Dois capítulos? Por essa você não esperava, né, camaradinha? Nem eu, bein.Jack me arrastou para fora do palácio em plena quarta-feira, no finalzinho da tarde.
Eu não estava muito animada, a principio. Não tenho estado entusiasmada para uma montanha de outras coisas, mas ele insistiu, e foi tão insistente que me deixou curiosa para saber o motivo.
Fui reconhecer o trajeto até o orfanato Willow quando estávamos próximos a entrada principal, exibindo os seus novos portões de aço repleto de arabescos.
Não sei como a Rosana ou o próprio tio Albert autorizaram essa brecha. Não apenas sair do castelo, mas me permitir fazer outra coisa além de sorrir em jantares e em chás da tarde. A propósito, acho que eles têm abarrotado a minha agenda com esses compromissos, para me ocupar e evitar que eu faça algo muito imprudente.
De qualquer forma, é bom ver outras cores além das que estão nas paredes do Salgueiro ou do palácio.
O orfanato segue em reforma, e isso é evidente em cada detalhe inacabado e no cheiro de tinta fresca misturado com o de terra remexida.
Algumas janelas cobertas com tábuas improvisadas, e o telhado, parcialmente reformado, ainda exibe algumas telhas soltas.
O jardim da frente é mais uma extensão da desordem do que um convite à entrada. Pilhas de tijolos e madeira se amontoam em um dos cantos, junto com ferramentas esquecidas que parecem ter sido largadas às pressas.Mesmo assim, toda a beleza decadente é chamativa, e não deixa de ser bela.
Jack me levou até o jardim dos fundos, num espaço distante, mais afastado, onde a grama está forrada por algumas mantas coloridas, com cestas de piqueniques em cima. Tem crianças correndo em todas as direções, e até o sol resolveu aparecer.
Tanta alegria pairando no ar... é assim que começam os filmes de terror, cheios de uma tranquilidade quase utópica.— O que é isso? — Pergunto olhando para Jack.
— Você não tem comido direito... — Ele responde correndo os olhos pelo lugar antes de me olhar. — Pensamos que um piquenique pudesse ajudar.
Eu pisco, meio atônita.
— "Pensaram?"
Na troca de um segundo para o outro, vejo Fred, Lou e Ashton andando rapidamente na nossa direção.
— Que bom que veio, Is! — Lou diz empolgada, segurando uma cesta quase do seu tamanho — Trouxe o tabuleiro de xadrez, quero que me veja ganhar do seu irmão.
Fred ri.
— Então é melhor ir embora, maninha... Hoje não será esse dia.
Lou envesga os olhos para ele, e em seguida vai até a toalha quadriculada para se sentar.
Ela e Ashton foram rápidos em retirar as coisas das cestas. Delas, foram tiradas frutas, pães recém-assados, potes pequenos com geleias caseiras, contrastando com queijos cortados em cubos perfeitos. Também trouxeram tortinhas de maçã e as odiosas mini-tortas de pêssego.
Acompanhando tudo isso, há jarras de sucos, água e chá.
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Como Salvar os Perfeitos Desastres - 02
RomansaDepois da descoberta catastrófica no baile de apresentação do príncipe, Isla se vê numa baita enrascada. Como se não bastasse seu coração querer entrar em contato com seu cérebro só de ouvir o nome do herdeiro do trono de Verena, uma ap...