Cap 3

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Quando abri os olhos de manhã, havia algo diferente.

Era a luz. Ainda era a luz verde-acinzentada de um dia nublado na floresta, mas de certa forma estava mais clara. Percebi que não havia um véu de neblina na minha janela.

Pulei da cama para olhar para fora e gemi de pavor.

Uma fina camada de neve cobria o jardim, acumulava-se no alto da minha picape. Jeremiah e Alex já saíram para trabalhar antes que eu descesse ao primeiro andar.

Engoli rápido uma tigela de cereais e um pouco de suco de laranja, sentia-me empolgada para ir a escola e isso me assustava. Para ser sincera comigo mesma, eu sabia que estava ansiosa para ir a escola porque veria Lena. E isso era uma grande estupidez.

Precisei de toda a minha concentração para descer viva a entrada de carros de tijolos congelados. Quase perdi o equilíbrio quando finalmente cheguei à picape, mas consegui segurar no retrovisor e me salvar. Estava claro que o dia de hoje seria um pesadelo.

Minha picape não parecia ter problemas com o gelo escuro que cobria as ruas. Mas dirigi bem devagar, sem querer traçar uma rota de destruição pela rua principal.

Na escola, quando sai do carro, vi por que tive que tão poucos problemas. Uma coisa prateada atraiu meus olhos e andei até a traseira da picape. - apoiando-me com cuidado na lateral - para examinar os pneus. Havia neles correntes finas formando losangos. Lexie se levantará mais cedo, sabe-se lá a que horas, para colocar correntes de neve na minha picape. Minha garganta de repente se apertou. Eu ainda não estava acostumada a todo o cuidado que ela tinha comigo.

Estava parada junto ao canto traseiro da picape, lutando para reprimir a onda de emoção que as correntes de neve me provocaram, quando ouvi um som estranho.

Foi um guincho agudo e estava se tornando rápida e dolorosamente alto. Olhei para cima sobressaltada.

Vi várias coisas ao mesmo tempo. Nada estava se movendo em câmera lenta, como acontece nos filmes. Em vez disso, o jato de adrenalina parecia fazer com que meu cérebro trabalhasse muito mais rápido, e eu pude absorver simultaneamente várias coisas em detalhes nítidos.

Lena luthor estava parada a quatro carros de mim, olhando-me apavorada. Sua face se destacava do mar de rostos, todos paralisados na mesma máscara de choque. Mas de importância mais imediata foi a Van azul-escura que tinha derrapando, travado os pneus e guinchado com os freios, rodando como louca. Ia bater na traseira da minha picape e eu estava parada entre os dois carros. Não tinha tempo nem de fechar os olhos.

Pouco antes de ouvir o esmagar da van sendo amassada na caçamba da picape, alguma coisa me atingiu, mas não na direção que eu esperava. Minha cabeça bateu no asfalto gelado e senti uma coisa sólida e fria me prendendo no chão. Eu estava deitada atrás do carro caramelo estacionado ao lado do meu. Mas não tive oportunidade de perceber mais nada, porque a van ainda vinha. Rasparam com um rangido na traseira da picape e, ainda girando e derrapando, estava prestes a bater em mim de novo.

Um palavrão baixo me deixou ciente de que alguém estava comigo e era impossível não reconhecer a voz. Duas mãos longas e brancas se estenderam protetoras a minha frente e a van estremeceu até parar até parar a trinta centímetros do meu rosto, as mãos grandes criando um providencial amassado na lateral da van.

Depois as mãos mexeram-se com tal rapidez que pareciam um vulto.
Uma estava repentinamente agarrada sob a van, e alguma coisa me arrastava, balançando minhas pernas como as de uma boneca de trapos, até que atingiram o pneu do carro caramelo. Um gemido metálico feriueus ouvidos e a van parou, estourando o vidro, no asfalto - exatamente onde, um segundo antes, minhas pernas estiveram.

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