2011

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Último dia de escola. Finalmente. Eu não aguentava mais estudar coisas que eu não gosto e que tenho certeza que nunca vou usar na minha vida profissional.

Para que estudar literatura francesa se no próximo ano eu iria esquecer tudo isso para me aprofundar em química, em Toulouse

Moro em Saint-Jean-d'Illac desde sempre, mas, para estudar, sairei sozinha da cidade para morar em Toulouse. Quer dizer, sozinha não. Vou com meu melhor amigo, Trévor Clévenot, que foi contratado por um time da cidade. 

Somos melhores amigos desde que nascemos. A mãe dele é minha madrinha. Minha mãe é madrinha dele. Elas são amigas desde a faculdade de direito. Melhores amigas que engravidaram praticamente ao mesmo tempo, pois eu e Trev só temos 12 dias de diferença.

Trev joga vôlei, tem quase 2 metros de altura (1.99, para ser mais exata) e é a melhor pessoa que eu já conheci. Além de ser o mais bonito. Por causa da amizade de nossas mães, fomos acostumados a fazermos tudo juntos. Inclusive, desde que tirou carteira e ganhou um carro, ele me busca em casa e vamos juntos para a escola todos os dias. Eu também sei dirigir, mas prefiro as caronas com ele.

— Pronto para o seu último dia de aula da vida? — pergunto para Trev assim que entro no carro

— Esperei os últimos 4 anos por isso — ele ri — não entendo como alguém pode genuinamente gostar de química e física

— Ei! — dou um tapa de brincadeira e de leve no ombro dele — engenharia química é um curso ótimo, eu tenho certeza que você ia acabar gostando. E é mais fácil que jogar vôlei

— Aham, com certeza — ele ri também — mal posso esperar para esquecer até como escrevo meu próprio nome

— Isso não — rio — vai ter que saber para dar muitos autógrafos quando for campeão olímpico

— Deus te ouça, Kate — ele dá um sorriso de lado para mim

Chegamos na escola, achando que, por ser o último dia de aula, talvez fosse menos chato. Que nada. Alguns professores insistiram em realmente dar aula. Mais uma vez: pra quê?

Eu me distraí conversando com Trev, convencendo ele das trezentas e nove compras que precisaríamos fazer quando nos mudássemos. 

Os últimos minutos do nosso último dia de aula se arrastaram. O sino finalmente tocou, e a sala se encheu de gritos e risos.

— Conseguimos! — disse Trevor, levantando-me do chão em um abraço de urso.

— Sim, conseguimos! — respondi, rindo. — Mal posso acreditar que acabou.

Saímos da escola juntos, como sempre. 

No estacionamento, nossos colegas estavam fazendo planos para comemorar.

— Ei, Kate, Trev, vocês vão ao churrasco na casa do Léo hoje à noite? — perguntou Ana, uma das nossas amigas mais próximas.

— Claro, não perderíamos por nada! — respondeu Trevor antes que eu pudesse falar. Ele estava sempre ansioso para socializar, e essa noite não seria diferente.

Depois de algumas horas em casa, nos arrumamos para a festa. Trevor apareceu na minha porta, vestindo jeans e uma camiseta casual, o cabelo loiro bagunçado do jeito que sempre estava depois dos treinos.

— Pronta para comemorar? — ele perguntou

— Pronta. — respondi, com um sorriso no rosto

A casa de Léo estava iluminada e cheia de gente quando chegamos. O cheiro de carne assando na grelha enchia o ar, misturado com risadas e música alta. Trevor, como sempre, parecia vereador. Conversava com todo mundo e interagia muito. 

So high school - Trevor ClevenotWhere stories live. Discover now