Meu colega de quarto é uma fraude! | sunjay

Dia 2 - Química

Sunoo pensou que, do nada, havia ido parar no inferno.

Em sua primeira noite no interior, ele se deu conta de que teria que dormir de peruca, o que seria um grande incômodo. Depois de refletir muito sobre isso — porque não poderia viver assim por um mês inteiro — lembrou-se daquelas toucas de cetim que as mulheres usam para manter o cabelo bonito enquanto dormem. Poderia comprar uma delas e ficar sem a peruca por baixo, assim seu colega de quarto não desconfiaria de nada.

Isso, é claro, era o menor de seus problemas. O maior deles era que Jay era como uma britadeira, roncava alto e profundo, quase causando um terremoto no quarto. O pior era que tinha sono leve, então ficou rolando de um lado para o outro da cama, até desistir e acabar dormindo apenas algumas horas por exaustão. Estava profundamente arrependido de ter aceitado fingir ser sua irmã. Ela iria lhe pagar por isso...

Na manhã seguinte, ele tinha olheiras escuras debaixo dos olhos. Por sorte, aprendeu a fazer maquiagem, então as cobriu da melhor forma que conseguiu. Nem tinha ido para a faculdade e já estava exausto. Como sequer iria sobreviver?

Depois que vestiu as roupas mais fofas que tinha comprado e fez trancinhas no cabelo, foi até a cozinha beber um copo de leite. Jay já estava por lá, fazendo alguma coisa no fogão. Ele nem sequer deu bom dia, apenas pegou o leite na geladeira e se sentou na cadeira diante da mesinha que havia ali, quase dormindo.

— Você só vai comer isso? — Jay o espiava com o canto do olho.

— Eu não como pela manhã.

— Mas devia.

Naquele momento, Wonhee apareceu vestida com o uniforme escolar e uma trancinha de cada lado da cabeça. Ela os cumprimentou sorridente, mas logo notou que Sunoo parecia acabado.

— Ei, o que aconteceu? Você não dormiu bem?

— Não consegui, alguém roncou a noite inteira — disse ele, fazendo uma expressão rabugenta.

— O que você está dizendo? Eu não ronco! — Jay se virou e o encarou.

— Imagina se não roncasse... Eu simplesmente fui torturada a noite inteira!

Wonhee colocou a mão em seu ombro e tentou consolá-lo. Jay então pegou a omelete que tinha preparado e colocou em um prato diante de Sunoo, que o encarou confuso.

— Coma, não faz bem sair de estômago vazio — Ele então olhou para a mais nova. — E quanto a você?

— Eu não como de manhã também...

Sem dizer qualquer coisa, Jay começou a preparar outra omelete. Parecia que era assim que ele resolvia as coisas, pensou Sunoo. Talvez fosse alguém que não era bom com palavras e estava tentando se desculpar dessa forma. E, como a omelete estava realmente gostosa, não fez muito caso disso.

— Ah! — disse Wonhee depois, enquanto mastigava sua omelete. — Eu tenho uma bicicleta que vocês podem pegar emprestada. Podem usá-la para ir para a universidade, embora não seja longe para ir a pé. Como vou para a escola de ônibus escolar, não preciso dela agora.

Sunoo e Jay se olharam e disseram "eu quero!" ao mesmo tempo. Então, a mais nova sugeriu que decidissem no 'pedra, papel, tesoura'. Podiam revezar e cada um a usaria um dia. Parecia que não era o dia de sorte de Sunoo, pois seu colega de quarto foi o vencedor e teria que ir a pé hoje.

Tinha ido buscar sua mochila no quarto quando viu Jay parado com a bicicleta diante da porta. Ele deu uma batidinha na parte de trás dela e o chamou:

— Venha, eu te dou uma carona.

O primeiro pensamento de Sunoo foi negar, pois se aceitasse, teria que ficar agarrado a Jay, o que lhe causava vergonha e repulsa na mesma medida. No entanto, estava exausto demais e queria evitar caminhar muito, já que as bolhas do dia anterior ainda não tinham sarado. Ele então se sentou sem jeito, procurando deixar as pernas bem fechadas por causa da saia, e se segurou nele o mais fraco que conseguiu. Jay não disse nada, apenas pedalou devagar para não derrubá-lo no caminho. Enquanto passavam por cenários que eram novos para ambos, Sunoo notou algo.