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— Valéria, você enlouqueceu de vez? Se você fizer isso e alguém souber você vai tá ferrada! – Falei cruzando os braços.

— Olha, se não for pra me ajudar, não me atrapalha! – Valéria disse grossa e ignorante como de costume.

— Tudo bem, depois não diga que ninguém te avisou então, Valéria! – Afirmei, eu tinha certeza que aquilo iria dar errado. — Vem, Marcelina.

Sinceramente, eu até poderia ajudar a Valéria em qualquer coisinha que fosse mas bisbilhotar o caderno da professora Helena para saber as respostas da prova era loucura, aquilo tinha 98% de chances de dar errado e eu nunca iria me arriscar apenas pelos 2%

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O sinal tinha acabado de tocar, indicando que o recreio tinha acabado.

— Esther, será que a Valéria tá bem? – Marcelina novamente me perguntou preocupada, eu já estava me irritando com aquilo.

— Por favor né, Marcelina! Já é a quinta vez que você me pergunta a mesma coisa. A gente avisou pra ela as consequências, mas ela quis ir então não podemos fazer nada e aliás vem logo vem, o sinal já tocou! – Exclamei rezando para não perder meu último triz de paciência.

— Mas...

— Mais nada, Marcelina, vambora! – Agarrei o braço da menina e a puxei indo em direção a fila que estavam fazendo na frente da porta da sala.

Chegando lá, não demorou muito para a professora Helena abrir a porta, deixando todos nós entrar.

— Vamos crianças, podem entrar! Mas sem empurrar, entrem devagar. – A professora disse simpática, dando espaço para a gente entrar.

Ao entrar na sala, me sentei na minha carteira, começando a me organizar para a temida prova de matemática, era até engraçado ver a cara de medo de alguns, principalmente a do Jaime, nunca vi alguém ter tanto medo de uma matéria.

— Vocês dois aí atrás, se sentem. Kokimoto, vem. – A professora disse chamando pelos dois alunos que estavam de pé no fundo da sala conversando.  — Quero que abram os cadernos de vocês, vamos começar o teste de matemática.

— A não, professora.. – Jaime reclamou.

— A sim, Jaime. Vamos, abram os cadernos que eu vou ditar os problemas, eu quero que terminem até o final dessa aula. – A moça disse e se sentou em sua cadeira.

Teria acabado de abrir o meu caderno de matemática quando olhei para a cara da professora, ela estava com uma feição meio de desconfiada e confusa olhando seu caderno, logo que notei, olhei para Valéria vendo sua cara de medo.. foi o que eu pensei, o que tinha 98% de chances de dar errado realmente deu errado como eu já imaginava, alguma coisa a Valéria fez no caderno de professora e provavelmente ela iria notar.
Não demorou muito para a professora Helena se levantar de sua cadeira com o caderno em mãos e nos olhar.

— Quem fez isso? — Ela virou o caderno em nossa direção e meus olhos quase pularam para fora de tanto que se arregalaram, o caderno estava com uma mancha enorme de café. — Quem foi? Eu quero saber quem foi o responsável por isso. — A professora exigiu. — Quando saímos para o recreio, meu caderno estava limpo e fechado, e meu copo de café estava cheio. Agora que voltamos do recreio, meu caderno está manchado e o copo de café está vazio, alguém deve ter entrado aqui na hora do recreio e causou esse desastre. E eu quero saber quem foi, agora!

𝐌𝐄𝐔 𝐉𝐀𝐏𝐈𝐍𝐇𝐀 | 𝐊𝗼𝗸𝗶𝗺𝗼𝘁𝗼 𝐌𝗶𝘀𝗵𝗶𝗺𝗮Onde histórias criam vida. Descubra agora