo”.

   — Depende, se eu disser, você vai embora? — perguntou a menina, como sempre sendo a mesma abusada e respondona. Mesmo que fosse apenas uma mortal tendo muito a perder em sua vida, Lady Hunter tinha escutado a parte sobre os deuses não poderem fazer nada, e ela rezava muito para que isso fosse verdade, caso contrário, seu corpo já teria sido atingido por um raio dos céus, o que realmente não seria difícil, considerando o clima que pairava sobre Lost River.

   A pequena cidade, que nunca foi retratada nos mapas, já costumava ter, no geral, um clima frio e chuvoso, assim como o de San Francisco, ou seja, na maior parte do tempo, a cidade era coberta por nuvens como aquelas, então não existiam muitos motivos para que os moradores locais ficassem preocupados. Lady Hunter só tinha estranhado o fato dos fortes ventos que surgiram de repente, o que fez com que ela presumisse que algo de errado estava acontecendo.

   — Quem vocês pensam que são para se oporem a uma rainha? — exclamou, fazendo com que um raio caísse em alta velocidade e acertasse uma das árvores que os rodeavam.

   Felizmente, não demorou nada até que a mestra Diana, que se encontrava na sala de treinamento preparando as coisas para a chegada dos jovens, pudesse sentir uma enorme presença por perto. De início, ela até cogitou que poderia ser Anthony ou Pietro utilizando seus poderes, mas logo em seguida ela se deu conta de que o que estava sentindo era algo muito mais poderoso, algo que apenas filhos de Titãs tinham. Quando percebeu que essa presença seria a de Hera, a mestra rapidamente correu até onde todos os outros estavam.

   — Essas são minhas crianças, deixe-as e vá embora. — disse Diana, se colocando na frente do jovem de pele parda. Por ser filha de duas deusas, a mestra já tinha em mente que algo como isso poderia acontecer, porém, ela também tinha conhecimento sobre o que fazer em uma hora como essa.

   — Diana, suas mães se sentiriam envergonhadas por você estar fazendo uma coisa dessas. — disse a deusa, apontando a palma de sua mão para a mulher de cabelos negros à sua frente, pronta para soltar um disparo poderoso de magia. — Você está protegendo mestiços. Isso é totalmente contra todas as leis dos deuses. Como uma, você deveria ter consciência de suas ações.

   — Igual você teve a consciência de largar Zeus depois de todos aqueles chifres? — retrucou.

   Obviamente irritada com o que acabara de escutar, Hera concentrou uma grande quantidade de magia divina e efetuou um disparo com força total em direção a Diana e seus aprendizes. Mas, para a infelicidade da deusa, a mestra conseguiu bloquear seu ataque usando as magias que aprendera durante anos.

   — Braya Kriztall Max! — gritou Diana, criando uma enorme barreira de cristais azuis que absorveram por completo o impacto.

   Feitiços como o Braya Kriztall não eram muito bons para batalhas, principalmente se você fosse um iniciante na magia ancestral. Geralmente, magias como essa, feitas apenas para defesa, eram bem fracas, e por isso nunca eram recomendadas durante um duelo. Entretanto, anos de prática fizeram com que a mestra elevasse o nível de todos os seus poderes ao máximo. Ou seja, feitiços simples realizados por ela tinham o poder de ferir até mesmo um ser divino.

   Diana não era temida à toa. Todos os clãs de magia a conheciam e a respeitavam por seus grandes feitos. Mesmo que não tivesse muitos anos de vida, sendo filha da deusa da feitiçaria, suas habilidades superavam até mesmo as de Soberanos, tendo a capacidade de realizar qualquer feito.