Capítulo 9

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   — Vocês são patéticos. Vocês não passam de crianças ingênuas que acham que podem se tornar algo maior. — caminhava em direção ao Starmorning.

   De fato essa luta tinha sido bem patética. Logo de primeira eles perderam miseravelmente, e olha que o vilão não precisou utilizar nem ao menos três por cento de seus poderes sombrios enquanto os enfrentava.

   Todos os quatro estavam conscientes mesmo depois de terem sido atingidos, entretanto, por algum motivo que eles não conseguiam identificar, era como se seus corpos não quisessem os obedecer e voltar para a luta. Sem dúvidas que a mais fraca fisicamente entre todos era a Lady Hunter após ter tomado toda aquela descarga de energia que quase a transformou em combustível para fogueira.

   Lady Hunter queria se levantar e regressar para a luta o mais rápido possível — se é que isso poderia ser chamado de luta —, mas aos poucos ela conseguia sentir toda a sua energia mística e vital sendo sugada sucessivamente sem parar. Isso a deixava com raiva e ao mesmo tempo com muito medo, pois se ela não conseguisse ao menos ficar de pé, com toda a certeza ela nunca seria digna o suficiente para ser chamada de Guardiã, e muito menos seria capaz de honrar o nome da Deusa Ártemis.

   Hunter juntou suas forças que restaram e se colocou de pé. Ela pegou o seu arco e madeira e apontou sua flecha verde, por fim a disparando.

   Devorador desviou da flecha e olhou para trás.

   — Parece que a senhorita errou. — disse com um ar de deboche.

   A garota sorriu.

   — Eu nunca erro.

   Starmorning que estava jogado no chão logo se levantou, pegando a flecha de sua parceira e a enfiando no ombro do Devorador antes mesmo que o vilão pudesse perceber.

   Assim que a flecha atingiu seu ombro, não demorou até que o Devorador atingisse o loiro de mais uma de suas descargas de energia mística e sumisse entre as sombras escuras que apareceram de repente.

   — Conseguimos, porra! — comemorou Starmorning, correndo na direção da garota de trajes verdes e a abraçando.

   Lady Hunter abraçou seu companheiro de volta. Depois ela foi ajudar Neró a se levantar enquanto Starmorning ajudava Shadowhunter.

   Isso era algo para se comemorar. Os quatro conseguiram ganhar a primeira de muitas lutas deles. Isso poderia ter sido sem dúvidas muito mais fácil do que realmente foi, porém dava para relevar por causa do fato deles ainda serem muito novos em relação a tudo isso.

   Todos eles estavam se sentindo parcialmente culpados por algo. Neró e Lady Hunter tinham em mente que não serviram para absolutamente nada durante essa luta. Shadowhunter estava se sentindo mal por ter permitido que os novatos se machucassem, ao mesmo tempo em que Starmorning não conseguia acreditar que quase perderam por culpa de um só pensamento que tirou por completo o seu foco durante a luta corpo a corpo com o Devorador. Ainda assim, os quatro tentavam transparecer o que sentiam colocando sorrisos de felicidade em seus rostos bonitos e se demonstrando super felizes por terem conseguido não morrer logo de primeira.

   Seus trajes os tornavam basicamente invulnerável, fazendo com que quase nada consiga os perfurar como deveria, que no caso são projéteis como bala os armas místicas, ou facas e armas humanas os místicas no geral. Todavia, como nem tudo nessa vida são flores, por mais que não sofram ferimentos sérios como um osso quebrado, eles ainda conseguiam sentir perfeitamente a dor de todos os golpes levados. No caso, todos os socos, chutes e descargas elétricas ainda doíam em um nível que nem dava para suportar.

   Os quatro heróis já estavam prontos para ir embora quando uma multidão começou a se aproximar de todos os lados, os deixando encurralados. Quando menos esperavam, todas aquelas pessoas presentes começaram a bater palmas e a gritar em comemoração, o que deixou os quatros bem alegres em ver a reação das pessoas com o que estava acontecendo.

   As pessoas estavam incrivelmente alvoraçadas com o que estavam vendo, mas todo esse alvoroço era em relação a intensa felicidade das pessoas só de pensarem que não iriam mais precisar ter medo de todas as coisas que aconteciam na cidade de Lost River. Por mais que elas nunca tenham presenciado nada como o Devorador em todos esses anos, elas ainda tinham muito medo em relação de todos os criminosos malucos que ficavam a solta por toda cidade como se fossem civis normais, e não terroristas, assassinos e monstros em geral.

   Os heróis nem ao menos sabiam como lidar com uma situação como essa. Eles jamais teriam imaginado que em algum momento de suas vidas eles seriam mais importantes do que qualquer coisa para a segurança das pessoas. Os quatro de fato sempre sonharam em poder mudar e ajudar o mundo de alguma maneira sendo pessoas ricas e coisas do tipo.

   Ser um herói com poderes mágicos é um sonho de quando somos crianças, porém, quando a adolescência chega, todos percebem que os únicos heróis da vida real são pessoas corajosas e destemidas que arriscam suas vidas todos os dias para salvar vidas civis, sendo eles médicos, bombeiros e polícias, pessoas que mesmo colocando as vidas alheias acima das suas nunca foram realmente valorizados como deveria. Por isso que um dos maiores sonhos de Anthony era ser um médico, e o de Pietro um cientista capaz de encontrar a cura para doenças raras.

   Agora os pequenos sonhadores deram início a chance que eles sempre quiserem ter, a chance de darem o seu máximo para realizarem o que acreditavam.

   Uma repórter se aproximou deles e começou a fazer um monte de perguntas enquanto se mostrava tão animada quanto as outras pessoas ao redor.

   — Qual são seus nomes? — perguntou.

   Starmorning se aproximou para poder responder.

   — Eu sou Starmorning, e meu amigos aqui são Shadowhunter, Neró e Lady Hunter. — disse apresentando cada um deles com um lindo sorriso encantador em seu rosto. — Juntos nós formamos os Guardiões.

   — Vocês são tudo o que essa cidade estava precisando.

   — Não é pra tanto. — Shadowhunter se juntou a seu parceiro em frente a câmera — Nós somos apenas pessoas que sonham tornar Lost River e toda a América em um lugar melhor para a população. Espero que nosso sonho de ajudar o continente Americano seja só o início para tornar o mundo inteiro um lugar ótimo para se viver.

   Lady Hunter e Neró foram até os outros dois para que também pudessem falar um pouco sobre o que estavam planejando em relação a terem se tornado heróis.

   Todos eles estavam igualmente animados com essa história, e não poderiam permitir que apenas dois deles tivessem um lugar de fala como se fossem os únicos da equipe. Contudo se aproximaram e começaram a falar um pouco.

   — Eu gostaria de deixar claro que o mundo é pouco. Nós vamos proteger cada mine centímetro dessa galáxia com todas as nossas forças e impedir que qualquer ameaça que seja consiga prevalecer enquanto estivermos de pé. — disse Lady Hunter.

   — Pelo visto estão bastante animados em terem se tornado heróis. — disse a repórter.

   — Claro. Nós nunca imaginamos que um dia seríamos heróis como os que assistimos na tv ou no cinema. — Neró sorriu — Não é que estejamos no nível dos Super Amigos, mas acho que talvez um dia possamos chegar lá.

   Todos riram juntos.

   — Bom pessoal, agora temos que ir embora. — lembrou Shadow — Ainda temos muito o que fazer.

   — Eu estou amando esse minutinho de fama, podemos ficar só mais um pouquinho? — Anthony Day-Lions nunca se sentiu alguém tão importante assim antes, e agora sendo um verdadeiro herói, ele queria aproveitar um dos poucos momentos sendo alguém totalmente diferente.

   Mesmo que Anthony e Starmorning fossem literalmente a mesma pessoa só que com aparência diferente, quando estava transformado, o garoto de pele pálida se sentia muito melhor, pois em sua cabeça era como se Day-Lions deixasse de existir e no lugar uma pessoa boa e amada surgisse no lugar. Starmorning era tudo o que ele sempre sonhou em ser, e agora que ganhou notoriedade sendo essa pessoa, o mesmo faria de tudo para aproveitar cada segundo.

   O pior é que nenhum deles poriam julga-lo, visto que todos se sentiam da mesma maneira. Mesmo que Pietro, Lorenzo e Giselle sejam pessoas muito aclamadas por serem filhos de quem são, eles estavam amando a sensação de serem algo muito além da extensão de seus pais. Ainda que ninguém no mundo soubesse quem eles realmente eram por baixo daquelas máscaras, isso era muito melhor do que viver sendo apenas mais uma pessoa vista o tempo inteiro como apenas mais um rosto bonito e muito dinheiro na conta.

   Giselle sabia muito bem como era a sensação de não ser nada além de uma garota sem personalidade. Por mais que em seus plenos quinze anos ela já tivesse seu nome assinado em diversas peças de roupas extremamente caras e fosse a próxima milionária do mundo, a única pessoa que a conhecia de verdade era seu melhor amigo Lorenzo. Tirando ele, todas as pessoas que diziam conhecê-la não sabiam nem ao menos qual era a sua cor favorita, ou então qual era seu prato predileto. Para todos, ela era apenas uma garota rica qualquer com um belo rosto e que tudo o que fazia só era reconhecido pelo fato de ter o sobrenome Greco em seus registros de nascimento.

   E depois de todos esses anos não passando de uma garota filhinha de papai metida a intelectual, Giselle finalmente tinha conseguido se encontrar sendo alguém de verdade. Alguém que não era vista como uma pessoa mimada que saía fazendo compras cara com o cartão do papai, ou então que só fingia fazer doações para ganhar mídia e seguidores nas redes sociais.

   A mesma coisa acontecia com Lorenzo, o garoto que mesmo tendo um irmão gêmeo, e mesmo sendo o menos bonito e talentoso, era o único herdeiro de toda a fortuna dos Stuart-Norton. Isso com toda certeza só não deixava todos com raiva pelo fato de que Lucas era conhecido como o próprio capeta na terra por conta de todas as merdas que fazia desde que era apenas uma criança. Justamente por causa dos comportamentos agressivos e delinquentes do gêmeo mais novo, toda a alta sociedade coloram suas apostas no irmão mais comportado e gentil, e com isso também vieram todos os tipos de pressão para que ele fosse sempre o ser humano mais perfeito que já pisou na terra. Ele tinha que ser o mais bonito, mais talentoso, mais tudo caso realmente não quisesse acabar sendo deserdado como o seu irmão que escolheu um caminho fora das leis.

   Lorenzo muitas vezes só se perguntava como seria sua vida se ele não fosse apenas um Stuart-Norton e que pudesse ser uma pessoa normal com sonhos e sentimentos. Ele só queria saber como era ser algo mais do que uma máquina criada para ser melhor do que qualquer um e que nunca pudesse decepcionar ninguém sem que se sentisse mal no final das contas.

   Com certeza que com Pietro não era diferente. Mesmo que ele nunca tenha sofrido pressão alguma vinda de seus pais durante sua vida, o jovem nunca soube o que realmente queria de verdade. Até mesmo seu sonho de se tornar um cientista para tentar desenvolver curas era algo baseado na profissão que seus pais levavam desde novos. Os dois eram formados nas melhores faculdades que poderiam existir, como por exemplo o MIT, que foi o lugar onde seu pai se formou.

   Ainda que fosse o mais inteligente da família, Pietro nunca imaginou que teria capacidade o suficiente para chegar onde seus pais chegaram. Contudo, ele mesmo colocou uma pressão enorme sobre seus ombros por causa do seu profundo medo de decepcionar sua família inteira por não ser tão inteligente quanto eles. O membro mais novo da família Sánchez Vasconcelos se via na obrigação de pelo menos chegar onde sua irmã Teresa tinha chegado, que no caso é a formação dela em Ciências mecânica como o seu pai.

   Sendo heróis era meio que a melhor chance que todos eles tinham de provar para o mundo que eles eram algo muito melhor do que imaginavam que seriam.

   — Sabe que se gabar não é lá algo muito heroico, né? — disse Lady Hunter — O Shadowhunter está certo. Eu tenho muito o que fazer quando voltar para minha humilde casa.

   — Eu não estou me gabando. Apenas quero apreciar o momento de ser o cara mais foda do mundo.

   — Isso é se gabar, seu otário. — Neró deu um tapa na cabeça do loiro.

   — Saí pra lá, Avatar.

   — Vai fazer o que? Vai me bater? — provocou.

   — Talvez eu te transforme essa pequena sereia em um sushi, o que acha?

   Neró se aproximou bastante de Starmorning e ficou cara a cara com o menor. Ele chegou tão perto que era possível um sentir a respiração do outro.

   — Por que não tenta, Cinderela?

   — Você não tem medo nenhum de morrer, não é mesmo?

   — E quem vai me matar, você? Talvez se conseguisse chegar na minha altura seria mais fácil. Ah, eu me esqueci que você ainda nem saiu das fraudas.

   — Vai se foder seu merda. Você só é cinco centímetro maior do que eu, seu filho da puta.

   Todos estavam em completo silêncio ao presenciar o que nem ao menos sabiam se era uma briga de verdade ou apenas duas pessoas de sexo masculino tentando provar o quanto que são homens.

   Lady Hunter rompeu o silêncio.

   — Meninos, eu até entendo se vocês quiserem se comer, mas acho que agora não é um bom momento. — disse a garota — Vamos antes que eu vomite vendo o quanto que são homens com agá maiúsculo.

   — Vamos logo. Não estou afim de ver disputa para saber quem é mais homem nessa droga. — Shadowhunter pegou impulso e foi embora voando.

   Os três se despediram da repórter e foram atrás do Shadow.

   Aquela luta com o Devorador realmente foi algo bem marcante, visto que o corpo de Anthony já estava dolorido há três dias inteiros desde aquele encontro maravilhoso em que ele levou um soco que o fez ser lançado contra a parede se um prédio

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   Aquela luta com o Devorador realmente foi algo bem marcante, visto que o corpo de Anthony já estava dolorido há três dias inteiros desde aquele encontro maravilhoso em que ele levou um soco que o fez ser lançado contra a parede se um prédio. O seu rosto e suas costas doíam tanto que ele nem ao menos conseguia dormir direito sem acordar no meio da madrugado com o seu corpo doendo.

   Ainda que estivesse bem acostumado com a dor de uma luta por conta de todas as vezes em que se meteu em brigas de rua após a saída da escola, Anthony definitivamente nunca tinha sentido uma dor tão grande assim.

   Apollo já tinha lhe dado mil concelhos sobre como o garoto de pele pálida poderia contar sobre a dor que estava sentindo para a sua mãe sem que ele descobrisse que na verdade ele era a porra de um super herói que apanhou para um cara vestindo roupas pretas, mas mesmo assim isso ainda estava totalmente fora de cogitação. Anthony sabia perfeitamente o quanto que sua mãe era paranóica e sabia que não demoraria muito até que ela descobrisse o que ele estava aprontando, por isso achava mil vezes melhor comprar um monte de remédios para dor escondido e tomar como se não fossem drogas capaz de vicia-lo rapidamente.

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