Quando acordo o outro lado da cama está frio. Meus dedos se esticam à procura do calor de Lorelai, mas só encontram a cobertura áspera do colchão. Ela deve ter tido sonhos ruins e
pulou para a cama de nossa mãe. É claro que foi isso. Hoje é o dia da colheita.
me apoio sobre o cotovelo. Há luz suficiente no quarto para que eu possa enxergá-las.Minha irmãzinha, Lori, encolhida junto ao corpo de minha mãe dormindo.
Sentado aos pés de Lori, vigiando-a, está o gato mais feio do mundo.Ela o chama de Buttercup,Ele me odeia.
Jogo as pernas para fora da cama e deslizo-as para dentro de minhas botas de caça. Visto as calças, uma camisa, enfio minhas longas tranças pretas em um quepe e pego minha mochila de provisões. Sobre a mesa, debaixo de
uma tigela de madeira para protegê-lo de ratos e gatos vorazes, está um perfeito queijo de cabra enrolado em folhas de manjericão. O presente de Lori para mim no dia da colheita.Coloco cuidadosamente o queijo em meu bolso e saio.
A parte em que vivemos no Distrito 12, apelidada de costura nesta hora está cheia de gente.
Nossa casa fica quase no limite da Costura. Eu só preciso passar por alguns portões para alcançar o descampado miserável chamado Campina. Separando a Campina da floresta, na
verdade, circundando todo o Distrito 12, encontra-se uma cerca alta de arame farpado.Teoricamente, ela deveria estar eletrificada 24 horas por dia para afugentar os predadores que vivem na floresta – bandos de cães selvagens, pumas solitários, ursos – que costumavam ameaçar nossas ruas.
Assim que chego às árvores, retiro um arco e um estojo de flechas de um tronco oco.
Eletrificada ou não, a cerca tem tido sucesso em manter os comedores de carne afastados do Distrito 12. Na floresta, eles correm livremente, e há ainda outras preocupações no local, como cobras venenosas e animais raivosos, e nenhuma trilha por onde se orientar. Mas também tem comida, se você souber como achar. Meu pai sabia, e me ensinou algumas coisas antes de
explodir pelos ares numa mina de carvão. Nem sobrou nada do corpo para ser enterrado. Eu
tinha onze anos. Cinco anos depois, ainda acordo gritando para que ele corra.Na floresta, está me esperando a única pessoa com quem posso ser eu mesma. james.
Posso sentir os músculos de meu rosto relaxando, meus passos se acelerando enquanto escalo o morro até nosso local, uma saliência de rocha que dá vista para um vale. A visão dele esperando lá em cima me faz dar um sorriso. James me diz que eu nunca sorrio, exceto na floresta.
- Oi tess - Ele insiste em me chamar assim desde que eu falei que meu nome do meio era lutessa.
- Olha só o que eu abati - Ele estava segurando um pedaço de pão com uma flecha no meio.
Eu o pego retirando q flecha.
- Ainda está quentinho, quanto custou ?
Um esquilo apenas. Acho que o velho estava sentimental hoje de manhã – responde ele. – Até me desejou boa sorte.
Não era para menos, duas crianças do distrito 12 iriam aos jogos.
Nós teremos de estar em pé na praça às duas da tarde esperando os nomes serem anunciados.
– A gente teria como fazer isso, sabe – diz James, calmamente.
– O quê? – pergunto.
– Sair do Distrito. Fugir daqui. Viver na floresta. Você e eu, a gente conseguiria – completa.
Não sei como responder. A ideia é absurda demais.
– Se a gente não tivesse tantas crianças – acrescenta ele rapidamente.
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Lena Luthor - Supercorp
Teen FictionLena Luthor acaba se oferecendo para ser um tributo no lugar de sua irmã Lorelai para ir aos jogos vorazes. Pela primeira vez o distrito 12 vai ter uma dupla de garotas indo aos jogos juntas, pois ninguém sabe como o nome de Kara Danvers foi parar n...