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"Após ser convocada por um dos técnicos mais renomados do Brasil, Amélia Hayes transcende a sua carreira até as Olimpíadas de Paris, onde irá assumir o cargo de médica traumatologista da Seleção Brasileira de Voleibol Feminino."
• Esta obra é...
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Abro as pálpebras lentamente, meus sentidos se ajustando à claridade que abraça o quarto.
A luz suave da manhã infiltra-se pelas cortinas, criando um ambiente acolhedor, mas meu coração ainda carrega a intensidade da noite passada. A percepção atinge o nível da minha consciência aos poucos e então me dou conta de que estou em meu apartamento, na cobertura. A beliche de Thaísa está vazia, e a solidão momentânea evoca um aperto no peito. Tento resgatar da memória em qual momento abandonei o calo de Amélia e fui parar ali. A lembrança da crise de pânico surge como uma onda, junto à um turbilhão de emoções. Lembro-me das luzes do terraço, o ar nitidamente fresco da noite e principalmente o modo como ela me acolheu, como se soubesse exatamente o que eu precisava. A imagem de nós duas na banheira, cercadas pela espuma e pela vulnerabilidade é algo que faz o meu coração acelerar. E depois, o momento íntimo na cama e vê-la adormecendo em meus braços me faz ter a impressão de que vivemos uma vida inteira na noite anterior.
Enquanto me espreguiço na cama, algo colorido prende a minha atenção. Um buquê de girassóis vibrantes e flores do campo repousa ao lado do meu travesseiro, suas pétalas amarelas e aveludadas trazendo uma explosão de alegria ao ambiente. Meu coração se aquece ao ver o cartão delicadamente posicionado entre as flores. Com um leve tremor de expectativa, pego-o e começo a ler:
"Seria extraordinário se todas as pessoas do mundo pudessem conhecer você para além das quadras. Para além da atleta tão comprometida e corajosa que você é. Não existem parâmetros que descrevam sua luz, humildade e gentileza. O brilho constante em seu olhar, o sorriso largo que fascina à todos e o seu bom humor tão cativante são coisas pelas quais me inspiram todos os dias a ser um ser humano melhor. Devo admitir, há muitos de seus valores pelos quais sou fascinada, mas foi o seu coração tão aberto e generoso que me conquistou.
Obrigada por topar essa aventura gostosa que vivemos. Obrigada por ser exatamente quem você é, Gabi. A medalha de ouro está te esperando, brilhe muito nesta final, minha capitã.
Vejo você em breve. Com amor, A."
É instantâneo. As palavras de Amélia me envolvem como um abraço caloroso. Meus olhos estão fixos em sua bela caligrafia, especificamente no "Minha capitã". Estou sorrindo para o papel feito uma ordinária perdidamente apaixonada. Sinto-me tão preenchida agora, como se o mundo realmente fizesse sentido. As crenças limitantes e todos os medos que me cercavam agora são somente poeira, completamente insignificantes. A vulnerabilidade que ela compartilha é um presente, e o seu cartão desperta em mim um misto de gratidão e felicidade. Fecho os olhos por um segundo, permitindo que a emoção me invada. A percepção de que alguém tão fabulosa quanto Amélia vê em mim tudo isso é um sentimento que eu nunca havia experimentado. É como se eu tivesse um novo propósito, algo além das quadras, além da pressão das competições e de toda a guerra que insiste em travar em minha mente. Sem sequer perceber, uma lágrima escapa dos meus olhos. Não é uma lágrima de tristeza, mas de alegria e puro reconhecimento. Sinto uma onda de motivação e amor me invadindo, e isso me faz querer lutar ainda mais. Hoje, não é apenas sobre o jogo, mas sobre honrar não só a minha história, mas também Amélia e tudo o que estamos construímos juntas neste pequeno período.
