POV- S/N
Eu estou voltando para casa depois de mais um treino cansativo, eu precisava urgentemente de um banho e da minha cama, não venho dormindo direito esses dias por conta da Gisele, vulgo minha mãe. Ela insiste que eu treine mais, mesmo eu estando perfeita. Também não venho comendo direito, minha mãe insiste dizer que engorda e que gorda eu não vou nem conseguir fazer o mais simples dos movimentos.E o seu pai? Vocês devem estar se perguntando.
Nunca o conheci pois ele abandonou a minha mãe grávida e impediu que ela realizasse o maior sonho dela, ser ginasta.
Daí sobrou para mim. Eu tenho que fazer tudo o que ela quer. E nem posso reclamar, ela sempre fala as mesmas coisas: " eu deveria ter abortado você se for desse jeito, você deveria agradecer por estar viva", " Você estragou os meus sonhos, nada mais justo do que você realizar eles", " menininha tola, você tem tudo o que quer e mesmo assim reclama" ... e por aí vai.
Daí vocês perguntam, por que você não sai de casa?
Bom, quando eu tentei fugir de casa com 19 anos, minha acionou até a polícia para me procurar. Não consegui ficar mais de 5 horas fora de casa. E depois disso ganhei uma cicatriz no ombro que não gosto nem de lembrar que ela existe.
- Filinha, chegamos- minha mãe fala, me tirando dos meus pensamentos.
Desço do carro rapidamente, subindo as escadas e me jogando na cama do meu quarto.
- FILHA- minha mãe grita e corre para o meu quarto- VOCÊ PASSOU, VOCÊ PASSOU!
- Ãã.. No que exatamente?
- Nas olimpíadas, já esqueceu?- fiz os teste a dois meses. Nem queria ir, isso só vai fazer a minha mãe pegar mais no pé.
- Que bom.
- Só isso? Não está animada?
- Não, não é isso, só estou cansada do treino de hoje.
- Não fique assim, você vai ter que começar a treinar mais agora que você se classificou- meu Deus, eu não aguento mais treinar.
- A gente vai ter que ir para outra cidade pros treinamentos em equipe?
- Sim, a gente sai de Curitiba daqui uma semana para ir para São Paulo, ficamos lá durante 3 semanas treinando e viajamos 2 dias antes das aberturas - ela olha alguma coisa no celular e fala - acorde as 4:30 da manhã amanhã para começar a treinar de verdade, para chegar em São Paulo preparada.
- 4:30 da manhã? É muito cedo, eu preciso dormir, e já são 22:00, não dá nem 7 horas de sono.
- Ah, querida, não seja assim, mamãe te dá tudo do bom e do melhor para você, e você faz isso? Vá tomar banho e deitar.
- E a janta?
- Que janta? Você precisa ficar mais leve para ir mais alto - reviro os olhos com fome- não revire os olhos para mim S/N, eu sou sua mãe e mereço respeito.
Assim que ela sai, eu fecho a porta que ela fez questão de deixar aberta, e me jogo na cama com os olhos fechados. Não comi nada a tarde, só o almoço, estou faminta. Respiro fundo e pego o meu pijama, indo ao banheiro para tomar o meu banho.
Assim que termino, apago a luz do quarto e coloco o meu despertador para as 4:30.
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Acordo de noite com a barriga doendo de tanta fome. Olho para o relógio e vejo que já são 03:01.
Abro a porta do quarto devagar e desço cuidadosamente as escadas para não fazer barulho. Pego no armário um pão de forma e uma geleia de morango. Faço dois pães e subo para o meu quarto e os como com gosto.
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Já são 5:00 da manhã quando minha mãe me deixa na frente do ginásio que pratico ginástica.
- Tchau bebê, se cuida, eu trago o seu almoço não precisa se preocupar- respiro fundo em quanto olho para o ginásio que treino desde pequena, escutando a minha mãe saindo com carro.
Entro e já dou de cara com o meu treinador, João.
- Bom dia S/N! Lindo dia hoje não é? Claro você foi classificada para as olimpíadas, não podia esperar menos de você!- falou João tagarelando logo cedo - Sua mãe já me avisou de seus novos horários, e eu já ajustei a minha agenda para fazer que isso aconteça. Vamos treinar de segunda a sábado, das 5:15 às 22:30.
- 22:30? Achei que só começava mais cedo.
- Sua mãe não te contou? Olha aqui a mensagem que Gisele me mandou- falou me mostrando mensagem de minha mãe falando da classificação e da minha nova agenda. Ótimo, descanso igual a zero.
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Estou definitivamente morta. Minha mãe acabou de me mandar a mensagem "precisamos conversar". Acabou de terminar o meu horário de almoço, então ela deve ter acabado de chegar em casa. Agora sim que eu não consigo mais prestar atenção no treino.
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- E então mãe? Do que quer conversar?- falo entrando no carro ansiosa. Ela só me olha com desprezo e da uma fungada. Tratamento de silêncio. Odeio isso.
Depois de uns minutos a gente chega em casa e quando eu vou subir as escadas ela me chama.
- Onde você pensa que está indo mocinha? Venha aqui, suba na balança- eu sempre fico nervosa com isso- olha só, mesmo com o treino de hoje você mantéu o mesmo peso. Por que será? Ah acho que eu sei, talvez por que você comeu escondido de mim- eu estou tremendo. Eu finco as minhas unhas na palma da mão tentando controlar a minha respiração que está alterada- quando eu digo para você não fazer alguma coisa você me obedece, entendeu?- aceno com a cabeça, olhando para baixo, eu já havia saído da balança e estava no chão de frente para ela- eu não ouvi, entendeu?
- Sim, mãe- falo ainda com a cabeça para baixo.
- Ótimo, vai para o seu quarto- ela se vira e pega alguma coisa na gaveta da cozinha, logo em seguida vindo atrás de mim- a partir de hoje, essa porta vai estar trancada toda noite- ela falou saindo e trancando a porta.
Apenas respiro fundo fechando os meus olhos, o que eu fiz para merecer isso Deus?
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Oi gente!
Essa é a minha primeira fanfic então se ouvir erros, relevem!
A Flávia já vai aparecer no próximo capítulo, esse capítulo é apenas para apresentar um pouco o convívio da S/N com a mãe.
Deixem a estrelinha e comentem!
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E mesmo depois de tudo... (S/N & Flávia Saraiva)
RomanceS/N é uma ginasta de 22 anos que quase não tem vida social por causa de sua mãe controladora. A vida de S/N se resumia em treinar e ganhar competições. O grande objetivo da mãe de S/N era ver a filha ganhando um ouro nas olimpíadas e esse objetivo e...