𝐗𝐕

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A luz da manhã filtrava-se pelas cortinas, banhando o quarto em um brilho suave e acolhedor. Acordei lentamente, sentindo o calor familiar ao meu lado e uma leve dor em minhas pernas.

Ran ainda estava adormecido, respirando de maneira suave e rítmica. Fiquei deitada ali por um momento, aproveitando a sensação de segurança que sua presença proporcionava, mas algo dentro de mim estava inquieto, uma ansiedade silenciosa que não me permitia relaxar completamente.

Igual todos os dias desde que acordei naquele hospital.

Olhei para o relógio ao lado da cama. Ainda era cedo. Normalmente, eu teria voltado a dormir, mas algo chamou minha atenção. O som abafado de vibração vindo do lado de Ran.

Levantei-me ligeiramente e vi seu celular na mesinha de cabeceira, tremendo suavemente enquanto uma chamada entrava. Senti um aperto no peito. Quem estaria ligando a essa hora?

Meu primeiro impulso foi ignorar, mas a curiosidade, ou talvez algo mais profundo, me impediu. Estendi a mão e peguei o aparelho com cuidado para não acordá-lo. O nome na tela era desconhecido, apenas um número sem identificação. Algo dentro de mim dizia que essa chamada era importante.

Atendi, levando o celular ao ouvido, mas antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, a linha ficou muda. A pessoa do outro lado desligara. Fiquei imóvel, o coração batendo rápido, uma mistura de culpa e medo crescendo dentro de mim.

O que eu estava fazendo?

Olhei para Ran, ainda profundamente adormecido, e uma ideia perigosa se formou na minha mente. Eu sabia que era errado, uma violação da privacidade dele, mas não conseguia afastar a sensação de que havia algo que ele não estava me contando. Algo crucial.

Respirei fundo e, com a mão trêmula, levei o polegar de Ran até o leitor de impressões digitais do celular. O aparelho desbloqueou-se com um clique sutil.

Minhas mãos estavam suadas enquanto navegava pelo conteúdo. Primeiro, procurei por mensagens recentes, passando rapidamente por conversas banais até que algo chamou minha atenção: um grupo de mensagens de áudio e texto com o nome "S".

O conteúdo era alarmante. Áudios sussurrados, como se a pessoa do outro lado estivesse com medo de ser ouvida, mencionando algo sobre estar fugindo da Bonten, um nome que eu já ouvira antes no hospital psiquiátrico, mas não sabia exatamente o que significava.

Minhas mãos tremiam enquanto continuava a ler. A mensagem mais recente continha um vídeo curto, mostrando uma rua movimentada, seguida por uma voz dizendo: "Eles estão te procurando. Temos que agir rápido."

Uma onda de pânico tomou conta de mim. Quem estava nos procurando? Por quê? E o mais importante, por que Ran não me contou nada sobre isso?

Afundei-me nas mensagens, encontrando mais detalhes que sugeriam que estávamos sendo caçados, que havia muito mais em jogo do que eu jamais poderia imaginar. Por fim, encontrei uma mensagem que fez meu sangue gelar: "Ela ainda não sabe de nada? Como vai explicar quando ela descobrir?" Era sobre mim. Não havia dúvida.

Desesperada por respostas, comecei a procurar por qualquer informação que pudesse me dar pistas sobre o que estava acontecendo. Abri o navegador do celular de Ran e comecei a pesquisar tudo o que conseguia lembrar: o nome "Bonten", minha suposta internação, qualquer fragmento de memória que pudesse guiar minha investigação.

A internet estava cheia de especulações e rumores sobre a Bonten, uma organização criminosa que controlava grande parte do submundo do Japão, envolvida em tudo, desde tráfico de drogas até assassinatos.

Quanto mais lia, mais meu estômago se revirava. Nada parecia certo. Havia teorias sobre a Bonten estar envolvida com lavagem cerebral, sequestros... O que isso tudo tinha a ver comigo? E por que Ran estava envolvido?

𝐀𝐒𝐒𝐈𝐍𝐎 𝐂𝐎𝐌 𝐗; Ran HaitaniOnde histórias criam vida. Descubra agora