1 semana depois
Vocês devem estar se perguntando o que aconteceu durante essa semana. A resposta é: não aconteceu porra nenhuma de interessante. Desde aquele pesadelo, comecei a tomar uma poção que eu mesma preparei para não sonhar. Na faculdade, tudo seguiu como de costume. A única coisa minimamente interessante foi que comecei a me aproximar da Ruby. Meus pais ainda não sabem que ela e sua família são feéricos, e espero que demorem a descobrir. Caso contrário, terei que encerrar essa amizade ou, pior, acabarei presa no porão como castigo. "não é a primeira vez".
Mas pelo menos meu aniversário está chegando, o que é sempre o melhor dia do ano. Vou deixar vocês adivinhar. Acertou quem pensou em Halloween. Dia 31/10 é meu aniversário, o dia perfeito para fazer travessuras. E, se vocês estão esperando pela parte das gostosuras, podem esquecer.
Mas voltando ao presente, hoje é dia 29/10, uma quinta-feira, são 19h, e aqui estou eu, no meio da floresta, para a última aula de bruxaria da minha vida.
-Bem, como hoje é sua última aula. - disse minha professora. - Você terá que fazer o ritual de passagem para descobrir se seu Deus será a Lua ou o Sol.
- Certo, como faço esse ritual? - perguntei, curiosa.
- Você deve ir até o lago, onde o sol e a lua se refletem. Lá, corte sua mão para que seu sangue caia sobre a tigela com água em cima dos dois círculos que estão desenhados. Em seguida, recite a antiga oração para invocá-los.
- Entendido! - respondi, enquanto me dirigia ao lago, senti a tensão aumentar.
Estou próxima ao lago cujas águas refletem tanto a luz da lua quanto a última luz do sol poente. O silêncio é profundo, quebrado apenas pelo sussurro das folhas e o suave som da água se movendo.
Me posicionei no centro da clareira, vestida com um manto simples, preto, simbolizando mistério e a conexão com os dois lados da dualidade cósmica. Aos meus pés, está desenhado um círculo duplo no chão, feito com pó de estrelas, coletado sob a luz da lua cheia. O círculo maior representa o Sol, e o menor, a Lua. Nos quatro pontos cardeais ao redor do círculo, foram colocadas quatro velas: duas de cor dourada para o Sol e duas prateadas para a Lua. As velas são acesas em silêncio, e o ar parece vibrar com uma energia antiga e poderosa. No centro do círculo, há uma tigela de cristal contendo água pura do lago, que simboliza o reflexo das duas forças divinas.
Eu cortei levemente a palma da minha mão com um punhal de prata, deixando o sangue pingar na água, enquanto murmurei uma antiga oração, pedindo que os deuses revelassem meu destino. Se o Deus do Sol me escolher a água ficará dourada e se a Deusa da Lua me escolher a água ficará prateada.
Com o ritual concluído, eu senti minhas forças sendo renovadas.
Olho para tigela e vejo a água começar a brilhar com uma luz prateada, fria e suave, que ilumina a clareira e faz a lua no céu parecer maior e mais próxima. Um vento gelado soprava, como se precisasse sussurrar os segredos antigos nos meus ouvidos. A partir deste momento senti que a conexão com a Deusa da Lua está estabelecida.
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Bruxas e feéricos: Uma trégua improvável
FantasyEm um mundo onde bruxos e feéricos se enfrentam, será que uma amizade pode florescer ou sobreviver? Belladonna, uma jovem bruxa conhecida pelas confusões por onde passou, seus pais acabam decidindo se mudar para cidade de Sanguinem Cordis na esperan...