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🌩🌩

Abro os olhos mas a claridade me faz fecha-los novamente, me xingo mentalmente por não ter lembrado de fechar as cortinas ontem a noite .

Ao tentar puxar os cobertores para minha cabeça, sinto uma dor forte no ombro.

–Argg, droga, isso doi !! — Percorro os dedos até o local da dor imediatamente sentindo um curativo.

Abro os olhos com dificuldade, as paredes claras, grandes janelas com cortinas brancas, quase transparentes tomam conta da minha visão, desvio o olhar voltando a atenção novamente para meu ombro.

A gaze de algodão, que em algum momento foi totalmente branca, agora esta com uma evidente mancha vermelha de sangue. Na dificultosa "tarefa" de me sentar na cama, mexo a cabeça rapido demais, o quê a faz começar a latejar. Péssima ideia.

Ouso o som da porta se abrindo, levanto o olhar encontrando uma tia Amélia parada me encarando como se fosse me engolir viva ali mesmo.

–  Como se sente ?

– Com dor. — Falo baixo vendo a mesma se aproximar.

– Que bom que estar com dor, assim aprende! — Seguro minha cabeça entre os dedos na tentativa de segurar seu peso e pressionar a dor — Onde ja viu beber e sair andando pela floresta.

– Eu não pensei, que ...

– Ah mas é claro que não pensou! — Em todo esse tempo que estive aqui, essa é a primeira vez que ouso minha tia gritar comigo — Safira você podia ter morrido, seu ombro estar com um corte fundo, e só Deus sabe como você fez isso.

Sua voz quase embargada era acompanhada de um olhar decepcionado, e então ela dispara quase como em um suspiro de alívio.

– Se a filha de Angeline não tivesse visto você entrando na floresta... talvez a gente ainda não teria te encontrado... talvez você tivesse sangrado até... até...

As imagens correm por entre as minhas lembranças da noite anterio, a mulher, uma adaga prata, a borboleta, a voz da Clarisse, tudo bate contra a minha mente como uma pancada.

Tento controlar minha respiração mas meus batimentos já estão frenéticos, em meio a isso vejo minha tia enxugar às lágrimas, tento pedir desculpas mas bolo se faz em minha garganta e o pedido sai quase como um sussurro.

– me perdoe... eu... não foi minha intenção causar...tamanho susto...eu só... — Seu olhos marejados pousam sobre mim, e agora eles carregavam medo, mas também compreensão.

– Safira ? —  A voz de Eve toma nossas atenções para a porta onde posso ver sua figura acompanhada por Cameron — Tia, que tal a Sra ir pegar um remédio de dor para ela, o ombro já deve começar a incomodar.

A garota fala calmamente fazendo minha tia concordar com a cabeça e seguir para fora do cômodo.

– Ei, como você está? — Eve me perguntar calma, me fazendo suspirar.

– Não muito bem, parece que um caminhão passou por cima de mim — Falo ouvindo seu riso preso entre dentes.

– Eu fiquei bastante preocupada quando você sumiu...

A palavra "preocupada" rebate dentro da minha cabeça, ouvir isso sem ser da minha tia é um pouco estranho, Eve estar do meu lado desde o dia que cheguei aqui, sua animação na maioria das vezes me deixa animada também, gosto de Eve como melhor amiga.

– Me desculpa Eve, eu não pensei, me desculpa mesmo — Falo a fazendo se aproximar da cama.

– Ei, ei, ta tudo bem. — Seu olhar complacente acompanhado de uma virada de cabeça confusa me faz questionar.

– O quê foi ?

Angel Heart - Clarisse la rueOnde histórias criam vida. Descubra agora