Capítulo 20

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   Sera estava completamente enfurecida e não sabia ao certo o que fazia naquele momento. Ouvir o que seu filho disse sobre Scott fez com que ela saísse de casa dominada pelo ódio em seu peito e pegasse o seu carro ruma em direção a casa de seu irmão que não morava muito longe. Como o vagabundo que ele era, a mãe de Anthony sabia que ele estaria em casa nesse horário, e quando chegou lá nem precisou bater na porta, tendo em mente o fato de que ela arrombou a porta da frente com apenas um chute seu. 

   Sera nunca foi vista como uma ameaça por sua mãe ou por qualquer outro Deus em questão pelo motivo de não ter despertado o seu lado divino e ter grandes capacidades mágicas, como voar, fazer feitiços ou coisa do tipo, mas isso não mudava o fato dela ter nascido com uma força sobre-humana e sentir uma fúria tão poderosa quanto a de um verdadeiro Deus quando é enfrentado. 

   Ela entrou na casa de Scott e foi até o quarto dele, onde ele se encontrava jogado em uma cama imunda rodeada de garrafas e latas de cervejas, além de cigarros e coisas bem criminosas de se usar. Quando Sera arrombou a porta ele acordou e parecia assustado, até porque não esperava que sua irmã fosse aparecer tão de repente bem no meio da noite. Scott se levantou da cama e se aproximou de sua irmã para perguntar o que ela queria, mas antes que pudesse dizer uma única palavra, o punho de Sera acertou em cheio seu rosto. 

   — Mas que merda! — gritou após levar o soco — Qual é a porra do seu problema, Sera? 

   Ela acertou outro soco, e logo em seguida deu um chute que o fez voar de volta para a sua cama repleta de lixo. 

   — O meu problema! — Sera ainda não conseguia acreditar que aquele ser em sua frente, o mesmo que ela sempre considerou como irmão e confiou para ficar perto de seu filho tinha feito algo tão desumano com uma criança. Independente se fosse com seu filho ou com qualquer outra criança, tudo o que ela conseguia ver era uma aberração ambulante — Seu filho da puta, você tirou a inocência do meu filho! A pergunta aqui é quem você pensa que é! 

   — Eu o que? — Scott se levantou — É sério que você prefere acreditar naquele pirralho mentiroso do que no seu próprio irmão? Fala sério, Sera, você sabe que seu filho faz de tudo para chamar atenção já que você não soube dar o suficiente quando ele era criança. 

   — Agora a culpa é minha? 

   — Você deixava aquele garoto sozinho e por isso ele sempre fez de tudo para ganhar atenção de homens. Ele se atirava para cima de mim quando você não estava por perto e entrava no banheiro enquanto eu tomava banho. — Scott era tão ruim em mentiras que acabou se atrapalhando ao tentar inventar alguma que justificasse o ato de crueldade que realizou — Se aconteceu algo com ele, pode ter certeza de que foi quando ele se atirou para cima de algum cara. 

   As palavras que Scott dizia só conseguiam deixar Sera com cada vez mais raiva. Ela não tinha como abraçar a ideia de que uma criança de cinco anos teria se atirado para alguém. Ela tinha em mente que aquele homem só dizia isso pelo fato de seu filho sentir atração por outros garotos. 

   — Meu filho só tinha cinco anos! Mesmo que por algum motivo ele se atirasse para cima de alguém, você tinha dezenove anos, idade o bastante para saber que não se deve tocar em uma criança. Eu confiava em você, por isso o deixava perto dele. 

   Scott sorriu. Ele claramente não estava dando a mínima para essa situação. Aquela não foi a primeira vez em que Scott fez algo contra o jovem Anthony, como por exemplo a vez em que ele tentou dar bebidas para o garoto, ou então tentou fazer com que seus amigos se aproveitassem dele, e todas as vezes em que o jovem de pele pálida tentou contar para alguém foi apenas ignorado ou chamado de maluco mentiroso. Justamente por todos esses acontecimentos, o ser monstruoso que Sera chamou de irmão a vida toda tinha certeza de que sairia impune. 

GUARDIÕES: Chamas da justiçaOnde histórias criam vida. Descubra agora