Cap 12

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Graças a Deus tomei a precaução de me prender ao cinto. Rolei para o lado na forquilha e estou encarando o chão, segura pelo cinto, uma das mãos e meus pés estão escarranchados dentro do saco de dormir, que está atado ao tronco.

Deve ter havido algum barulho de folhas quando tombei para o lado, mas os Carreiristas estavam muito envolvidos em sua própria discussão para prestar atenção nisso.

– Vai lá então, Conquistadora – diz o garoto do Distrito 2. – Veja você mesma.

Só consigo vislumbrar kara – iluminada por um archote – voltando para onde estava a garota da fogueira. Seu rosto está inchado e cheio de hematomas.

Há um curativo ensanguentado em um dos braços e, pelo som de sua andada, vejo que ela também está mancando.

Eu me lembro dela balançando a cabeça, me dizendo para não entrar na briga
para pegar suprimentos. Mas na verdade ela própria planejara se lançar no meio do furacão.

Exatamente o oposto do que J'onn o orientara a fazer.

Mas no fundo eu estava aliviada, ela estava viva.

Se ela não estivesse com os malditos carreiristas eu teria descido para ver seus machucados.

Os Carreiristas ficam em silêncio até terem certeza de que não podem mais ser ouvidos e então abafam as vozes.

– Por que a gente não mata ela agora e acaba logo com isso?

– Vamos continuar com ela. Qual é o perigo? E ainda por cima, ela é boa com aquela faca.

É mesmo? Isso é novidade para mim.

Quantas coisas interessantes estou aprendendo hoje sobre kara.

– Além disso, ela representa nossa principal chance de encontrar a garota.

Levo um instante para perceber que a “garota” à qual eles estão se referindo sou eu.

– Por quê? Você acha que ela comprou aquela historinha romântica?

– Talvez sim. A coisa toda pareceu muito simplória pra mim. Sempre que penso nela rodopiando naquele vestido sinto vontade de vomitar.

– Gostaria de saber como foi que ela conseguiu aquela nota 11.

– Aposto que a Conquistadora sabe.

O som de kara voltando os silencia.

– Ela estava morta? – pergunta o garoto do Distrito 2.

– Não. Mas agora está – diz kara. Só então ouvimos o tiro do canhão. – Vamos indo?

O bando de Carreiristas parte assim que surgem os primeiros raios da manhã e o canto dos pássaros preenche o ar.

Permaneço em minha posição esquisita por mais algum tempo, os músculos tremendo, e então retorno ao meu galho. Preciso descer, seguir caminho, mas por um momento fico lá parada, digerindo o que acabei de ouvir.

Como eu iria tirar os carreiristas de perto da Kara ?

Droga Lena! Você tem que pensar em você, Kara sabe o que faz.

Então porque eu continuo preocupada?

Eu precisava sair de onde estava.

Então, quando deslizo pela folhagem em direção à luz da manhã, faço uma pequena pausa, dando tempo para que as câmeras me enquadrem. Em seguida, empino levemente a cabeça
para o lado e sorrio deliberadamente.

Pronto! Vamos deixar eles descobrirem o que isso significa!

Não podia me mostrar com medo agora.

Estou a ponto de partir quando lembro das arapucas. Talvez seja imprudente verificá-las com os outros tributos tão próximos.

Lena Luthor - Supercorp Onde histórias criam vida. Descubra agora