Levo uma hora para persuadir kara a tomar o caldo. Imploro, ameaço e, claro, beijo, mas finalmente, gole após gole, ela esvazia o pote.
Então, deixo que ela caia no sono e vou cuidar de minhas próprias necessidades, colocando para dentro uma ceia de ganso silvestre e raízes enquanto assisto à reportagem diária no céu.
Nenhuma nova vítima. Ainda assim, kara e eu proporcionamos ao público um dia razoavelmente interessante.
Se tivermos sorte, os Idealizadores dos Jogos vão nos permitir uma noite tranquila.
De maneira automática, observo nosso entorno, atrás de uma boa árvore para me aninhar antes de perceber que isso acabou. Pelo menos por enquanto. Não posso deixar kara desprotegida no chão.
Deixei intocado o local de seu último esconderijo na margem do riacho –
como é que eu poderia escondê-la? – e nós estamos no máximo a 50 metros rio abaixo.Coloco os óculos, deixo minhas armas preparadas e me posiciono para montar guarda.
A temperatura cai rapidamente e logo estou congelada até os ossos. Por fim, cedo e deslizo para dentro do saco de dormir e me junto a kara. Está bem quentinho e me enrosco gratificada até perceber que está muito mais do que quente.
Está fervendo, porque o saco
está refletindo a febre dela.Verifico a testa de kara e vejo que está quentíssima e seca. Não sei o que fazer.
Deixá-la no saco e esperar que o calor excessivo acabe com a febre? Levá-la
para fora e esperar que o ar frio da noite a refresque?Acabo simplesmente umedecendo uma
bandagem e colocando-a sobre sua testa.
Não confio muito na ação, mas estou com medo de fazer alguma coisa drástica demais.
Passo a noite meio sentada, meio deitada, próxima a kara, refazendo o curativo e tentando não pensar no fato de que, ao me associar a ela, acabei me tornando muito mais vulnerável do que quando estava sozinha.
Amarrada ao chão, montando guarda, com uma pessoa bem doente para tomar conta. Mas eu sabia que ela estava ferida. E, ainda assim, fui atrás dela.
Quando o céu adquire uma tonalidade rosada, reparo o brilho do suor na boca de kara e descubro que a febre passou.
Ela não voltou ao normal, mas a temperatura baixou alguns
graus. Na noite passada, quando eu estava colhendo vinhas, dei de cara com um arbusto cheio das amoras de Rue.Arranquei a fruta e amassei tudo no pote do caldo com água gelada.
Quando chego à caverna, kara está fazendo um enorme esforço para se levantar.
– Acordei e você tinha saído – diz ela. – Fiquei preocupada com você.
Tenho de rir ao ajudá-la a se deitar novamente.
– Você ficou preocupada comigo? Por acaso você já viu o seu estado?
– Imaginei que talvez Cato e Clove pudessem ter te achado. Eles gostam de caçar à noite – diz ela, ainda séria.
– Clove? Quem é essa aí?
– A garota do Distrito 2. Ela ainda está viva, certo?
– Certo. Só restam eles e nós e mais Thresh e Cara de Raposa. Esse é o apelido que dei pra garota do Cinco. Como você está se sentindo?
– Melhor do que ontem. Isso aqui é um grande avanço em relação à lama – diz ela. – Roupa limpa, remédios, saco de dormir... e você.
Ah, tudo bem, a historinha romântica. Eu me aproximo para tocar seu rosto e ela pega minha mão e a pressiona contra os lábios.
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Lena Luthor - Supercorp
Teen FictionLena Luthor acaba se oferecendo para ser um tributo no lugar de sua irmã Lorelai para ir aos jogos vorazes. Pela primeira vez o distrito 12 vai ter uma dupla de garotas indo aos jogos juntas, pois ninguém sabe como o nome de Kara Danvers foi parar n...