Capítulo 8

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   Alguns dias se passaram e Diana estava em seu quarto. Ela estava ajoelhada perante uma pequena estátua de uma deusa em um altar. A deusa em questão se chamava Hécate, e a mestra estava pedindo concelhos para aquela que lhe deu a vida.

   — Senhora, deusa das bruxas, eu lhe imploro por um conselho em relação ao que está acontecendo. — ela já estava a no mínimo uns trinta minutos de joelhos suplicando para ser atendida, mas ainda assim não tinha tido uma resposta.

   Depois de tantos anos vivendo em meio aos humanos, Diana não tinha mais aquela mesma fé de quando era uma simples obra de artes esculpida por duas belas deusas antigas, sendo elas Athena, a deusa da sabedoria, e Hécate, uma deusa primordial da magia e das trevas. As duas a criaram contendo uma beleza inigualável e uma sabedoria sobre tudo que existe ou já existiu. O problema é que a sabedoria sempre andou ao lado do questionamento, fazendo com que Diana, uma mulher criada apenas como uma pessoa que tomaria conta dos amuletos começasse a se perguntar o porquê do mundo ter se tornado algo cruel e nenhuma divindade nunca intervirem.

   Diana de Atenas já se perguntou muito sobre isso, e até mesmo já chegou a confrontar os próprios deuses do Olimpo frente a frente em uma de suas idas até lá. Ela já se colocou perante a presença dos pais dos deuses e o interrogou pessoalmente sobre qual seria seu problema, e a resposta dele foi tão simples que ela não pôde apenas aceitar de tal maneira.

   Zeus, o pai dos deuses, lhe deu uma única resposta, que foi a que todos os deuses se juntarem e anunciaram algo que nenhum deles jamais poderia intervir de qualquer maneira, que é o que todos conhecem como livre arbítrio. É lógico que quando algo acaba passando dos limites eles precisam agir, porém esse algo são mais coisas que infligem a paz decretada entre os mundos, como por exemplo a guerra dos Titãs, quando seres gigantes tiveram coragem de se opor contra os deuses olímpicos.

   Após a resposta fria de Zeus, Diana enfrentou suas mães para saber se aquilo seria realmente verdade, e para infeliz notícia, tudo o que Zeus disse não passava de verdade.

   Em alguns momentos deuses como Hécate, Ártemis e Athenas até poderiam aconselhar e dá um conforto, mas isso só poderia ser possível para aqueles que fossem devotos a elas. Só que desde o surgimento do cristianismo, as pessoas começam a demonizar os divinos e a temerem, vendo-os como se não passassem de criaturas malignas.

   Diana tinha pegado raiva dos deuses, mas ainda assim tinha uma mãe que a ajudaria e darias os melhores concelhos quando fosse necessário, por isso ela se encontrava nesse momento de joelhos esperando uma resposta vinda dos céus, e enfim a resposta que ela tanto queria chegou.

   — Minha filha, como posso ajudá-la? — perguntou uma voz vinda de trás da mestra.

   Diana se virou e de deparou com a deusa tríplice em sua forma humana, usando um lindo vestido verde e seus enormes cabelos negros soltos por cima de seus ombros. Essa era a mãe, com sua bela forma feminina de uma mulher forte.

   — Mãe, até que enfim a senhora me atendeu.

   — Me desculpa, minha filha. Desde que a bruxaria voltou a crescer, eu ando um pouco ocupada tendo que ir de lá para cá a todo o momento. Mesmo sendo onipresente ainda chega a ser bastante complicado depois de séculos sendo odiada. — a deusa se aproximou de sua filha — Posso ver que anda com problemas.

   — Os novos quatro Guardiões foram escolhidos pelos amuletos, e eu não faço ideia do que fazer. — a preocupação estava nítida no rosto de Diana. Ela pensava seriamente que isso não aconteceriam tão cedo.

   — Isso não é bom?

   — Não, não é nada bom. A senhora não se lembra do que rolou durante a guerra mundial?

   — Sim, eu me lembro filha. Mas você não pode deixar esse acontecimento do passado de assombrar por tantos anos, minha querida. — a deusa sabia o quanto que aquele ocorrido foi doloroso para sua filha. Até mesmo ela sendo uma deusa conseguiu sentir a dor daquele acontecimento cruel, entretanto, não havia nada que ela pudesse ter feito — Os amuletos foram feitos justamente para protegerem esse mundo sem que nós intervíssemos em algo. Como você quer salvar o mundo se não permitir que as joias encontrem novos portadores?

   — Eu não posso permitir que algo aconteça com aquelas crianças.

   — É a profecia, você não tem escolha.

   — Que se foda a profecia. Eu te amo e respeito muito, mãe, mas não posso permitir que algo de ruim aconteça com aquelas crianças que nem viveram direito. São jovens e cheios de coisas para aproveitarem da vida, mesmo que esse mundo esteja aos poucos se destruindo.

   — A escolha é deles, e não sua. Mas se quer ter a confirmação de que eles devem ou não continuar, o momento é agora.

   Diana estava prestes a perguntar sobre o que sua mãe estava se referindo quando escutou uma enorme explosão que parecia ter sido bem próxima. Ela puxou o celular do bolso e viu uma notícia que não era nada comum de estar sendo passada no noticiário local, que era sobre uma pessoa com roupas pretas está arremessando bombas pela cidade de Lost River e indo em direção a San Francisco.

   Quando voltou seu olhar, Hécate já não estava mais presente.

   Não demorou muito até que ela recebesse uma mensagem de Pietro dizendo que já estavam a caminho da cidade. É obvio que ela não queria que eles se intrometessem nisso, porém, sua mensagem dizendo para não fazerem nada foi completamente ignorada pelo jovem.

GUARDIÕES: Chamas da justiçaOnde histórias criam vida. Descubra agora