03. rooftop

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Era uma daquelas manhãs típicas de treinamento na Vila Olímpica

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Era uma daquelas manhãs típicas de treinamento na Vila Olímpica.

Amélia estava em seu posto, cercada pelo burburinho dos outros profissionais da equipe, suas palavras se entrelaçando com a técnica da medicina do esporte, mas sua mente frequentemente se desviava para o amistoso de vôlei que acontecia diante dela. No centro da quadra, Gabriela brilhava como uma estrela em ascensão. A capitã exibia sua habilidade com uma confiança que fazia o coração da doutora acelerar. Era fascinante, um verdadeiro espetáculo. A cada jogada, cada risada que surgia entre as jogadoras, Amélia sentia-se mais atraída pela presença de Gabi. A aura dela era contagiante, uma luz que parecia atravessar os limites da quadra e alcançar o íntimo de sua alma. Entretanto, essa admiração vinha acompanhada de uma estranha inquietação. Nos momentos em que suas olhares se cruzavam, Amélia sentia uma mistura de desejo e hesitação.

A conexão que elas estavam formando parecia dançar na borda de algo mais profundo e, de repente, ela se via questionando se estava ultrapassando limites que deveriam permanecer intactos. Esse conflito interno a deixava hesitante, como se estivesse invadindo um espaço sagrado que não lhe pertencia. Por outro lado, Gabriela estava focada em dois objetivos: conquistar a medalha de ouro e se aproximar de Amélia. O desejo de se conectar com a médica pulsava dentro dela, uma força que a puxava sempre que a via, sempre que a sentia por perto. Aos burburinhos das outras jogadoras sobre a química entre elas eram como um eco na mente de Gabi, uma confirmação de que não era apenas algo da sua cabeça. No entanto, cada tentativa de aproximação parecia esbarrar em uma barreira invisível; a reserva de Amélia era um mistério que a deixava intrigada e, ao mesmo tempo, frustrada. Por mais que quisesse, a jogadora tinha a impressão de que nunca conseguiria desvendar totalmente a mulher, e essa impossibilidade apenas a motivava ainda mais a tentar.

A quadra vibrava com a energia das jogadoras, os gritos e risadas ressoando, enquanto o técnico Guimarães gesticulava freneticamente, suas instruções quase perdidas no tumulto. No entanto, a atmosfera de alegria mudou abruptamente. Amélia, ainda perdida em seus pensamentos, sentiu um calafrio quando o som da bola foi substituído por um silêncio pesado. Ao desviar o olhar do grupo, uma cena aterrorizante a aguardava: A capitã do time estava estendida no chão frio, o rosto contorcido em dor enquanto abraçava o próprio joelho. O grito agudo de Thaísa rasgou o ar, um misto de desespero e adrenalina, quebrando o silêncio como um vidro se estilhaçando. O coração de Hayes disparou, e, num instante, todas as incertezas e dilemas foram varridos por uma única emoção: o seu instinto de emergências. Ela se lançou à frente, a adrenalina a impulsionando, e naquele momento, todo o restante do mundo desapareceu.

Droga, Gabriela... — Murmurou para si, seu coração batendo forte contra sua caixa torácica. O pânico a invadiu e ela rapidamente respirou fundo — O que aconteceu?

A pergunta saiu involuntariamente de seus lábios, mas a resposta veio rápida de Ana Cristina, que estava próxima, ainda aturdida.

— Estávamos jogando e de repente ela se desequilibrou. Acho que perdeu o timing do salto. — A voz dela tremia, refletindo o medo que todos compartilhavam.

𝐀𝐮𝐫𝐚 | Gabi Guimarães Onde histórias criam vida. Descubra agora