12. Aceita a verdade.

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O cheiro de ferro fica cade vez mais forte enquanto meu corpo vai perdendo as forças, sinto a neve debaixo de mim e a sensação da minha pele congelando.

A dor que sentia a alguns minutos sumiu, o cansaço e a vontade de dormi tomou conta de cada parte de mim...

Sinto alguém me levantando e pressionando algo contra meu ombro.

Posso ouvir gritos, e varias pessoas falando ao mesmo tempo, mas não consigo enteder. Abro os olhos devagar a vendo, Clarisse grita com alguém.

– Clarisse. — Sussurro seu nome a fazendo me olhar com lágrimas em seus olhos.

Olho para o relicário em seu pescoço enquanto sinto meu corpo apagando ouvindo seus gritos ficarem cade vez mais altos.

Sento na cama de uma vez, sentido meu coração acelerado, um pequeno zumbindo soa pelos meus ouvidos me fazendo levar as mãos até a minha cabeça.

– Gente ela não me parece bem. —  Olho rapido para o lado vendo Luke, Cameron e Eve parados me encarando — Tudo bem ?

– Sim Cameron. — Falo baixo o olhando.

– Certeza? — Minha melhor amiga pergunta se aproximando — Você tava se mexendo muito, e......

Eve olha para dois como se perguntasse algo sendo respondida por uma sorriso sacana de luke.

– Você estava chamando a Clarisse. — Sinto minha boca secar e um bolo se formar em minha garganta.

Eu estava chamando a Clarisse?

– Vocês devem ter ouvido errado. —  Falo me levantando indo em direção ao banheiro.

– Ou você que estava tendo sonhos errados com a pessoa certa! — Ignoro Luke fechando a porta.

Me olho no espelho respirando fundo, posso ouvir os risos dos três, parece que foi contado a piada mais engraçada de todos os tempos para eles.

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Ter passado o caminho todo ouvindo aqueles dois fazendo piadas me pareceu o fim do mundo, mas passar quarenta minutos olhando para os quadros estranhos da sala da professora de História a Sra Spelman me parece uma tortura maior.

No momento em que desci do carro so queria ir logo para a sala de aula e dormir, mas como nada parece conspirar ao meu favor, tive que vim esperar.

Ja perdi as contas de quantas vezes olhei ao redor, tentei me distrair no celular mas não consigo, meu corpo parece querer sair andando sem rumo.

O som da porta abrindo e estalos de saltos contra o chão me fazem revirar os olhos.

– Como vai Safira? Fiquei sabendo que se machucou. — Observo a mulher colocar alguns livros encima da mesa de madeira enquanto senta me olhando como se me analisasse.

– Bem. —Falo curta — Ja posso ir?

– Olha, sei que você passou por coisas ruins, mas quero que saiba, que pode contar comigo para se sentir melhor.

Tombo a cabeça um pouco para o lado, fechando as mãos.

– Me chamou aqui para isso?

– Te chamei aqui porque quero te ajuda.

Seguro a pequena risada que quis soltar a vendo se encosta na cadeira me encarando.

– Sra Spelman, obrigado mas não preciso de ajuda. — Falo calma.

– Você precisa e tem que aceitar, quanto mais rápido o fizer mais rápido vai acaba.

– Como já disse, não preciso de ajuda. — Me levanto indo em direção a porta ouvindo seu suspiro pesado.

– Só quero te ajudar, sei que colocou fogo nos seus antigos colegas de turmas! — Sinto meu corpo travar me fazendo paralisar no lugar — Sei dos seus quadros de esquizofrenia, e sei que não se machucou, mas que tentou tirar sua própria vida.

– Você não saber de nada!

– Safira eu sei de mais coisas sobre você do que você mesma garota, deveria aceitar a verdade e como as coisas tem que ser.

– Acho que a conversa se encerra aqui se a Sra me der licença.

Respiro fundo sentido meus olhos ficarem marejados, meu corpo se move saindo da sala.

  Consigo ouvir sua voz repetindo dentro da minha cabeça, depois de tantos anos pensei que isso de esquizofrenia tinha sido tirado da minha ficha médica, pensei que não ia ter que ver as pessoas por ai me olhando como se eu fosse louca.

  Ser uma criança que acordava gritando, ou que via borboletas que só apareciam para ela, não era muito normal na percepção de todos.

As dezenas de remédios que tive de tomar para deixar meus surtos foi desgastante e assustador, eu só era uma criança sem saber o que fazer.

Do mesmo jeito que assustava meus pais, também me assustava. Mas de tudo acordar no meio da noite depois de pesadelos com certeza era a pior coisa, eu me sentia sozinha, sentia qua uma parte minha tinha sido tirada de mim, mesmo acordada a eu sentia falta, queria aquilo que me faltava.

Por várias vezes tentei ocupar esse espaço, mas nada funcionava, nada ajudou, sempre continuou a mesma coisa, todas as tentativas de tirar isso de mim eram em vão.

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Passo pela porta da casa da minha tia sentido a sensação de conforto que sempre sinto quando estou aqui, não ouvir ela pela casa ou sentir o cheiro de alguma comida que ela esteja preparando é estranho.

Em todo esse tempo que moro aqui nunca entrei nessa casa sem sentir um cheiro vindo da cozinha, mesmo que fosse só o cheiro do bom e velho café.

Subo para o meu quarto sentido meu corpo cansado, deito na cama puxando os cobertores, só quero me esconder.

Só quero ignorar o mundo la fora.
















Corrigido pela Atthena1008

Angel Heart - Clarisse la rueOnde histórias criam vida. Descubra agora