Capítulo 7

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Mariana Rezende
     Acordei antes do despertador tocar. Sabe quando temos uma noite de sono tão boa, que parece que foram horas e horas? Assim foi essa noite pra mim. Descansei horrores e acordei 100% disposta.

     Isso é muito bom, já que meu time depende de mim na partida da semifinal hoje. Lembrar do jogo agora cedo não foi uma boa ideia. Um calafrio percorreu meu corpo todo. Eu estava morrendo de medo e nervoso.

     Decidi tomar um banho pra afastar esses pensamentos da cabeça, e assim eu fiz. Um banho mega relaxante, saí dele até mais leve. Coloquei uma roupinha qualquer e desci para o café da manhã com as meninas.

     O clima estava estranho. Normalmente todas nós estamos rindo, conversando, fazendo piadas. Mas hoje, o restaurante do hotel estava em um silêncio absoluto. Só dava pra escutar o barulho dos talheres batendo nos pratos. Isso era uma coisa que me encantava. O poder de concentração dessa equipe. Nós sabíamos a hora de brincar, e a hora de levar a sério.

     Terminei meu café em silêncio e subi para o quarto. Coloquei meu uniforme da partida e percebi que ainda não tinha encostado no celular hoje. Dei uma passada nas notificações só pra dar uma olhada, depois da partida eu responderia com calma. Tinha das minhas amigas da escola, me desejando bom jogo. Do Bruninho também, falando que estaria na primeira fileira pra me acompanhar. Fiquei feliz com as mensagens, mas uma em especial me chamou atenção.

     Ele teve a audácia de me mandar mensagem. Não bastou tirar a minha paz no mar ontem e pedir pra me seguir. Ele me mandou mensagem. Não vou negar que o esforço dele é de se admirar. Mas não vai funcionar comigo. Li a mensagem e ele ,e agradeceu por ter salvo ele. O que me preocupou foi o resto da mensagem.

     Ele disse que TALVEZ estaria lá hoje. Fala sério. Tenho certeza que ele fez isso de propósito. Pra abalar com meu psicológico. Agora eu estava mais nervosa ainda. E eu nem sei explicar se era por causa do jogo ou dele.

Faltava menos de cinco minutos para a partida começar. Senti meu estômago revirando. Fazia tempo que eu não ficava assim por causa de um jogo. Mas eu ia conseguir.

Tocaram o hino do Brasil, rolou todo o protocolo de apresentar jogadora por jogadora. Começaram pelo nosso adversário, nós aplaudimos o nome de todas. Assim que acabou, começou o do nosso time. Por eu ser a capitã, sou sempre a primeira.

A hora que o altofalante anunciou meu nome, escutei muitos gritos e aplausos. Hoje o ginásio tava bem cheio, acho que por ser semifinal o pessoal se animou mais. E mesmo com tantas pessoas, eu consegui escutar um grito específico.

Normalmente eu fico 100% focada na partida. Nada que a torcida grita ou fala eu consigo ouvir. Mas esse eu escutei, parece que tudo ficou em silêncio e eu consegui ouvir ele. Olhei rápido na direção e vi que ele deu uma piscadinha pra mim. Fiz cara de séria e ele caiu na gargalhada.

No mesmo momento, a Monique olhou pra mim levantando a sobrancelha, como se estivesse me perguntando o que tava rolando. Dei de ombros como se não soubesse o que responder.

A partida ia começar. Eu estava no saque. O juíz apitou. Dei as três batidas da bola no chão, e pedi que meus pais iluminassem a partida para mim.

O jogo foi muito difícil. Estávamos perdendo de 2x0. Serginho estava tão nervoso, que mais um pouco infartava. Ele pediu tempo.

- Meninas, puta que pariu!!! - ele exclamou bem alto - O que tá acontecendo? Preciso da concentração de vocês. Mari, os passes estão bons, mas vocês - ele apontou pra Gabi e Milena (as atacantes) - precisam finalizar direito. Aproveitem a oportunidade. Chegamos aqui por mérito nosso. Vamos conseguir!!!

Demos um rápido abraço em equipe e voltamos pra quadra. Depois dessas palavras dele, parece que todo mundo acordou. Agora estávamos no tiebreak. Faltavam 5 pontos pra definir o primeiro finalista do campeonato.

Era muita gritaria, me joguei no chão e todo o time se jogou em cima de mim. Senti um quentinho no meu coração. Eu tinha feito os 5 pontos. Nosso time estava na final. Eu chorava. Chorava de emoção. O primeiro passo para um dos meus sonhos estava dado.

Era a primeira final grande que disputaríamos. O clube nunca tinha conseguido essa marca. Eu estava explodindo de felicidade. As meninas saíram de cima de mim e eu senti uma mão encostar nas minhas costas.

Olhei pra cima e o Serginho estava com o olho cheio de lágrimas, me chamando para um abraço. Abracei ele com muita força e escutei ele susurrar um obrigado no meu ouvido. Depois disso comecei a chorar ainda mais.

Depois abraçar todas as meninas, levantei e segui para ficar sozinha. Me ajoelhei e comecei a rezar. Agradeci a Deus e também aos meus pais.

- Espero que vocês saibam o tanto que eu sinto saudades - sussurrei enquanto chorava baixinho - todos os dias. Eu amo vocês pra sempre.

Me recuperei e fui tomar a ducha pós jogo. A hora que estava saindo do banheiro, escutei uma falação no vestiário e não estava entendendo nada. Uma agitação e gritaria.

Assim que dei as caras no vestiário, entendi o motivo. Os meninos estavam aqui. Bruninho e Gabriel Medina, os galãs da atualidade, estavam dentro do vestiário do meu time. Percebi todas as meninas agitadas, literalmente se jogando pra cima dos dois. E claro que eles estavam com um sorrisão, adoravam ser bajulados assim.

Andei até o armário que minhas coisas estavam e comecei a mexer na mochila. Coloquei nas costas e virei, me colocando na direção da porta. No mesmo instante, meu olhar e o dele se encontraram e ele abriu um sorriso e começou a andar na minha direção. Fiquei muito sem graça, porque todo mundo parou o que estava fazendo e olhou pra mim.

A Rafa e a Monique estavam com uma cara de chocadas, sem entender. Pareciam que iam explodir de felicidade. Ele parou na minha frente e me puxou pra um abraço.

- Parece que você não precisou ser salva, camisa 7 - ele sussurrou na minha orelha e na hora os pelos do meu corpo se arrepiaram. - Parabéns, você jogou muito.

Nem consegui responder, estava em estado de choque. Abracei ele mais forte, e ele fez a mesma coisa. Como se eu fosse de vidro e não pudesse me deixar cair.

Notas da autora
Oi galerinha, capítulo com um pouco mais de emoção né? Vamos ver o que vai ser desse casal..
Boa sexta e bom fim de semana pra vocês. Amanhã, sábado, não vai ter capítulo..
Mas domingo, prometo recompensar vocês com um bem maior!
Beijinhos, até a próxima 🫶🏻

Filhos do Mar || Gabriel MedinaOnde histórias criam vida. Descubra agora