Perto de você.

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Maxon estava cansado de fingir interesse na conversa insossa. Todo homem é capaz de achar que não faz o menor sentido o que uma mulher fala, ou que todas são iguais e têm o mesmo assunto em comum, mas sempre vai existir aquela cujo faz seus olhos brilharem até quando está falando sobre marcas de batons ou fofocas.

Ele não podia continuar ali, fingindo que estava tudo bem suportando a dúvida, a espera e alguém que tampouco o interessava. Maxon se levantou da cadeira de repente, cortando uma fala de Margaret. Ele não queria ser rude, mas ela não merecia ser destratada, mesmo sem ter sido convidada para estar lá.

— Me desculpa, eu realmente preciso ir. O seu sorvete fica por minha conta. — ele tentou sorrir sem demonstrar tédio. 

— Eu fiz alguma coisa que você não gostou? — ela levantou uma sobrancelha. Pelos braços cruzados e o tom de voz, parecia frustrada. — Foi porque eu citei o meu ex namorado que também é seu colega de time? Ou talvez seja porque eu tenho muitos posicionamentos de água no mapa astral e você em-

— Não! Não é nada disso. Vou tentar explicar no seu idioma. — ele sentou para não chamar atenção e prosseguiu — Sabe quando você quer muito comprar uma peça única que está em destaque numa loja? Ela é a mais cara, tem o modelo perfeito, encaixaria bem em você, mas só tem uma e todas as pessoas que vêem desejam experimentar ou ter.  

— É claro que eu sei! E de repente tudo depende do tempo que você tem para agarrar aquela roupa antes que uma invejosa consiga. Mas o que isso tem a ver? — Margaret animou e se envolveu na explicação com propriedade. Mas, ainda não havia entendido.

— Eu tenho que agarrar a peça única. Sacou? Preciso mesmo ir. — Maxon não ligava mais se ela tinha captado a mensagem ou não. Ele levantou outra vez, focado em seguir o caminho até a casa dos Goth.

Quando chegou ao destino, já estava anoitecendo. Todas as luzes estavam apagadas e quase todas as janelas estavam fechadas. Maxon sabia que não tinha razões lógicas para bater na porta naquela hora se não estavam em casa. Ele queria mesmo agarrar a oportunidade, e tinha que ser ali e naquela noite, então optou pela entrada mais fácil e menos convencional. Não queria causar vexame na frente dos pais dela.

Escalando o telhado baixo com a habilidade de quem já havia ajudado uma garotinha a fazer isso antes, o jovem empurrou a janela do quarto onde — como ele já esperava — havia uma brecha. Ele entrou e olhou em volta. O quarto estava escuro, sendo iluminado apenas pela luz fraca de um abajur, e também infectado pelo cheiro de um perfume doce e familiar. 

Maxon se sentou na beira da cama e olhou para o canto do quarto, onde o recorte de papelão do Justin Bieber estava parado; uma companhia estranha porém considerável naquele momento.

— E aí, Bieber? — ele murmurou, um sorriso irônico puxando os cantos de seus lábios. — Sabe onde a gatinha foi? 

O papelão, obviamente, não respondeu. 

— O quão parecido com você eu preciso ser para ter o mínimo de chance com ela? 

Ele riu imaginando que, com toda a certeza do mundo, Marceline conversava com a imagem do Justin como se fossem super íntimos. Mas parecia patético fazê-lo, então guardou sua voz até que o som de um carro parando na frente da casa quebrasse o seu devaneio. Ele ouviu risos, vozes familiares — a família Goth estava de volta. Seu coração disparou. Ele se levantou rapidamente tentando passar despercebido pela janela, e sem pensar muito, posicionou-se atrás da porta.

Minutos depois, quando a maçaneta girou e Marceline entrou acendendo as luzes, ela parou de repente. Notou de primeira a abertura da janela, mas observando o quarto vazio, suspirou de alívio. Maxon saiu de seu esconderijo antes que ela pudesse fazer qualquer coisa. Ela recuou um passo e engoliu um grito. Seus olhos se arregalaram, uma mão foi instintivamente ao peito enquanto respirava fundo, tentando controlar o susto e evitar qualquer barulho para proteger a integridade do invasor.

𝐔𝐌 𝐋𝐀𝐂̧𝐎 𝐃𝐄 𝐅𝐈𝐓𝐀Onde histórias criam vida. Descubra agora