Capítulo nove: Sensação de paz e alívio

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Tsukishima Kei

"Ah, eu amo e odeio ao mesmo tempo

Você e eu bebemos o veneno da mesma vinha

Ah, eu amo e odeio ao mesmo tempo

Escondendo todos os nossos pecados da luz do dia."

-Daylight, David Kushner

Novamente, como se tivesse virado um ritual maldito, não dormi direito na noite anterior. O vi saindo de casa e, sem ao menos pensar, fui atrás. Não sei o porquê, mas algo dentro de mim apitava para que fosse e a única coisa que eu fiz foi ir. De fato, não pensei direito e apenas agi. Eu deveria ter pensado melhor e.. pff, se eu mesmo não acredito em nada disso, quem dirá você.

O único momento que consegui dormir foi quando usei minha mão e a porcaria da minha memória para me aliviar. Isso sim me fez cair no sono logo em seguida, uma pena que foi faltando pouco para o celular despertar. Agora estou aqui, mal prestando atenção na aula por conta do sono e graças a nuca desse garoto idiota sentado a minha frente.

Sim, eu bati punheta na noite anterior pensando nele. E não, eu não me orgulho nenhum pouco disso.

Bufo e tiro meus óculos e os deixo sobre a mesa, esfrego as pontas dos meus dedos em meus olhos enquanto tento não pensar no que fiz horas atrás.

Cristo, eu deveria me enterrar vivo e morrer asfixiado.

Escuto a voz do professor de matemática e ergo minha cabeça para encará-lo, ajeito o maldito óculos e tento prestar atenção no que ele está explicando por mais que a todo segundo de distração, minha mente traíra me leva para a noite anterior na quadra, para a porra dos lábios dele nos meus. Suas mãos me causando arrepios, seus dentes em meu pescoço..

O pior de tudo é ter que admitir para mim mesmo que eu gostei sim. E por mais que eu mesmo odeie a droga de um chupão, após chegar em casa e me trancar no banheiro, fiquei observando o que Yamaguchi havia feito por longos minutos. E eu gostei dessa merda.

Abaixo minha cabeça, desistindo totalmente da aula, e encosto minha testa na mesa. Puxo o ar com força sem fazer barulho.

🎧

A pior parte do meu dia vem agora. Depois do treino de vôlei, o fato de estarmos a sós na sala do time. Por um momento de descuido da minha parte, desvio meu olhar para as costas de Yamaguchi.

O que eu encontro ali é.. feio. Doloroso. E deixa um gosto amargo na boca.

Suas costas não são muito largas e nela existem cicatrizes antigas misturadas por todas as pintas que ele carrega sobre si. E no meio dela existe uma mancha roxa, grande. E apesar de me lembrar de tê-lo jogado no chão duas vezes ontem, algo pior e com um pouco mais de peso é o causador daquela mancha.

Em sua costela tem outra mancha, só que rosada e antiga também. Acho que é uma queimadura.

Passo minha língua nos lábios com calma, pousando a ponta da língua sobre o ferimento pequeno que ele deixou em meu inferior ontem a noite.

Yamaguchi tem um corpo bonito, atraente pra caramba. E podendo observá-lo assim, de costas, consigo ver uma tatuagem pequena no fim de sua coluna, bem na lombar. Uma meia-lua com estrelas pequenas desenhadas em volta. Não sei como ele conseguiu fazer aquela tatuagem, mas sei dizer que é bonita.

- Se você quiser me foder, é só falar. Não precisa ficar me encarando sem dizer nada.

Me assusto com sua voz e quando subo meu olhar para o seu, o encontro me encarando e sorrindo de canto.

Te amo, idiota - Em pausaOnde histórias criam vida. Descubra agora