001 | Sobre papéis.

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Isso diz muito sobre mim, o fato de que eu prefiro estar super indisposta agora para ir a faculdade mas me recuso a dormir cedo para descansar o suficiente e outra, esse sol do Rio durante a manhã parece que retira todas minhas energias restantes.

— No que está pensando amor? — perguntou minha mãe.

Nesse exato momento estou sentada na beira da minha cama penteando os cabelos murmurando tudo que é possível. Ainda não me costumei, não vou mentir, quando penso que poderia ter escolhido uma área mais fácil.. Aí me vem a tona que odeio quando consigo lidar de maneira rápida, e lembro que a medicina me força ser assim.

— Nada. — me inclino para calçar os sapatos. — Como vai no emprego novo? — levanto e mostro a mão antes que ela responda. — Seu novo hobby, na verdade.

— Keila, gosto de me distrair está bem?
— ela se aproxima ajeitando meu cabelo.

— Sim senhora. — minha boca formou uma linha fina.

Fechei os olhos e respirei fundo, ao abrir ela ainda estava a me olhar.

— O que?

— Nossa Keila, você é tão enjoada de manhã. — ela reclama.

— Que isso mãe. — lhe abracei rapidamente antes que ela se afastasse.

Ela me apertou como se fosse meu primeiro dia de aula, ela faz isso toda vez. Beijei sua bochecha e puxei minha mochila da cama, desci as escadas as pressas e passei na cozinha pegando uma maçã.

Na condução fiquei revisando uma matéria na qual eu estava tendo dificuldade, ao chegar na faculdade coloquei minhas coisas sobre a carteira e me escorei, cruzei os braços e fechei os olhos como quem não queria nada.

Logo ouvi alguém sentar do meu lado.
— Bom dia. — era uma voz graciosa.

Eu estou tão cansada mas não consigo ser mal educada. Abri os olhos lentamente e olhei para o lado. — Bom dia. — dei um sorriso amarelo.

— Keila né? — ela estendeu a mão. — Atena.

— apertei sua mão. — Prazer, e desculpa meu jeito é que, eu dormi meio mal.

— Tudo bem, você não deve notar muito porque geralmente estou mais atrás mas sempre que posso dou um cochilo.

Acho graça do jeito dela, sempre a vi mas estou apenas há 3 meses aqui e pra mim conhecer gente nova é um terror. Deveria ser bom pra mim por estar morando em uma cidade diferente, fim de relacionamento conturbado, pais divorciados, enfim.

Estou distraída quando ela fala comigo novamente.

— Você não é daqui né? Sotaque diferente.

— Não, Tennessee.

— Espera, morava fora? — ela pergunta surpresa.

Assinto sorrindo, de repente meu telefone toca.
Olho a tela e vejo que é o meu pai, atendo.

Eu: Hey, daddy.
Pai: Honey, finally answered the phone.
Eu: Sorry, I.. have studied a lot.
Pai: Tudo bem, ou você só está me evitando mesmo?
Eu: No.. É, não, pai, está tudo bem beleza?
Pai: Kei, eu me divorciei da sua mãe, não de você.

Ele continuou a falar algumas coisas, nas quais a maioria já ouvi todas as vezes que ele ligou desde que vimos embora.

Eu: Ok pai, eu te amo, até depois.

Dei de ombros e sorri para a garota, ela ainda estava escorada em seu braço enquanto me observava falar no telefone.

— Pais separados? — ela franziu o rosto como se dissesse que entende.

FORBIDDEN TO ME | Capitão NascimentoOnde histórias criam vida. Descubra agora