Capítulo 12

640 48 1
                                    

Gabriel Medina
     Admito que eu estava começando a me interessar pelo vôlei. E não só por causa da minha nova amiga Mariana, mas por ser um esporte muito emocionante e empolgante de assistir. A partida estava bem disputada e, apesar de eu ser crescido e vivido em Maresias, estava torcendo para a equipe rival, da cidade vizinha.

      O jogo já tinha passado da metade quando a Mari levou uma super bolada na cara. Na hora, parece que o mundo parou e eu só conseguia escutar meu coração batendo acelerado. Tudo ficou em câmera lenta, e a imagem dela caindo com tudo no chão ficou na minha cabeça.

Na hora, ouvi berros das meninas da equipe dela. Uma xingando a jogadora que tinha acertado a camisa 7, outras correndo preocupadas até a Mari. Eu levantei desesperado, queria fazer alguma coisa. Mas não podia. Ninguém sabia que estava aqui. Nem ela, nem o Bruninho, nem os meus amigos. Eu tinha que fingir apenas uma preocupação de longe e tentar acalmar meu coração.

Contei exatos vinte minutos até ver ela se mexer sozinha. Respirei aliviado. Da distância que eu estava, não era possível ouvir o que os médicos estavam dizendo, mas pela cara da Mari, ela não estava gostando. Do nada ela levantou sozinha e sentou no banco de reservas. As meninas se organizaram novamente em quadra e eu entendi que iriam retomar a partida.

Dei uma risadinha leve quando vi que obrigaram ela a colocar um pacote de gelo na cabeça, provavelmente por causa do inchaço.

O jogo acabou. O time de São Sebastião era o novo campeão do campeonato. Bati palma e dei uns gritos junto com uma minoria da plateia. Tentei ser o menos escandaloso possível, afinal, não queria que me reconhecessem e causassem algum tipo de tumulto. Hoje, apesar de meu aniversário, o dia não era sobre mim.

Desci as escadas e cheguei bem próximo da quadra. As jogadoras do time campeão estavam todas se abraçando e comemorando juntas. Esse foi o momento perfeito. Cheguei perto do treinador, que prontamente me reconheceu e abriu um sorriso.

- Gabriel Medina, que honra ter a sua presença aqui hoje - ele exclamou, realmente com uma cara de surpresa.

- A honra é a minha de poder presenciar um jogo do seu time. Parabéns, vocês são realmente muito bons e mereceram o título. - estendi a mão para um cumprimento e ele aceitou - preciso de um favorzinho seu.... - não completei a frase, esperando que ele me dissesse o nome dele.

- Serginho, pode me chamar de Serginho - ele soltou nossas mãos e me olhou com o olhar curioso - No que posso te ajudar?

- Preciso que você me arrume cinco minutos com uma de suas jogadoras, aquela ali - apontei discretamente na direção da Mari, que agora estava abraçando o Bruninho - Mas com um porém: tem que ser reservado. Não quero que mais ninguém saiba.

- Opa, prontamente cara. A minha menina de ouro tem tudo pra se tornar famosa né? - quando ele disse, meio que me obrigou a fixar o olhar nela. - Desce lá no vestiário, você já sabe onde é. Vou pedir pra ela ir também. Mas são cinco minutos cronometrados, a cerimônia vai começar em breve.

Dei um super sorriso e agradeci algumas vezes. Andei rapidamente em direção ao vestiário e fiquei no celular esperando. Escutar a voz dela me fez levar um susto e ficar contente ao mesmo tempo.

- Pensei que você não fosse vir hoje - a voz calma dela invadiu o silencioso vestiário.

- E perder a oportunidade de ver a melhor jogadora em quadra? - guardei meu celular no bolso e dei um sorriso - Não sou louco assim.

- Ah bem que eu ouvi mesmo a Gabi falando que você iria ver ela hoje - ela nem tinha terminado a frase e eu já estava revirando o olho. Era só o que me faltava essa Gabriela começar a embaçar na minha.

- Tá melhor da cabeça? - perguntei com certa preocupação e cheguei mais perto dela - Me deixou preocupado, camisa 7.

- Estou sim, foi só o susto - percebi a cara que ela fez no momento que eu ceguei mais perto.

- E eu vou ter sua ilustre presença na minha festa hoje? - estiquei a mão e encontrei a dela, que estava gelada gelada.

- É não sei - ela soltou a mão e claramente percebi o nervosismo e a tensão no ar. Consegue adicionar mais dois nomes na lista? - ela fez uma cara super fofa de criança pedindo algo para os pais sabe? E isso me tirou um sorriso bobinho.

- Claro, me manda os nomes. Tenho que ir, jogadora. Te vejo mais tarde - pisquei pra ela e andei em direção a saída. - O dress code é branco viu - falei e saí do vestiário.

Corri até em casa, isso porque agora faltava pouquíssimo tempo para a festa começar e eu nem pronto estava. O pessoal me ligou desesperado querendo saber onde que eu havia me enfiado, mas eu disse só que fui resolver uns B.O e já estava chegando.

Estacionei meu carro na garagem e cara, aquele lugar não parecia minha casa. Estava totalmente diferente e decorado para a festa. Diversas ilhas de comidas espalhadas pelos ambientes, junto com a decoração, sofás e caixas de som. Corri para o meu quarto, joguei uma água no corpo e coloquei a roupa. Agora era o momento de curtição.

     Em poucos minutos a festa lotou. Tinha realmente muita gente. E apenas duas regras: nada de eletrônicos e sempre respeitar o outro. Então vocês podem imaginar que rola muita coisa por aqui.

     Como de costume, 23:30 chegou o bolo para cantar o parabéns. Nesse momento as pessoas não estava, bêbadas ainda, então dava para fazer uma coisa mais bonitinha de aniversário. Colocaram o bolo na minha frente e uma galera se reuniu em volta da mesa. O tradicional parabéns foi cantado em coro pelos meus convidados. Eu só sabia agradecer mentalmente por mais um ano abençoado. Chegou a hora de assoprar as velas.

     Levo a tradição das velas no aniversário muito a sério. O pedido a ser feito tem que ser com o coração leve e a cabeça vazia. Respirei fundo e fechei os olhos. Desejei e assoprei as velhinhas com os números 3 e 0. Ouvi a galera batendo palma e comemorando. Abri meus olhos e eles imediatamente se prenderam nos de alguém. Seria possível que o meu desejo já tivesse sido realizado?

Notas da autora
Boa noite pessoal. Muuuuuuuito obrigada pelos 2k de visualizações, vocês são simplesmente incríveis!! Fico boba de acompanhar cada voto, comentário, interação de vocês. De coração, obrigada.
Hoje tem Medina na água, em. Vamos torcer pelo nosso surfista preferido e sonhar com a classificação.
Até a próxima.
Beijinhos 🫶🏻

Filhos do Mar || Gabriel MedinaOnde histórias criam vida. Descubra agora