Uma garota solitária a menos.

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Marceline se recostou na cadeira de madeira da cozinha, o olhar perdido no chá de erva-doce que esfriava lentamente diante dela. Seus pensamentos giravam em torno da conversa que teve com Alycia, e o ambiente ao redor parecia desconfortável com o silêncio. Paxton, sentado no lado oposto da mesa, estava concentrado em devorar uma montanha de biscoitos e pães antes de saírem para a escola. No entanto, a ausência de palavras da irmã tagarela chamaram sua atenção.

— Pensativa, Cece? — Paxton perguntou, a boca cheia de migalhas, uma expressão leve de preocupação exalava em seus olhos. Era raro para ele demonstrar tal interesse.

— Sim. — ela suspirou, mexendo nervosamente na xícara de café. — É o Maxon.

— Ele te fez alguma coisa? — Paxton arqueou uma sobrancelha, o tom da voz revelando um pouco de irritação.

— Talvez. — Marceline balançou a cabeça, como se tentasse negar e confirmar ao mesmo tempo.

— Detalhes, anã de jardim. Não sou adivinho, e também não tenho paciência para charadas de mulher. — Paxton já estava perdendo a paciência, odiava quando as pessoas se enrolavam em rodeios.

— Ok. Ele quer me ver na sorveteria. Acho que nós gostamos um do outro. Romanticamente. — ela falou, hesitante. Era como se estivesse mais se convencendo do que compartilhando a verdade. 

Paxton soltou uma risada inesperada, quase desdenhosa. A pequena o encarou, totalmente arrependida. Marceline se perguntou se havia cometido um erro ao se abrir com ele, esse tipo de reação era típica do irmão e ela já deveria esperar. Mas, percebendo a falta de graça em sua reação, ele se recompôs rapidamente, tentando amenizar a situação. Preferia falar sério do que se indispor com a irmã mais nova.

— Desculpe, eu já sabia disso.

— Como sabia? Eu não fui tão óbvia, certo? — Marceline espantou-se.

— Você? Não. Mas ele, sim. — Paxton tomou um gole de café, levantando e ajeitando a alça da mochila no ombro de qualquer jeito enquanto falava. — A maneira como ele te olha em todos os cantos, como tenta te incluir em tudo quando está aqui... não tinha como não perceber.

Marceline ergueu as sobrancelhas, surpresa e com muita expectativa no rosto, esperando que o irmão explicasse mais. A ideia de que Paxton pudesse saber de tudo por causa da amizade deles a incomodava, e ela se preparava para a possibilidade de uma discussão boba caso estivesse correta.

— O cara vive te secando. Só você não percebeu. — Paxton concluiu, jogando a mochila sobre o ombro, desajeitado.

— Então é assim que os homens demonstram interesse fora do papel? — Marceline refletiu em voz alta, sem esperar resposta.

— Deve ser..? — Paxton respondeu, confuso. — Chega de papo. Parece que sua amiga metida chegou. — ele olhou pela janela da cozinha e viu o carro de Julietta parado do outro lado, certamente à espera da amiga.

Mais tarde, na escola, Marceline caminhava pelos corredores movimentados, ainda mergulhada em pensamentos sobre a conversa com o irmão. Chegando ao armário, ela notou um pequeno envelope decorado com corações preso à fechadura. A caligrafia no bilhete era inconfundível. Antes de ler, Marceline se perguntou como seu admirador tinha coragem de arriscar deixar uma carta em um local tão visível, no horário mais movimentado da escola. 


 

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𝐔𝐌 𝐋𝐀𝐂̧𝐎 𝐃𝐄 𝐅𝐈𝐓𝐀Onde histórias criam vida. Descubra agora