Cuspo as amoras, esfregando a língua com a ponta da camisa para ter certeza de que nenhum resquício da fruta permanece em meu corpo.
Kara me puxa para o lago onde nós
duas lavamos nossas bocas e em seguida caímos nos braços uma da outra.
– Você não engoliu nada? – pergunto a ela.
Kara balança a cabeça.
– E você?
– Imagino que já estaria morta a uma hora dessas se tivesse – digo. Posso ver seus lábios se movendo em resposta, mas não consigo ouvi-la devido ao barulho da multidão na Capital,
que estão transmitindo ao vivo pelos alto-falantes.
O aerodeslizador se materializa acima de nossas cabeças e duas escadas são jogadas.
Meus dedos ainda estão agarrando a parte de trás da jaqueta com tanta força que no momento em que kara é levada, ela se rasga, deixando-me com uma ponta de tecido preto na
mão.Médicos em roupas brancas esterilizadas, com máscaras e luvas, já prontos para a cirurgia, entram em ação.
Kara está pálida demais e ainda sobre a mesa prateada. Tubos e
fios estão saindo de todos os lados e, por um momento, me esqueço de que estamos fora dos Jogos e vejo os médicos simplesmente como mais uma ameaça, mais um bando de bestas
com o intuito de matá-la.Petrificada, corro até ela, mas sou agarrada e conduzida a outra
sala, e uma porta de vidro nos divide.Bato no vidro, gritando a plenos pulmões. Todos me
ignoram, exceto um assessor da Capital que surge atrás de mim e me oferece algo para beber.
Desabo no chão, meu rosto grudado à porta, mirando o copo de cristal em minha mão sem conseguir compreender nada. Gelado, cheio de suco de laranja, um canudo branco com umas
ondulações.Mas eu coloco o copo cuidadosamente no chão, sem conseguir confiar em nada tão limpo e bonitinho.
Através do vidro, vejo os médicos trabalhando incessantemente em kara, suas testas enrugadas de concentração. Vejo o fluxo de líquidos bombeado nos tubos, observo um paredão de números e luzes que não significam coisa alguma para mim.Não tenho certeza,
mas tenho a impressão de que o coração dela parou duas vezes.
Percebo em seguida que nós aterrissamos de volta sobre o telhado do Centro de Treinamento e eles estão levando kara, mas me deixando atrás da porta.Começo a me jogar contra o vidro, berrando, e acho que acabei de vislumbrar uma cabeleira cor-de-rosa – deve ser Effie, tem de ser Effie vindo em meu socorro – quando a agulha me penetra por trás.
Quando acordo estou em um quarto sem janelas, mal consigo me mover para fora da cama para procurar Kara.
– Kara! – grito já fora do quarto, já que não há mais ninguém a quem perguntar.
Escuto meu nome em resposta, mas não é a voz dela. É uma voz que, primeiro provoca irritação e depois
impaciência. Effie.
Eu me volto e vejo todos esperando em uma grande câmara ao fim do corredor – Effie, J'onn e Cinna. Meus pés partem sem hesitação.Talvez um vitorioso devesse demonstrar mais comedimento, mais superioridade, principalmente quando sabe que aparecerá na televisão, mas não dou a mínima.
Corro até eles e surpreendo até a mim mesma ao me lançar
nos braços de J'onn em primeiro lugar.Quando ele sussurra em meu ouvido “Bom trabalho, docinho”, seu tom não soa sarcástico. Effie está um pouco lacrimosa e não para de
acariciar meus cabelos e de falar como contou para todo mundo que nós éramos verdadeiras pérolas.Cinna apenas me abraça com força e não diz nada. Então, noto que Portia está
ausente e tenho um mau pressentimento.
– Onde está Portia? Ela está com kara? Ela está bem, não está? Enfim, ela está viva, não está? – deixo escapar.
– Ela está ótima. Só que eles querem que vocês se reencontrem ao vivo na cerimônia – diz J'onn.
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Lena Luthor - Supercorp
Teen FictionLena Luthor acaba se oferecendo para ser um tributo no lugar de sua irmã Lorelai para ir aos jogos vorazes. Pela primeira vez o distrito 12 vai ter uma dupla de garotas indo aos jogos juntas, pois ninguém sabe como o nome de Kara Danvers foi parar n...