Capítulo 1

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Mariana Rezende
     - Concentração Mari, concentra e vai!

      Nesse momento, o som da torcida ficou mudo e tudo que eu conseguis escutar no ginásio era o meu cora ção acelerado e meu treinador me dando apoio.  Era o último set,  14x13 para a gente, eu estava no saque.  Tecnicamente, era a última bola do jogo, a última bola para definir o futuro no campeonato. O futuro do time estava, literalmente, em minhas mãos.

     Bati a bola no chão três vezes, como de costume.  Fechei os olhos e prendi a respiração para me concentrar. Pedi força à Deus, respirei fundo e pulei.

      Foi tudo muito rápido.  Só voltei para a realidade quando as meninas vieram me abraçar e eu escutei todo mundo comemorando muito alto.

     Eu acertei.  Consegui classificar meu time para o campeonato estadual de vôlei.  Minhas companheiras de time me carregaram no ombro, como se eu fosse um troféu.  Depois de 10 anos, o time ia disputar o campeonato estadual mais uma vez. Graças a mim, a capitã.

     Me chamo Mariana. Tenho 26 anos e sou jogadora profissional. Jogo no time da minha cidade, São Sebastião. Moro aqui a vida toda, e as vezes que saí da cidade, foram por causa de jogos/premiações com o clube. É difícil para alguém da minha idade, que vem de uma lesão na coxa e se mantém sozinha, sem praticamente nenhum suporte. Sofri uma lesão na última temporada, coisa feia mesmo. Pensei que nunca mais iria conseguir pisar em uma quadra novamente. E cá estou, depois de 8 meses, classificando meu time pra um campeonato de extrema importância.

     Perdi meus pais quando tinha 15 anos, em um acidente de carro na estrada. Eles voltavam da capital, São Paulo, quando um caminhão perdeu o controle e acertou o carro deles em cheio. Nesse dia, não foi só eles que foram embora, mas uma parte de mim também. Morei na casa de uns parentes por parte da minha mãe até completar 18 anos. Foi a pior época da minha vida. Aguentar desaforo, brigas, tortura psicológica e física. Me tratavam muito mal. Me diminuíam, não acreditavam que eu podia ser alguém na vida. "Vai fazer uma faculdade, jogar vôlei não sustenta ninguém". Mas eu nunca desisti. Lutei pelo meu sonho, afinal, jogar vôlei está nas minhas veias.

     Foram 3 anos vivendo esse pesadelo, de não ter as pessoas que eu mais amava do meu lado e não podendo realizar meu sonho. Até eu terminar o ensino médio, tinha certeza que teria que entrar em alguma uni da vida, em um curso qualquer, para ser alguém. Mas, dois dias depois do meu aniversário de 18 anos, o treinador do São Sebastião me convidou para uma peneira. Essa foi a oportunidade perfeita para sair daquele hospício que chamava de "casa". Dei o meu melhor e consegui minha vaga no time. Com meu primeiro salário, consegui pagar aluguel em uma casa "quarto/cozinha" na orla da praia. Acho que aquele foi o dia mais feliz da minha vida. Foi ai que desenvolvi meu hobby e terapia: o surfe.

     Não vou dizer que sou a melhor surfista, ou profissional, mas sei me virar bem na prancha. E o melhor de tudo, me sinto leve e me divirto fazendo isso. Sempre que preciso desestressar, corro pra pegar uma onda. Mesmo agora, tendo uma condição melhor e morando mais afastada da praia, sempre tento escapar para o mar.

     Acabei de chegar na minha casa, já são 02:30 da manhã. Depois da vitória do jogo e da classificação, saímos para comemorar em um barzinho e perdemos um pouco a noção do tempo. Joguei meu tênis no chão da sala e fui procurar a Lola pela casa. Lola é minha golden, peguei ela ano passado, depois da lesão. Era um momento delicado no clube, na minha vida pessoal e precisava de alguém para me dar suporte. Ela foi minha melhor decisão, está sempre comigo e me faz bem. Abri a porta do meu quarto e lá estava ela, jogada na cama. Assim que me viu, levantou correndo e se jogou contra mim. Essa louca quase me derrubou.

     - Oi meu amorzinho, a mamãe demorou né? - disse enquanto fazia carinho nela - Você deve estar com fome né filha, me perdoa!

     Depois de ter colocado comida pra ela e tomado um banho, deitei na cama. Estava acabada, e muito, muito feliz! O campeonato estadual começa em uma semana, então agora o foco tem que ser total. Todo ano acontece um sorteio para saber qual cidade será realizado o torneio, e esse ano Maresias foi a grande escolha. É uma cidade bem próxima da minha e muito conhecida pelas ondas. Com certeza minha prancha não vai ficar de fora da mala.

     Nem percebi quando adormeci, acordei com o sol estralando no quarto. É domingo, dia de folga. Não tenho plano pra hoje, provavelmente pegar uma praia e depois passear com a Lola.

     Levantei, fiz minhas higienes e desci para preparar alguma coisa leve para comer. Depois de me alimentar, alimentar minha bebezinha e colocar meu biquíni, resolvi arrumar a bolsa da praia. Livro, óculos de sol, protetor solar, uma toalha e meu fone de ouvido. Coloquei tudo dentro da bolsinha e peguei minha prancha.

     O dia estava lindo, sem nuvem no céu e com várias ondas no mar. Cheguei na areia, estendi minha toalha e peguei um cantinho pra mim. Decidi tomar um sol, para começar. Era 10:30, horário perfeito. Aproveita a calmaria para fazer uma postagem sobre a vitória de ontem.

 Aproveita a calmaria para fazer uma postagem sobre a vitória de ontem

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     @marirezende: Não tenho palavras para expressar minha felicidade

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     @marirezende: Não tenho palavras para expressar minha felicidade. Agradeço a Deus, pela oportunidade de realizar meu sonho e ao Serginho e minhas companheiras de equipe, por confiarem em mim. Nos vemos em Maresias 🏐❤️
curtido por bruninho1 e outras 2.000 pessoas
@rafaalmda: nossa capitã, maresias nos aguarde 🫶🏻
@santomonique: Obrigada você Mari, por nos fazer chegar tão longe 💖
@pedroribeiro: boa meninas, vocês são demais
@bruninho1: Parabéns Mari, estou na torcida!!! Nos vemos em Maresias 👀🥳💚

     Fiquei muito feliz de ler o comentário do Bruninho. Fazia tempo que não tínhamos contato. Ele é meu primo de um grau bem distante, por parte do meu pai. Nos encontramos pouquíssimas vezes antes do acidente. Começamos a ter mais contato por causa do vôlei. Jogos, comemorações, competições. E não é que o gene "jogador de vôlei " vem de família mesmo? E pelo jeito, vou ter a oportunidade de encontrar com ele novamente, em Maresias. Agora que estou ansiosa mesmo pra esse campeonato...

Notas da autora
Sejam bem-vindos a essa nova história envolvendo Gabriel Medina e Mariana Rezende. Quero deixar claro que tudo escrito aqui, não passa de ficção. Coisas que surgem na minha cabeça, sem relação alguma com a realidade. Medina é uma pessoa real, que será respeitada nessa história. Espero que vocês gostem e acompanhem essa aventura nova comigo. 🫶🏻

Filhos do Mar || Gabriel MedinaOnde histórias criam vida. Descubra agora