007 | Fuso horário.

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Estou sentada na cama escorada na cabeceira encarando meu celular e lendo a mesma conversa a minutos.

Eu: "Obrigada por hoje."
"Desculpa se fiquei meio envergonhada é que, nunca vi tantos policiais juntos."
Roberto: "Entendo, eu que peço desculpas mas agradeço mesmo assim."
"Atena sempre ficou sozinha e esse ano foi diferente."
Eu: "Ela é uma pessoa maravilhosa."
Roberto: Gosto de zelar por quem eu amo Keila, e você está começando a fazer parte disso."
Eu: "Fico feliz por isso."

É, isso mesmo, ele literalmente disse que já me ama. Vai se foder, esse ciclo é vicioso, estou sempre querendo saber sua real intenção e quando realmente estou prestes a descobrir sinto que vou acabar com tudo. Troquei até o nome do seu contato para não parecer tão relutante como realmente sou em relação a botar a cara para as coisas que quero e parece que estou começando a querer.

Sim, querer ele. Agora eu penso nele com frequência como eu penso em qualquer outra coisa da minha rotina. O jeito dele falar, de ser cuidadoso com as mínimas coisas, os olhos de coitado que me enfraquece as pernas e outra, que pegou de um jeito inesperado, o sabor do bolo.
Quantas vezes Atena deve ter comentado do meu recheio favorito ser o crocante? Um vez? E ele simplesmente reparou e encomendou mesmo sem saber se eu iria. É, acho que eu não tenho mais nenhuma duvida.

Olho para a hora acima da tela e já são 10hAM, ontem a noite quando cheguei minha única atitude depois dessa conversa foi tomar uma banho e ir dormir como se estivesse flutuando.

Ainda estou mexendo no celular quando escuto uns barulhos vindo da porta, parece patas arranhando. Tiro o lençol de cima de mim e vou em direção a porta, quando abro tenho a maior surpresa.

— I DON'T BELIEVE. — digo eufórica — Nebulosa. — me agacho e recebo suas lambidas no rosto.

É a minha doberman, minha cadela. Mas espera, ela não era pra estar no Tennessee com meu pai? A não ser...

Me levanto e sigo para descer as escadas rapidamente, quando dou a volta para entrar na cozinha, vejo meu pai no balcão.

— Dad. — digo e cubro a boca com as mãos.

Ele vira no banco em que está e se levanta. — Cherry. — ele abre os braços.

Ainda estou paralisada no meio da cozinha, então desistindo de me esperar ele vem em minha direção e me abraça.
Como assim meu pai tá no Brasil? Eu não o vejo desde o meu último aniversário.

— Ai como é bom abraçar você. — ele diz passando a mão em minhas costas.

—Você está tão cheiroso. — minha voz sai abafada em sua clavícula.

Nos afastamos e ele segura meu rosto com as mãos. — Está linda mi hija.

Meus olhos esbanjam o sorriso por mim. Eu já tinha notado minha mãe na cozinha mas perdi o foco quando vi meu pai. Dei a volta e fui até onde ela estava pedindo a benção e abraçando-a, ela estava cortando minhas frutas, peguei um pedaço de kiwi que já estava cortado.

— O que trás você aqui? — pergunto a ele.

— Estava com saudades, e eu prometi que daria um jeito de trazer a Nebulosa. — ele diz ainda parado no meio da cozinha.

Arqueio as sobrancelhas quando me vem uma lembrança. — Seu aniversário é na terça. Vai ficar, não vai? — digo esperançosamente.

Ele olhou para suas pernas ao notar que Nebulosa se aproximou, ele a chama com estalar de dedos e caminha para perto junto a ela.

— Eu queria mas, tenho uma cirurgia importante na quarta — ele senta no banco. — Mas você pode vir comigo.

Abro a boca para responder mas logo olho para minha mãe. Ela não se importa com a presença do meu pai, mas só vejo minha mãe calada quando estamos em momentos como esse.
Não quero viajar por dias e deixa-lá sozinha, até porque meus planos era viajar a noite para chegar no Tennessee terça pela manhã para não perder muita coisa da faculdade e voltar logo para ela.

FORBIDDEN TO ME | Capitão NascimentoOnde histórias criam vida. Descubra agora