Doce nada.

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Maxon e Marceline agora tinham certeza de que aquela agonia intermitente de não saber o que o outro sentia havia cessado de vez. Não era como se já estivessem comprometidos ou algo do tipo, no fundo, sabiam que revelar-se aliviaria a alma de tal maneira que deixaria a vida mais leve. Eles cruzaram uma linha, mas ainda eram como bons amigos, só que dessa vez com direito a interações públicas. 

Tudo conspirava a favor de Marceline permanecer de bem com a vida. Pelo menos até ela lembrar que faltava apenas um mês para o fim da primavera roubar metade de sua alegria. O clima já estava começando a esfriar, e os preparativos para uma festividade anual em comemoração a idade do vilarejo começava. Ela não perderia esse evento por nada. Na verdade, nunca perdeu um desde que nasceu. 

Só havia um porém: estava encrencada. Devido a gastar muito tempo com os treinos da equipe de animadoras, acabou deixando algumas matérias de lado e sua vida acadêmica estava por um triz. Marceline nunca teve as melhores notas, mas agora elas estavam péssimas e ela precisava decidir se ensaiava e participava da organização do festival ou estudava e garantia um ótimo boletim e a aprovação dos pais.

— Preocupada? — a voz de Maxon soprou em seu ouvido, causando um leve arrepio na menina. Marceline estava distraída, sentada no banco de um dos pátios do colégio. Ela tinha consigo um pequeno caderno cor de rosa aberto no colo — O que é isso aí? 

— Você precisa parar de me assustar! — ela exclamou, fechando rapidamente o caderno — Isso aqui é o meu bem mais precioso. Não toque nele! — colocou-se na defensiva para proteger todas as suas intimidades.

— Calma, calma! Eu não vou tocar nele. Só quero saber se está tudo bem, por que essa carinha de cachorro pedinte? — ele comparou sem pensar e foi atacado indiretamente pelo olhar devastado dela.

— Você quis dizer que…

— Não! Não. Jamais! Eu quis dizer, esses olhinhos tão meigos estão preocupados, não estão? — Maxon, por sorte, não foi um rapaz morto. Seu lado espoleta e apaixonado andavam lado a lado.

Marceline suspirou, ainda segurando o caderno contra o peito. — Sim, é verdade. Vem cá.  — ela permitiu que Maxon se sentasse ao seu lado, assim tornaria a conversa mais confortável — As minhas notas caíram, e com o festival chegando, eu não sei o que fazer. Se eu não melhorar, meus pais não vão me deixar participar de nada. Nem ser uma líder de torcida. Enfim, você sabe que desde pequena eu adoro estar envolvida nesse tipo de coisa. Como vou recuperar minhas notas e fazer o restante ao mesmo tempo?

— Eu sei bem como você se diverte fazendo qualquer coisa — ele sorriu, colocando uma mão sobre a dela — E gosto de observar você se divertindo, mas conhecendo o pai que você tem, ele ficaria chateado se não se esforçasse.

Marceline mordeu o lábio. Pensar em decepcionar seus pais a deixava ansiosa, mesmo que pudesse recuperar as notas, ela era movida pelo amor fraterno.

— Mas eu queria tanto, tanto, participar dessas coisas! — lamentou ela, manhosa.

— Podemos estudar juntos, se quiser. Eu não sou um dos melhores alunos, mas quem sabe seja mais fácil assim? 

— Acho que não… 

— Não?!

— Sim, não! Estudar com você dificultaria minha concentração. Mas é brincadeira, talvez seja uma boa mesmo. Quem sabe? 

— Quem sabe? — ele devolveu a pergunta com um sorriso travesso, antes de pegar o caderno cor de rosa das mãos dela, de repente.

— Ei! — Marceline protestou, tentando recuperar seu diário.

𝐔𝐌 𝐋𝐀𝐂̧𝐎 𝐃𝐄 𝐅𝐈𝐓𝐀Onde histórias criam vida. Descubra agora