Em questão de cinco minutos, metade dos alunos, incluindo os de fora, haviam evacuado aquele corredor. Marceline estava paralisada encarando o seu maior objeto de afeição repartido. Nada disso teria acontecido se o irmão, ou alguém querido, não estivesse envolvido. Ela com certeza fugiria o bastante de todo aquele vexame se não fosse o caso.
De vermelho, o cetim brilhante se tornou fosco pelas marcas cinzas de pisões. O coração da pequenina se encontrava no mesmo estado. Ela catava os pedaços enquanto todos ali presentes levavam uns gritos dos inspetores que estavam selecionando os alunos que apresentavam ferimentos para receber suas punições na diretoria.
Maxon não esteve no seu campo de vista desde mais cedo. Sua maior vontade era correr para receber o consolo dele em um abraço apertado, mesmo achando que ele ficaria decepcionado com toda aquela situação. Estava aliviada por um lado, ele não se meteu em uma selvageria, mas também preocupada com Paxton. Por que diabos ele estava tão fora de si e o que seria dele a partir dali? Por enquanto, só Deus e ele sabiam.
Ela segurou firme o que restou do laço na mão e seguiu correndo para o jardim da escola, onde tomaria um pouco de sol para relaxar e secar o uniforme que estava um pouco molhado. Também esperaria o irmão passar ali na volta. Era muito provável que não haveria mais jogo nenhum, já que foi possível avistar os ônibus da outra escola dando partida com os rivais dentro.
Marceline ficaria parada no meio daquele campo se não avistasse Alycia correndo com o celular na mão para sentar em um banco e rapidamente fosse parar sentada ao lado dela. Sua respiração não transparecia um pingo de calma.
— Merda, merda. O meu lindo ‘tá ferrado! — ela lamentou, deixando o celular virado no colo para esfregar uma mão na testa.
— Você pode me explicar o que deu nele? — questionou Marceline. Ela finalmente saberia o motivo para tanto caos.
— Em resumo, um cara do outro colégio me fez uma cantada. Digamos que uma cantada pesada, se é que me entende. E aí, já sabe, né? Você o conhece bem, não deu para amansar a fera, então apenas deixei. — Alycia revirou os olhos. No fim, soltou uma risadinha. Ninguém a julgaria por gostar de ver o namorado entrar em sua defesa.
— Eu sei bem! Se tornou um evento raro vê-lo assim, agressivo. Ele foi um belo namorado, até. Mas, por que ele ‘tá “ferrado”? — fez aspas com os dedos.
— Não só ele, mas todos os que foram pegos — Marceline encarou a amiga com olhos curiosos, esperando ela contar tudo de uma vez — estão suspensos.
— Menos mal, achei que tivesse sido algo pior — suspirou de alívio.
— Ah, sim, Marceline. Nada pior que sofrer um pouquinho de tortura psicológica dos pais em casa. Enfim, não é da minha conta. Só me preocupo.
Marceline não disse nada, pois sabia que ele estava mesmo ferrado. Elas compartilharam uns minutos de silêncio até Paxton e companhia surgirem carregando um clima equivalente ao de um enterro. Maxon oficialmente tinha sumido. Eles andavam sempre em bando, e naquele dia estava incompleto. É claro, ela sentia falta.
A menina balançou a cabeça negativamente quando o irmão se aproximou. Ele só encarou o chão, claramente constrangido. No seu rosto havia ferimentos visíveis na sobrancelha e na boca, o canto do olho estava arroxeado. Marceline suspirou, ela faria de tudo para livrá-lo de mais uma situação lamentável envolvendo seus pais e o emocional fraco do irmão.
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𝐔𝐌 𝐋𝐀𝐂̧𝐎 𝐃𝐄 𝐅𝐈𝐓𝐀
Teen FictionDurante sete anos, Maxon Avery enviou bilhetes mensais para Marceline Goth, escondidos em seu armário. Marceline só descobriu a identidade do remetente no último recado, que chegou com um laço de cetim vermelho. Agora, no auge da adolescência, os se...