012 | Pelo certo.

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Roberto Nascimento.

Quando Atena chegou em casa ontem a noite, eu estava no sofá. Não tinha a intenção de espera-lá, apenas peguei uma água com gás e me sentei para descansar um pouco, o dia tinha sido cheio.

Eu não costumo perguntar sobre as noites que ela sai, mas ontem me parecia estranha, recuou a falar mais do quê: "Boa noite, estou cansada e quero dormir."

E mais uma coisa que me deixou encucado, Kei não me retornou e minhas mensagens não chegaram mais. Que ela chegou em casa bem eu sei, a mãe dela veio deixar Ana — assim eu espero — mas ainda fiquei curioso.

Já agora de manhã estou fazendo o café, quando ouço passos descalços chegando na cozinha.
Ana vai direto para geladeira, pega sua garrafa d'água e bebe ali parada com a porta aberta.
Espero ela terminar e dar um bom dia, por fim, conseguir o que queria.

— Que cara é essa pai? — ela pergunta.

— Nada. Boa dia, bear. — digo e ela se aproxima me abraçando de lado.

— Bom dia. O que fez agora? — ela da a volta no balcão e senta de frente para mim.

— Crepioca e frango com requeijão.

— Mmm. — ela olha por cima do meu ombro para o fogão. — Está de folga hoje?

— Não. — me viro para o fogão e sirvo a crepioca no prato, levando para ela. — Por que?

Ela puxa o prato mais pra perto e o encara calada.

— Não quer ficar sozinha?

— Não, não é isso. — ela puxa a garrafa do café e serve na xícara que está próxima. — Preciso de um favor seu.

— Diga.

Ela parece não querer dizer, aparenta ser algo que eu vá brigar e quando é isso, é sempre cuidadosa.

— Sabe que ontem eu e a Keila saímos. — ela gesticula evitando contato visual.

Assinto para que ela continue a falar.

— E ela perdeu o celular.

Levanto a cabeça e curvo os lábios, agora parece ser bem claro o porquê dela não ter me retornado.

— Diz pra ela rastrear, que vou buscar aonde tiver. — puxo o banco e me sento — O buscar dela tá ligado?

— Acho que não porque o celular era novo e..
— ela apoia os braços no balcão. — Essa seria a segunda opção se a primeira não der certo.

— Como? — pergunto sem entender. — Disponha.

— Neto e André chegaram e ficaram na mesma mesa. Pra encurtar o assunto, suspeitamos que Neto tenha ficado com o celular da Kei na hora de levantar e ir embora.

Afastei o peito do balcão e ajeitei a postura, ainda estava tentando assimilar tudo que ela disse porque no final, a Keila mentiu pra mim.
Me pergunto por quê, se ela tivesse fazendo algo de ruim/errado, não estaria tão tranquila na ligação.
Por serem meus homens, isso deve ter causado um receio nela e com razão.

— Vou perguntar a ele.

— Obrigada. — ela diz e baixa a cabeça mexendo no prato.

Ana não é boba. Ela sabe que se eu soubesse antes — no caso se fosse combinado — iria fazer uma lista de perguntas mas como foi uma necessidade ela dizer, foi bem objetiva.

— Não ia me contar isso, se ela não tivesse perdido o celular né?

Ela faz não com a cabeça e come. Terminando de mastigar, olha para mim e bebe seu café.
— Sem necessidade.

FORBIDDEN TO ME | Capitão NascimentoOnde histórias criam vida. Descubra agora