Prólogo

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Os olhos verdes de Safira percorreram por toda a sala, as paredes pintadas com cores claras, os diplomas em quadros e  dezenas de livros em uma estante.

– Então como foi sua semana? — A pergunta da Drª. Laura faz Safira a olhar e sorrir.

– Foi boa, normal, bem tranquila. — À expressão em seu rosto fica calma e serena.

– Sabe Safira, eu preciso que você aceite o tratamento e me fala verdadeiramente como foi sua semana. — A mulher tira seus óculos os colocando em cima de sua mesa. —  Já estamos na nossa quarta consulta e você nunca me falou o que acontece, ou o quê aconteceu naquele incêndio em sua antiga escola.
 
 O rosto da jovem continua calmo, fazendo com que a Drª. se levante e aproximesse da garota, que permanece parada em sua cadeira de frente à mesa.

 – Sei que não foi sua intenção colocar fogo na sala de aula onde todos seus colegas estavam, Safira. — À mulher se senta de frente à jovem e segura sua mão — Mas preciso que você me conte as coisas para eu poder mandar ao juiz de Chicago, para que ele veja quê você é inocente, sei que mudar de uma cidade grande, como Chicago, foi contra sua vontade, mas estar em uma cidade pequena irá te fazer bem.

A mente da garota fica se perguntando quando a consulta vai acabar ou se pode coloca fogo na psiquiatra em sua frente.

– E seus sonhos? Eles continuam? 

Imediatamente as lembranças de seus sonhos começam a aparecer, todos os sussurros, a tempestade sempre presente e o sangue, o sangue espalhado por todo lado, e à fumaça preta.

Na primeira vez em que Safira chegou a falar sobre esses sonhos com sua antiga psicóloga, a reação da mesma foi dar remédios para esquizofrenia, na mente de Safira aquilo não passava de bobagem são só sonhos, até o dia do incêndio.

Safira ficou com tanta raiva por seus colegas rirem dela, que sua vontade de matar todos foi maior que tudo, então a fumaça que tanto aparecia em seus sonhos começou a aparecer do lado de fora, fazendo a mesma sair da sala de aula.

Assim que ela saiu a porta bateu sozinha e aquela fumaça foi por chão onde começou uma pequena faísca e logo segui para debaixo da porta, em segundos os gritos começaram e então o cheiro de tudo queimando.

– Safira você precisa me ajudar, para que eu possa ajudar você. — A voz da Dra. tirou a mesma de seus pensamentos.

 – Eu entendo, e prometo que se algo acontecer eu vou te contar Srta. Laura. — Sua voz saiu calma e doce, fazendo à psiquiatra sorrir — Tenho aula mais tarde, posso ir agora? 

 – Pode ir, e não se esqueça da nossa próxima consulta, por favor. — A garota concorda com a cabeça e sai da sala.

 A vontade de mandar aquela  doutora ir a merda gritava dentro dela a cada segundo naquela sala. Ao sair do consultório, Safira coloca seu capuz, cobrindo seus cabelos pretos, agora cortados no ombro, no mesmo dia em que foi mandada para o reformatório, pelo pequeno incidente no seu antigo colégio.

O tempo em que passou no reformatório foi até tranquilo, ninguém olhava para ela, parecia que todos tinha medo dela, mas isso não a incomodou em nada.

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A vontade de Safira era só deitar em sua cama e ficar por horas ali, mas aquilo pareceu impossível.

– Ainda não me falou como foi sua consulta hoje. — A voz de Amélia faz com que Safira a olhe.

 – Foi normal tia.

 – Sabe que comigo você pode falar a verdade, não sabe? Sei que não gosta de ir às consultas, mas isso é para seu bem. — Amelia para o carro em frente ao colégio.

 – Sim, sei que você quer meu bem tia, mas agora preciso ir. — Diz se despedindo, dando um pequeno beijo no rosto de sua tia e saindo do carro.

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A música em seus fones de ouvido tiram sua mente de dentro da sala de aula, às vozes dos demais alunos pareciam ter sumido de seus ouvidos, tudo estava tão calmo, o vento balançava as folhas das árvores do lado de fora, a fazendo focar naquilo, algumas nuvens pesadas cobriam o sol, um clima cinza, o clima perfeito.

Um pequeno toque no ombro de Safira a faz olhar para o lado, imediatamente tirando um de seus fones, ao seu lado Evie a encarava e apontando para a frente, mostrando a professora de história, o cão em forma de mulher.

Evie é a única amiga que Safira fez em um mês em Sword, dona de cabelos longos e pretos, olhos da mesma cor e uma pele branca.

 – Bom dia alunos hoje vamos falar sobre os anjos caídos. — A professora coloca fotos de anjos no projetor, que passa os slides automaticamente. — E se os anjos realmente vagassem aqui na terra? Essa é a história dos anjos caídos. Anjos expulsos do céu, condenados a viver uma vida ao lado de meros mortais, exilados por não escolher um lado na guerra de lúcifer contra o paraíso.  Quem pode me contar sobre a guerra no paraíso, Tody? — A professora olhar para um garoto no canto da sala que olhava para o celular.

– O bem contra o mal? - O garoto fala meio receoso.

– Hum, não,isso é simplista demais. — A professora volta a falar andando pela sala — Lúcifer era o favorito de Deus, sua luz mais brilhante. O quê o fez se virar contra Deus, alguém saber?

– Ele levou um pé na bunda da namorada!! — A garota ruiva fala fazendo alguns alunos darem risada.

– O quê aconteceu com os outros anjos? —  Safira pergunta sem perceber fazendo a sala ficar em silêncio.

– Os que apoiaram Satã foram banidos para o inferno, só os anjos que foram fiéis permaneceram no céu, os anjos que não escolheram um lado foram exilados, são anjos caídos. — A professora fala se aproximando de Safira — Forçados a vagar sobre a terra, alguns deles mantiveram sua natureza angelical, se arrependeram e esperam sua chance de voltar para o paraíso, outros se aliaram a lúcifer, achando prazer no caos, mas nenhum deles pode deixar esse mundo, devido a um deles, o anjo rebelde, ele rejeitou ambos os lados da guerra, tanto Deus quanto Lúcifer, em sua própria buscar pelo amor humano, por isso os outros anjos devem continuar aqui na terra até que ele escolha um lado, na única guerra que já foi travada, a guerra que ainda vemos, a guerra que vemos ao nosso redor, mas imagino que tenha apreendido isso em ensino religioso.

– Não, não frequentei a igreja quando criança. — Safira a responde focada naquilo.

 – Serio? — A professora indaga um pouco surpresa.

 – Sim, meus pais não são religiosos.

– Então você não foi batizada?

– Ah,não — fala negando com a cabeça.

 A mente de Safira foca tanto naquilo que mal notou vários olhares nela 

– Não era para ter terminado? —  Um garoto pergunta  —  Teoricamente falando, se o demônio ainda ta vivo o quê, o impediria de tentar outra vez? 

O barulho do vento batendo contra a janela








Corrigido por Atthena1008

Angel Heart - Clarisse la rueOnde histórias criam vida. Descubra agora