GUARDIÕES: Chamas da justiça

Capítulo 7

   Giselle estava em sua escrivaninha mexendo em seu computador enquanto Themis corria e pulava pelo seu enorme quarto. Themis estava admirada com todas aquelas coisas tecnológicas espalhadas por todos os cantos, e por mais que ela costumasse ser mais séria e comportada, Greco havia lhe dado liberdade para que ela fizesse o que tivesse vontade, portanto, que não destruísse nada.

   A garota de cabelos ruivos estava concentrada tentando ter ideias para novos desenhos de roupa que pudesse desenhar, mas por algum motivo era como se toda a sua criatividade tivesse sumido de uma hora para outra, coisa que nunca aconteceu desde que era bem pequena. Desde seus dez anos, Giselle vinha desenhando as roupas mais fabulosas e elegantes já vistas por sua família e toda a história da moda. Graças às suas obras criadas e vendidas no nome de sua família, a Grego Design já havia ultrapassado até mesmo as marcas conhecidas mundialmente.

   Giselle havia herdado esse dom de sua mãe, a ilustre estilista Giulia, que se tornou conhecida internacionalmente após se casar com Guilherme Greco, o homem que investiu boa parte de sua grana na carreira da jovem. Assim, os dois se casaram e tiveram duas filhas, sendo elas Giovanna e Giselle. Infelizmente, a mais velha era péssima em desenhar roupas, assim como a sua mãe e irmã mais nova, porém, ela ainda conseguia fazer algo que Giselle não tinha capacidade suficiente, que era ter puxado toda a inteligência de seu pai em relação à liderança, contabilidade e tudo o que precisa para administrar uma empresa multimilionária.

   Mesmo que Giselle não fosse nada boa nas coisas que sua irmã mais velha fazia com facilidade, ela ainda era a única herdeira da empresa da família apenas por seu talento excepcional. Isso a deixava furiosa, pois ela mesma nem queria ter que lidar com toda essa maldita pressão que seus pais deixaram em seus ombros, além de que, em apenas alguns anos na presidência da empresa localizada em San Francisco, Giovanna já tinha deixado aquele lugar muito melhor do que quando chegaram à cidade.

   — O humana, o que você gosta de fazer para se divertir? — perguntou Themis. Ela estava admirada com todos aqueles desenhos de roupas presos na parede do quarto de Giselle — Tipo, sem passar horas fechada nesse local dando uma de artista.

   — Eu vou para o meu treinamento de arquearia e depois para alguma festa maluca que me convidam. — Desligou o computador e girou sua cadeira na direção da semideusa — Eu não sou nem doida de passar horas e horas trancada nesse quarto como se minha vida não passasse disso.

   — Olha, como um ser místico com mais de trezentos mil anos, eu posso lhe afirmar que isso não é o suficiente para viver sua juventude. Bom, sei que não posso dizer nada, já que nós semideuses dos amuletos temos a juventude eterna. Mas acho que você deveria aproveitar mais.

   — Tá legal. Então, eu quero que você me treine. — Giselle se levantou da cadeira e andou até a bela semideusa de cabelos castanhos e aparência surreal.

   — Não foi isso que eu quis dizer. — Themis inclinou um pouco sua cabeça para o lado enquanto mantinha seus lindos olhos castanhos escuros fixos nos castanhos mel da ruiva — Ser um Guardião não significa aproveitar a vida como eu estava me referindo.

   Themis era a essência mais pura da deusa Ártemis, contudo, ela apreciava mulheres que se mostravam fortes e independentes, assim como a própria deusa da caça. Giselle já tinha pensado o suficiente para ter certeza de que quer ser uma verdadeira Guardiã, até porque se esse não fosse seu destino, não teria como ela ter sido escolhida.

   — Se eu fui escolhida, é porque existe um belo motivo para que isso tenha acontecido. Acho que uma semideusa como você não seria burra o suficiente para escolher alguém aleatoriamente.

   — Você tem razão. — Themis endireitou sua postura e amarrou seus fios de cabelos castanhos e ondulados em um rabo de cavalo. Logo em seguida, ela transformou seu vestido verde em um traje da caçadora — Então vamos treinar.