Capítulo três: Vizinhos nem tão novos

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Tsukishima Kei

"Numa longa estrada sem fim
Você está em silêncio ao meu lado
Conduzindo um pesadelo do qual não posso escapar."
-Hold on, Chord Overstreet

Sigo um ritual estúpido todos os dias ao acordar e ao dormir. Uma rotina que criei ainda muito novo, para apaguarizar qualquer sensação de irritação ou tristeza. Em parte, mais tristeza do que irritação.

Acordo, me levanto, ajeito minha cama e vou para o banho. Demoro dez minutos certeiros todos os dias, aproveito a água quente e não penso em mais nada. Saio, me seco e visto o uniforme já pronto e pendurado próximo a porta.

Verifico tudo o que usarei no dia, remexo na mochila e pego meus fones o conectando ao celular. A música ajuda a não pensar em mais nada até chegar no colégio. As aulas. Até mesmo o horário de treino. E a volta para casa costuma não ser totalmente silenciosa graças a Hinata, Kageyama e Tanaka que depois de descobrirem que moramos na mesma direção, se auto convidaram a me fazer companhia.

E apesar de me irritar constantemente com eles, no fundo sou grato pela companhia. Não precisar pensar em nada do passado é aliviador demais. Não precisar me perguntar constantemente o porquê e em como tudo mudou da noite pro dia, o afastamento e a grosseria..

Ignorando tais pensamentos, saio do quarto e encontro minha mãe na cozinha terminando o café da manhã. Costumo dizer que não é necessário que ela acorde tão cedo apenas para fazer o meu café da manhã, mas notei que aquilo a ajudava a sair da cama todos os dias e, de certo modo, lhe fazia bem. Parei e deixei ela lidar com seus sentimentos da sua própria forma.

Me aproximo depois de deixar a mochila no sofá da sala e deposito um selar em sua testa, um hábito que adquiri muito novo, e um carinho em suas costas. Por fim murmuro um "bom dia" e me sirvo.

Meu irmão mais velho passa mais tempo na faculdade e no trabalho, apesar de passar muito tempo aqui em casa. No início era algo até que compreensível, nossa mãe precisava de muita atenção e observação há alguns anos atrás, mas agora? Ele só era irritante na maior parte do tempo, mas ok.

Ela se junta a mim e comemos juntos e na maior parte do tempo quem fala é ela.

🎧

Encontrei Kageyama no meio do caminho, sem o tampinha coelho pulador ao seu lado. Não é da minha conta, eu sei, mas não posso simplesmente não ouvir o que os mais velhos sempre comentam: Hinata e Kageyama se gostam, mas não admitem um para o outro.

E aí entra o momento de brigas e discussões desnecessárias. Sendo bem sincero, não entendo direito a dinâmica entre discutir e se gostarem.

A caminhada é silenciosa e cada um no seu próprio espaço. Eu com minhas músicas no fone e ele focado em seu celular, mandando mensagem sabe-se lá para quem.

Costumamos seguir caminhos diferentes assim que chegamos, então eu me encontrava pronto para me afastar quando o escuto me chamando.

- Tsukishima.

Paro, abaixando o fone e o deixando apoiado em meu pescoço, me virando para lhe encarar.

- Que foi?

Suas expressões não são totalmente agradáveis, mas ele apenas ergueu o braço e esticou o indicador na direção do outro lado da rua. Ergo meu olhar, procurando para o que ele estava apontando, e um suspiro impaciente escapa de minha garganta quando encaro Kuroo do outro lado da rua, na praça que temos de frente para o colégio.

Ele ergue o braço e acena, sorrindo. Espero que nosso levantador entrar no colégio para atravessar a rua, tomando tempo o suficiente para pensar antes de ir até o seu encontro.

Te amo, idiota - Em pausaOnde histórias criam vida. Descubra agora